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Preço da gasolina chega a 5 dólares nos Estados Unidos, subindo no ritmo mais rápido em 40 anos. Gasolina a US$ 6 bate na porta

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 13/06/2022 às 11:29
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Imagem de Bernd Schray / Fonte: Pixabay

Preço da gasolina nos Estados Unidos já segue tendência de alta há oito semanas e chega ao maior preço médio da história do país

No último sábado (dia 11), foi divulgado que o preço do galão de gasolina atingiu nível recorde nos Estados Unidos: pela primeira vez, o valor médio no país é de US$ 5, conforme dados da Associação Automobilística Americana (AAA). Cada galão corresponde a 3,8 litros de combustível.

No entanto, o registro não gera surpresa, haja vista que os preços do combustível já sofrem aumentos constantes há oito semanas, sendo este último valor representante da 15° vez consecutiva em que os dados da AAA exibem preço recorde.

Em 15 de abril, quando a tendência de elevação dos preços teve início, a média nacional foi de US$ 4,07. Sendo assim, em menos de dois meses, observou-se um acréscimo de 23%.

De acordo com o relatório de inflação do governo americano na última sexta-feira, os preços da gasolina estão subindo no ritmo mais acelerado em 40 anos. Sob esse viés, é importante salientar que tal fenômeno não influencia apenas a vida dos motoristas, mas também tem impacto sobre os preços pagos pela população por uma gama completa de bens e serviços.

Apesar de a média nacional de US$ 5 ser inédita, em grande parte do país já é comum que esse preço seja pago pela gasolina. Segundo dados da OPIS, 32% dos postos nos Estados Unidos, o que equivale a quase um em cada três, já estavam cobrando mais de US$ 5 por galão em leituras realizadas na sexta-feira. Além disso, cerca de 10% das estações em todo o território americano estão cobrando mais de US$ 5,75 por galão.

A média estadual, por sua vez, foi de US$ 5 ou mais por galão em 21 estados e em Washington DC na leitura de sábado.

Média nacional de gasolina nos Estados Unidos pode, em breve, chegar a US$ 6

Com o início da temporada de viagens de verão no país, a demanda por gasolina deve subir, o que acarretará novo aumento em seu valor médio. Ademais, é necessário, ainda, lembrar que os preços do petróleo estão em alta no mercado global, graças aos cortes instituídos ao petróleo russo devido à guerra na Ucrânia, o que também contribui para a elevação do valor do galão de gasolina.

De acordo com Tom Kloza, chefe global de análise de energia da OPIS, a média nacional de gasolina nos Estados Unidos pode alcançar os US$ 6 ao final deste verão.

Em relação a todo o país, a média mais alta é encontrada no estado da Califórnia, onde ela foi registrada a US$ 6,43 o galão nas leituras de sábado. Entretanto, é notório que todos os estados estão sendo afetados pela problemática.

É quase impossível encontrar combustível barato nos EUA

No estado da Geórgia, onde encontra-se a média mais barata em todo o país, o preço médio por galão de gasolina corresponde a US$ 4,47. De 130.000 postos de gasolina analisados, menos de 300 estavam cobrando US$ 4,25 ou menos por galão, conforme leitura de sexta-feira da OPIS. Para fins comparativos, antes do início da elevação dos preços neste ano, a média nacional recorde havia sido registrada a US$ 4,11, em julho de 2008.

Mesmo nos estados em que os preços da gasolina estão mais amenos, como o Mississippi, não há necessariamente uma vantagem, uma vez que, como os salários médios são também mais baixos, os motoristas devem trabalhar mais horas para obter o dinheiro necessário para encher o tanque do que indivíduos de estados com preços mais altos, como Washington.

Diante desse cenário, o número de galões bombeados nas estações durante a última semana de maio teve redução de cerca de 5% em comparação à mesma semana do ano passado, segundo a OPIS. A quantidade de viagens de carro nos Estados Unidos também diminuiu cerca de 5% desde o começo de maio, de acordo com a companhia de pesquisa de mobilidade Inrix, embora elas ainda tenham sofrido acréscimo de cerca de 5% desde o início do ano.

Nesse sentido, os economistas demonstram preocupação de que os consumidores passem a cortar outros gastos a fim de que consigam continuar dirigindo, o que poderia ocasionar uma recessão econômica.

O que está causando os preços recordes?

A forte demanda por gasolina é apenas parte do problema. Isso porque, frente à invasão da Ucrânia pela Rússia, a oferta tornou-se reduzida, já que sanções foram impostas à Rússia, que constitui um dos principais exportadores de petróleo do mundo, pelos Estados Unidos e pela Europa.

A decisão europeia de romper o comércio com a Rússia, com a qual estabelecia relação de dependência, fez com que o preço do petróleo em todo o mundo fosse elevado. Dessa forma, o preço do barril desse combustível fechou acima de US$ 120 na última sexta-feira, tendo subido em relação aos US$ 100 do mês anterior.

Além do mais, outros fatores estão também limitando a oferta. Durante os primeiros meses da pandemia, houve redução da demanda por petróleo, tendo em vista o fechamento de empresas e a imposição do lockdown, o que fez com que a Opep e seus aliados diminuíssem a produção do combustível. Agora, parte dessa produção está novamente online, mas não foi completamente recuperada.

Nos Estados Unidos, a produção de petróleo e a capacidade de refino também não se recuperaram totalmente em relação aos patamares pré-pandemia. Como os preços estão ainda mais elevados na Europa, algumas refinarias americanas e canadenses, que normalmente abastecem o mercado americano, estão agora exportando gasolina para o continente europeu, de modo a restringir ainda mais a oferta no país.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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