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Pressionada por todos os lados por aumentar preços dos combustíveis, Petrobras também é responsabilizada por alta na inflação já projetada para 2023 e 2024

Escrito por Junior Aguiar
Publicado em 15/03/2022 às 08:42
preços dos combustíveis pressiona petrobras e aumenta inflação
Pressão sofrida pela Petrobras vem de todos os lados | Imagem: Veja via Google

O mercado financeiro nacional já projeta uma forte alta no índice de inflação no Brasil para 2022 e com piora para os próximos anos. Tudo isso porque a Petrobras reajustou os preços dos combustíveis sendo a gasolina em mais de 18%,8 e o diesel em 24,9%.

O brasileiro deve viver sem perspectivas de diminuição significativa nos valores dos produtos por um bom tempo. O Relatório de Mercado do Banco Central (Focus) revela que o índice de inflação oficial do Brasil avançou em mais uma semana, de 5,65% para 6,45%, gerando a uma expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de 3,51% para 3,70% em 2023 e de 3,10% para 3,15% para 2024. Essas altas são consequências dos reajustes dos preços dos combustíveis pela Petrobras, que vem sofrendo pressão e descrédito por todos os lados.

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Em relação a ​taxa básica de juros da economia, a chamada taxa Selic, a projeção é de 8,25% para 8,75% em 2023 e de 7,38% para 7,50% em 2024. A pesquisa do Relatório Focus que projetou esses índices e os da inflação dos próximos anos ouviu mais de 100 instituições financeiras.

Inflação, preços dos combustíveis e mais: Como a alta dos combustíveis impacta orçamento dos brasileiros

O reajuste dos preços dos combustíveis é dos assuntos mais comentados em todo o Brasil. Mas não é para menos. A alta afeta diretamente no orçamento do brasileiro e desperta a necessidade de manifestação de entidades e representantes do Poder Público contra a Petrobras.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a empresa não tem sensibilidade com a população e ainda disparou: “É Petrobras Futebol Clube e o resto que se exploda”. Essas críticas são vistas por duas formas:

  1. Dar uma resposta ao eleitorado, até porque 2022 é ano de eleição
  2. Estratégia para que o general Joaquim Silva e Luna, indicado pelo próprio Bolsonaro, peça para deixar o comando da Petrobras

Enquanto isso, o Tribunal de Contas da União investiga uma possível interferência de Bolsonaro na Petrobras. E o que se fala nos bastidores até aqui é de que Silva e Luna não pedirá para sair do comando da petroleira.

Vale lembrar que o presidente da Petrobras apenas cumpre a política de preços dos combustíveis que é basear os valores a partir do dólar, e que o principal acionista da estatal é a própria União. Em 2021 o Governo recebeu R$ 37,3 bilhões em dividendo dos R$ 106,668 bilhões lucrados pela estatal.

Pressão de outras esferas por conta da alta dos preços dos combustíveis

A Justiça, o Congresso e instituições que representam transportadoras e caminhoneiros autônomos também não ficaram calados diante do reajuste dos preços dos combustíveis nas refinarias.

A juíza Flávia de Macêdo Nolasco, da 9ª Vara Federal de Brasília, havia dado o prazo de 72 horas para que a Advocacia Geral da União (AGU) e a Petrobras explicassem os aumentos Conselho Nacional do Transporte de Cargas (CNTRC). O pedido foi protocolado pelo Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Guarulhos e de Jundiaí e pela Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, que reúne 235 deputados e 22 senadores.

A AGU foi rápida em responder, negou à Justiça sobre o Governo Federal estar sendo omisso em controlar “ilegalidades supostamente praticadas” pela Petrobras na política de preços da estatal e que não há como o presidente Jair Bolsonaro interferir na petroleira, já que a empresa não está subordinada ao Governo.

Já a Petrobras publicou dois vídeos em suas redes sociais justificando os recentes reajustes. A petroleira diz que o lucro inédito obtido em 2021 de mais de 106 bilhões “pode parecer muito alto, mas não é” e que “o reajuste foi necessário para manter o fornecimento por todas as empresas, mitigando riscos de desabastecimento”.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) criticou o lucro obtido pela Petrobras e o aumento dos preços dos combustíveis, e prometeu exigir da estatal que cumpra “função social”.

“A Petrobras tem hoje uma lucratividade na ordem de três vezes mais do que os seus concorrentes, dividendos bilionários. Óbvio que é muito bom que isso aconteça, mas isso não pode acontecer sob o sacrifício da população brasileira que abastece os seus veículos ou que precisa do transporte coletivo”, disse Pacheco em uma agenda nesta segunda-feira (14) em Belo Horizonte – MG.

Futuro da Petrobras será debatido em abril

Uma assembleia geral da Petrobras deve acontecer no dia 13 de abril. Na ocasião, os acionistas da companhia irão avaliar a indicação do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, para presidir o conselho de administração da estatal.

Junior Aguiar

Jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco | Produtor de conteúdo web, analista, estrategista e entusiasta em comunicação.

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