Com o preço do etanol e da gasolina disparando, abastecer com GNV continua sendo vantajoso mesmo com aumento de 39% da Petrobras, afirma Copergás
Alto preço da gasolina não é o grande vilão para a alta no preço do etanol, o biocombustível mesmo sendo produzido no Brasil e em reais, também correu atrás e ficou caro igual. Isso se deu por conta das exportações e também pelo preço da cana estar mais atrativo, uma parcela maior do insumo foi destinada a fabricar açúcar.
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Quem precisar abastecer o carro no posto não vai ter muito para onde correr se o preço da gasolina subiu muito, puxado por pressões como o dólar e o preço do barril do petróleo no mundo, o preço do etanol não ficou para trás.
Na última segunda (5), a Petrobras anunciou o reajuste em 39% nos preços de venda do Gás Natural Veicular para as distribuidoras. A partir de maio o GNV, a principal opção para motoristas que circulam muitos quilômetros por dia e fogem do aumento do preço da gasolina e etanol também vai impactar no bolso dos brasileiros, porém mesmo com o reajuste, abastecer com Gás Natural continuará sendo vantajoso, afirma Copergás.
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Mesmo com os preços disparados, a gasolina voltou a ser mais vantajosa do que abasbtecer com o biocombustível
Mesmo com os preços disparados, em boa parte do país, a gasolina até voltou a ser mais vantajosa do que o biocombustível: a regra de referência é que o litro do etanol, que rende menos, deve custar até cerca de 70% do preço do litro da gasolina para que o consumidor possa percorrer as mesmas distâncias, pelo mesmo custo com um ou com o outro. Essa proporção pode ser um pouco maior ou menor a depender do desempenho de cada carro.
A boa notícia é que os dois combustíveis já começaram a ficar um pouco mais baratos nos últimos dias, embora a revisão, de longe, não compense as altas que ambos já acumularam: só do começo de 2021 para cá, o preço médio da gasolina nos postos do país subiu 19%, enquanto o do etanol subiu 21%. Em um ano, a alta da gasolina é de 27% e a do etanol, de 28%.
Gasolina e etanol estão marcando nas bombas os maiores preços de sua história
Atualmente a gasolina é vendida a uma média de R$ 5,45 por litro, podendo passar dos R$ 6 em alguns estados, de acordo com levantamento semanal feito pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Já o etanol bateu os R$ 4 pela primeira vez em março, e hoje é vendido a R$ 3,88 o litro, também considerada a média nacional colhida pela Agência.
Os preços podem variar bastante de um estado para o outro, de acordo com os impostos regionais e a distância dos grandes polos produtores. Com isso, na média, o litro do etanol está custando 71% do preço da gasolina, no limite da margem em que deixa de ser mais vantajoso.
Mais exportação e mais açúcar
A petroleira brasileira Petrobras é responsável por quase toda a produção de gasolina consumida no Brasil. A estatal usa o preço do barril do petróleo e o dólar para reajustar os combustíveis, logo,como as duas coisas dispararam do ano passado para cá, a gasolina e o diesel brasileiros acabaram disparando também.
Mas, se o etanol é um produto inteiramente nacional, feito a partir da cana-de-açúcar, e não tem nada a ver com o petróleo, por que ele subiu da mesma forma?
Com preços da cana mais atrativos, uma parcela maior do insumo foi destinada a fabricar açúcar, cuja produção atingiu 38,46 milhões de toneladas. Já o volume de etanol foi de 30,37 bilhões de litros, incluindo o anidro (que é misturado à gasolina antes de chegar aos postos), o hidratado (vendido diretamente nos postos) e o combustível proveniente do milho —que chegou a 2,57 bilhões. Na safra passada, a oferta foi de 33,25 bilhões de litros, recorde histórico do setor.
Como substituto da gasolina, além de concorrer com o açúcar, já que é produzido a partir da mesma cana, o etanol também concorre, nos postos, com a gasolina, já que o motorista pode escolher qualquer um dos dois para abastecer. É por isso que o preço de um acaba espelhando o do outro, mesmo que tenham formações de custos completamente diferentes.
“A alta da gasolina gera uma maior procura pelo etanol, o que resulta em aumento de preço”, explica o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues. “No primeiro trimestre, as altas na gasolina geraram uma maior procura do consumidor pelo biocombustível, em plena entressafra, o que pressionou os preços do etanol.”