A paralisação na fábrica de Porto Feliz, que já tirou 30 mil veículos da linha de produção e atrasou o lançamento do Yaris Cross, provocou escassez de unidades novas e valorização recorde dos seminovos, segundo especialistas do setor automotivo
A Toyota vive um dos momentos mais críticos de sua trajetória no Brasil. Após a forte tempestade que atingiu Porto Feliz (SP) em 22 de setembro de 2025, a montadora anunciou que deverá deixar de produzir 30 mil veículos até janeiro de 2026, segundo informações divulgadas pelo Estadão. O desastre climático provocou danos severos à fábrica de motores, responsável pela produção do 2.0 flex de até 175 cv, utilizado nas linhas do Corolla, Corolla Cross e no aguardado Yaris Cross.
De acordo com especialistas, o impacto é profundo: apenas a suspensão das operações já representa uma perda de 10 mil veículos por mês, tanto para o mercado interno quanto para exportações ao Mercosul. Além disso, estima-se que 12 mil motores deixarão de ser enviados para os Estados Unidos, afetando a cadeia global da marca.
Tempestade devastou a fábrica em Porto Feliz
A unidade atingida, considerada uma das mais modernas do país, sofreu estragos graves. O vendaval arrancou telhas de zinco que foram encontradas a quilômetros de distância e comprometeu equipamentos de alta precisão, fundamentais para a linha de montagem. “Se fizermos a comparação com um carro, deu perda total na fábrica”, declarou Leandro Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, em entrevista à Reuters.
-
Limpeza que custa menos de R$ 200 melhora o consumo de combustível como passe de mágica
-
5 carros usados bons para trabalho com baixo custo de manutenção entre R$ 25 mil e R$ 58 mil: Toyota, Fiat, Chevrolet, Renault e VW oferecem modelos econômicos, espaçosos e confiáveis
-
Toyota decreta férias coletivas e lay-off para 5,7 mil funcionários no Brasil em medida emergencial, aponta jornal
-
Nissan domina ranking de vendas: veja os carros mais comprados do mês
O ambiente controlado da planta, essencial para o funcionamento de máquinas de extrema sensibilidade, foi totalmente comprometido. A recuperação deverá ser lenta e complexa, já que não se trata apenas de substituir peças, mas de reconstruir processos inteiros. Conforme destacou David Wong, sócio da consultoria Alvarez & Marsal, a interrupção também forçou o adiamento do lançamento do Yaris Cross, previsto para outubro de 2025, mês tradicionalmente forte para as vendas no setor.
Seminovos se tornam a saída imediata para clientes e concessionárias
Com a produção paralisada e sem perspectiva de normalização no curto prazo, o efeito direto recai sobre os consumidores e concessionárias. De acordo com reportagem publicada pelo UOL Carros, a procura por Corolla e Corolla Cross seminovos disparou em todo o país. Antes mesmo da tragédia, esses modelos já tinham prazos de espera elevados, e agora se tornaram a única alternativa para quem busca um Toyota.
Concessionárias da marca passaram a oferecer condições especiais para adquirir veículos usados: pagamento à vista, avaliação rápida e valores acima da tabela são atrativos que reforçam a urgência em recompor o estoque. Especialistas afirmam que esse movimento deve provocar uma valorização inédita no mercado de segunda mão, tornando os modelos quase imunes à depreciação típica dos carros usados.
Preços de novos e usados vão disparar nos próximos meses
A crise na fábrica de Porto Feliz não impacta apenas os seminovos. O consultor automotivo Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, explica que o desabastecimento forçará as concessionárias a reduzir descontos e, consequentemente, elevar preços de carros novos. Esse ajuste no zero-quilômetro inevitavelmente arrastará os valores dos usados para cima, criando um ciclo de valorização.
Segundo Pagliarini, as concessionárias enfrentarão ao menos dois meses de penúria até que a logística de importação de motores seja regularizada. Nesse período, tanto clientes quanto lojistas deverão conviver com um cenário de escassez, inflação de preços e negociações cada vez mais acirradas por unidades em bom estado.
Fidelidade à marca aumenta pressão no mercado
Outro fator que reforça a disparada de preços é a fidelidade do consumidor da Toyota. Há proprietários que estão com a marca desde 1993, ano em que o Corolla começou a ser produzido no Brasil, e dificilmente consideram migrar para outra montadora. Para esse público, trocar de carro significa, quase sempre, trocar por outro Toyota.
Diante da falta de opções zero-quilômetro, muitos preferem adiar a compra ou apostar em seminovos, o que reduz a oferta no mercado e valoriza ainda mais os modelos disponíveis. O cenário confirma a previsão de especialistas: Corolla e Corolla Cross se tornarão ativos raros e caros nos próximos meses, especialmente em grandes centros urbanos, onde a demanda é mais intensa.
A tempestade que devastou a fábrica da Toyota em Porto Feliz desencadeou uma crise sem precedentes para a montadora no Brasil. Além da perda imediata de 30 mil veículos e 12 mil motores para exportação, a paralisação já afeta diretamente o bolso dos consumidores, com a previsão de alta nos preços tanto de novos quanto de seminovos.
Segundo reportagens do UOL Carros e do Estadão, a valorização dos usados será inevitável, impulsionada pela escassez de estoque e pela lealdade dos clientes à marca. Para quem pensa em comprar ou vender um Corolla ou Corolla Cross, os próximos meses serão marcados por negociações intensas e preços recordes no mercado automotivo brasileiro.