Do colégio dos jesuítas no século XVI ao sistema nacional criado por Getúlio Vargas, a história do primeiro ensino médio no Brasil é uma jornada de séculos que reflete a própria formação do país.
A busca pelo primeiro ensino médio no Brasil nos leva a uma viagem no tempo, muito antes de o termo “ensino médio” existir. A educação secundária no país não nasceu de um único ato, mas evoluiu em etapas, cada uma com seus próprios marcos e objetivos, refletindo as transformações da sociedade brasileira.
Desde a semente plantada pelos jesuítas na colônia, passando pelo modelo de elite criado pelo Império com o Colégio Pedro II, até a primeira estrutura nacional definida na Era Vargas, a trajetória do ensino secundário é a história de como o Brasil formou suas elites e estruturou seu sistema educacional. Era um caminho longo e árduo, onde a ideia de simplesmente comprar diploma do ensino médio era inexistente, e o mérito acadêmico era a única via para a ascensão social.
A semente da educação: o ensino dos jesuítas no século XVI
A primeira forma de educação secundária em terras brasileiras foi implementada pelos padres jesuítas, que chegaram ao país em 1549. O ensino era focado nos preceitos da Igreja Católica e voltado exclusivamente para a formação da elite colonial masculina.
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O currículo, baseado no plano de estudos jesuítico Ratio Studiorum, era humanista e incluía latim, grego, retórica e filosofia. O Colégio dos Meninos de Jesus, em Salvador (BA), fundado logo na chegada dos jesuítas, é considerado a primeira instituição de ensino do Brasil e o embrião dessa educação secundária.
O modelo do Império: a criação do Colégio Pedro II em 1837
Após a expulsão dos jesuítas em 1759, o ensino no Brasil ficou desestruturado. O grande marco seguinte, e o que pode ser considerado o primeiro modelo nacional de ensino secundário, foi a criação do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1837.
Fundado para ser o padrão de excelência para todas as outras escolas do Império, o Colégio Pedro II tinha um currículo preparatório para o ensino superior. Seu programa de estudos era abrangente, incluindo línguas, humanidades, ciências e matemática. Ele consolidou um modelo de ensino secundário elitista, que servia como um passaporte para as faculdades e para os altos postos da sociedade.
A primeira estrutura nacional: a Reforma Capanema de 1942
Foi somente no século XX, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, que o primeiro ensino médio no Brasil ganhou uma organização sistêmica em nível nacional. A Reforma Capanema, implementada pelo Decreto-Lei nº 4.244 de 9 de abril de 1942, estruturou o ensino secundário em dois ciclos:
- 1º Ciclo – Ginasial: Com duração de quatro anos, correspondia ao que hoje são os anos finais do Ensino Fundamental.
- 2º Ciclo – Colegial: Com duração de três anos, era dividido em duas modalidades: o Clássico, focado em humanidades, e o Científico, com ênfase em exatas e biológicas.
A evolução dos nomes: do Ginasial e Colegial ao Ensino Médio
A estrutura criada pela Reforma Capanema perdurou por décadas, mas os nomes foram mudando. Em 1971, uma nova lei unificou os ciclos e a educação secundária passou a ser chamada de “Ensino de 2º Grau”.
O termo “Ensino Médio”, como conhecemos hoje, só foi consolidado com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), promulgada em 1996.
Os três marcos do primeiro ensino médio no Brasil
A história do primeiro ensino médio no Brasil não tem um único ponto de partida, mas três marcos fundamentais:
- A Semente (Século XVI): Os jesuítas implementaram o primeiro modelo de ensino secundário.
- O Padrão (1837): O Colégio Pedro II criou o primeiro modelo de excelência nacional.
- O Sistema (1942): A Reforma Capanema estabeleceu a primeira estrutura unificada para todo o país.
Talvez o primeiro colégio de ensino médio do Brasil tenha sido o Colégio do Caraça, que começou a funcionar em 1820. Inclusive, a grade curricular do Pedro II foi implantada pelos padres lazaristas do Caraça.