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Protesto contra usinas eólicas: descubra agora por que mulheres do Nordeste do Brasil não querem a instalação na Paraíba

Escrito por Sabrina Moreira Paes
Publicado em 01/06/2022 às 16:40
Mulheres Protesto usinas eólicas Nordeste do Brasil
Mulheres nordestinas protestam contra usinas eólicas e a favor da agroecologia | Foto: Flávio Costa/ASPTA

Mais de 4 mil mulheres nordestinas organizaram protestos contra a instalação de usinas eólicas

No nordeste do Brasil, especificamente na Paraíba, todos os anos são realizadas marchas organizadas por mulheres a favor da agroecologia, ou seja, da produção de alimentos de modo sustentável. No entanto, no começo de maio de 2022, elas se mostraram contra a instalação crescente de usinas eólicas na região, especialmente do Complexo Eólico Serra da Borborema.

A 13ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia na Borborema, realizada em 02 de maio de 2022 trouxe pautas como a agroecologia e como a construção de parques eólicos pode afetar negativamente as famílias da Paraíba. Em entrevista à BBC News Brasil, a agricultora Roselita Victor da Costa Albuquerque apontou que as mulheres não são contra energias renováveis, mas sim contra o modelo de expansão das usinas eólicas que não respeita o ambiente e as mulheres. Entenda melhor na matéria de hoje.

Entenda um pouco mais sobre os prós e contras da energia eólica no Brasil por meio do vídeo abaixo

As usinas eólicas podem ter um impacto negativo no ambiente, considerando a instalação | Reprodução – Youtube: Brasil de Fato

Mulheres do Nordeste do Brasil temem por segurança de suas casas

Um importante aspecto que é reivindicado pelas mulheres é a segurança de suas casas. Em entrevista ao portal Marco Zero, muitas delas alegaram que para instalação de usinas eólicas e dos aerogeradores, foram necessárias implosões de pedras e organização do terreno. Isso provocou rachaduras em algumas casas e agora as famílias temem que o teto desabe.

Além disso, as mulheres relatam o medo de que as turbinas cedam e acabem causando um grave acidente, tendo em vista a falta de manutenção das usinas eólicas na região. Segundo alguns relatos de mulheres da região, esses complexos eólicos que crescem rapidamente, não respeitam as famílias da zona rural e cedem apenas a interesses das empresas.

Famílias das zonas rurais estão sendo impactadas pelo barulho alto das turbinas eólicas, segundo relatos das mulheres

Outro importante problema que tem acontecido é o barulho alto das turbinas eólicas que provocam sintomas psiquiátricos nos moradores das zonas rurais próximas. Segundo as mulheres do movimento, muitas pessoas tem relatado ansiedade e insônia devido a esses incômodos.

Além disso, a perda de audição também é uma queixa constante dos agricultores que precisam trabalhar nessas regiões próximas às turbinas para garantir o sustento da família. Dessa forma, muitas pessoas têm sido afetadas na região, com queda na qualidade de vida.

E isso não é uma exclusividade do Brasil. No ano passado, em uma região da França, o casal Christel e Luc Fockaert denunciou os riscos potenciais de uma usina eólica próximo de sua residência na justiça e recebeu uma indenização de mais de 100 mil euros.

Especialistas alertam para os impactos socioambientais das usinas eólicas nas regiões do Brasil

O professor Heitor Scalambrini, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) alerta que a energia eólica pode não ser tão limpa quanto pensamos, devido aos aspectos socioambientais.

“Ao mesmo tempo em que contribuem para o fim da emissão de gases do efeito estufa, elas têm uma repercussão muito grande nos impactos socioambientais devido à maneira como está sendo implantada no Brasil”

Professor Heitor Scalambrini, Universidade Federal de Pernambuco (2022) em entrevista ao portal Marco Zero

Além disso, os parques eólicos podem trazer consequências ao bioma regional, especialmente na região da caatinga, onde a maior parte dos aerogeradores é instalada. O pesquisador Felipe Melo, do departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizou um estudo que apontou para a existência de 11 milhões de hectares com biomas de preservação necessária que já possuem ou irão receber as usinas eólicas.

“É uma situação preocupante, porque esse é o bioma nacional mais vulnerável. Ele totaliza menos de 10% das áreas legalmente protegidas, das quais apenas 2% estão na categoria de estritamente protegidas.”

Pesquisador Felipe Melo, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (2022) em entrevista à BBC News Brasil

As mulheres estão preocupadas e especialistas também apontam os riscos da instalação de usinas eólicas como ocorre atualmente. Uma forma de resolver essa questão seria repensar estratégias mais sustentáveis para evitar ou reduzir os problemas socioambientais decorrentes da instalação dos parques eólicos.

Sabrina Moreira Paes

Moradora da Grande São Paulo, 25 anos, formada pela UFPR com MBA em marketing pela USP. Possui mestrado pela Unicamp e doutorado em andamento na USP. Profissional de marketing, Copy, SEO e Ghost Writer certificada pelas Universidades de Stanford, California, Northwestern e Toronto. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos.

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