Projeto propõe revitalizar trecho histórico com VLT especial, capaz de enfrentar rampas íngremes e valorizar o turismo na Serra da Estrela, aproveitando o potencial cultural e paisagístico do percurso original da primeira ferrovia brasileira.
O Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), elaborado pelo BNDES em parceria com o Ministério das Cidades, analisou a criação de um VLT turístico entre Magé e Petrópolis no leito desativado da primeira ferrovia do país, com traçado de 6,5 km, cinco estações e integração à estação Vila Inhomirim.
Segundo o site ViaTrolebus, a proposta busca unir mobilidade e preservação histórica, mas foi classificada como projeto de perfil predominantemente turístico, e não de média-alta capacidade para o deslocamento cotidiano.
O que está sobre a mesa
De acordo com os resumos divulgados sobre o ENMU, o desenho do VLT turístico entre Magé e Petrópolis contempla ligações locais e conexão com o ramal metropolitano já existente, facilitando o acesso à Serra da Estrela e a atrativos culturais.
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O estudo, porém, retirou o traçado da Rede Planejada de mobilidade por não atender aos critérios de prioridade para transporte coletivo de média-alta capacidade.
Por que a priorização não veio?
Um dos argumentos é a demanda medida por dados agregados de telefonia.
No pico da manhã, cerca de 3,2 mil viagens têm origem em Magé e destino em Petrópolis, somando modos individuais e coletivos.
O volume é considerado insuficiente para sustentar um eixo de alta capacidade, reforçando o caráter turístico do empreendimento.
E a fase seguinte?
Mesmo fora da Rede Planejada, reportagens que repercutiram o ENMU afirmam que a iniciativa pode seguir para a fase de licitação.
Segundo esses textos, haveria pareceres favoráveis de órgãos de patrimônio e meio ambiente para a requalificação do leito — INEA, IPHAN e INEPAC.
Não localizamos, até 12 de agosto de 2025, publicações oficiais dessas autorizações nos sites institucionais; portanto, essa informação permanece atribuída às reportagens.
Tecnologia inspirada no Trem do Corcovado
O relevo da Serra da Estrela impõe rampas acentuadas que inviabilizam um VLT convencional por aderência (rodas nos trilhos).
Em sistemas de bonde ou light rail, declividades usuais ficam abaixo de 5% a 6%.
Para superar rampas mais íngremes, usa-se cremalheira (engrenagem central), solução presente no Trem do Corcovado, no Rio.
No Corcovado, documentos técnicos oficiais registram inclinação máxima de 30%, patamar muito superior ao de linhas urbanas comuns.
Por isso, o ENMU sugere que, se avançar, o projeto adote tecnologia similar à de cremalheira, adequada a trechos serranos.
Como essa tecnologia dialoga com a experiência do visitante?
Em ferrovias de cremalheira, velocidades são menores e a operação privilegia segurança e paisagem, o que se alinha ao conceito de VLT turístico entre Magé e Petrópolis e, por extensão, a um trem turístico de Magé a Petrópolis voltado para lazer e educação patrimonial.
Traçado, estações e integração
O traçado proposto possui 6,5 km e cinco estações, com integração na estação Vila Inhomirim — ponto histórico que marca a transição entre o trecho de planície e a antiga subida da serra.
A conexão com o ramal metropolitano permitiria chegar ao sistema por trem suburbano e seguir viagem no VLT turístico entre Magé e Petrópolis.
Esse arranjo favorece o turismo de um dia e excursões escolares sem necessidade de ônibus dedicados, além de reduzir pressão sobre vias locais em fins de semana e feriados.
Demanda medida e vocação turística
Os 3,2 mil deslocamentos no pico da manhã indicam circulação significativa, mas ainda aquém do necessário para um TPC-MAC.
Nesse contexto, a solução voltada à visitação e ao resgate histórico se torna mais aderente.
A estratégia também conversa com a diretriz nacional de diversificar modos de transporte com ganhos de eficiência e sustentabilidade, em especial quando há potencial de turismo ferroviário.
O próprio ENMU projeta expansão de redes até 2054, combinando metrôs, trens urbanos e sistemas sobre trilhos leves nos principais centros.
E os impactos econômicos?
Projetos turísticos desse tipo costumam gerar efeito multiplicador sobre serviços locais — guias, alimentação, hospedagem e transporte complementar.
Embora não haja, até agora, estimativas oficiais publicadas para a rota Magé-Petrópolis, experiências brasileiras e internacionais com ferrovias cênicas indicam aumento de permanência média de visitantes e maior gasto per capita.
O desenho de tarifas e de governança será determinante para viabilidade.
Patrimônio ferroviário e salvaguardas
A área atravessa bens tombados e áreas de proteção.
O IPHAN administra bens ferroviários de valor histórico no país e, em geral, intervenções requerem projetos específicos de restauro e mitigação de impacto.
Como dito, reportagens afirmam que INEA, IPHAN e INEPAC teriam dado aval de preservação ao traçado, mas não há publicação oficial acessível com essas autorizações até esta data; a menção permanece como informação jornalística atribuída às fontes secundárias.
Qual será o modelo de operação?
Caso avance, a definição do operador, da manutenção especializada de cremalheira e do plano de visitação será central.
A experiência do Trem do Corcovado pode orientar requisitos de segurança, resiliência climática e gestão de picos sazonais, com protocolos que conciliem fluxo turístico e conservação ambiental.
Contexto histórico: a primeira ferrovia do Brasil
Inaugurada em 30 de abril de 1854, a Estrada de Ferro Mauá ligava o Porto de Mauá (Guia de Pacobaíba), em Magé, a Fragoso e, depois, a Vila Inhomirim (Raiz da Serra), onde começava a antiga subida por cremalheira rumo a Petrópolis, desativada na década de 1960.
O traçado hoje proposto retoma parte desse eixo fundador da ferrovia brasileira, agregando narrativa educativa sobre Barão de Mauá, a Serra da Estrela e o papel da ferrovia no século XIX.
O que falta definir
Há pontos em aberto: divulgação pública do relatório detalhado para Magé-Petrópolis no ENMU; confirmação oficial e documental das autorizações citadas para patrimônio e meio ambiente; arranjo de financiamento, sobretudo se o escopo exigir cremalheira e material rodante específico; e o cronograma de licitação.
Enquanto esses elementos não são publicados, o VLT turístico entre Magé e Petrópolis permanece como alternativa de trem turístico de Magé a Petrópolis associada à revitalização do ramal Vila Inhomirim, em trilhos diferentes dos usados por trens metropolitanos regulares.
Por que esse projeto mobiliza tanto interesse?
Porque cruza história, turismo e mobilidade local em um corredor curto, tecnicamente desafiador e com alto valor simbólico para o estado do Rio de Janeiro.
Se bem estruturado, o VLT turístico entre Magé e Petrópolis pode se somar a outras experiências sobre trilhos no país e recontar, em movimento, a trajetória da primeira ferrovia do Brasil — tal como faz o trem turístico de Magé a Petrópolis no imaginário de quem defende a proposta.