Preço da gasolina nos Estados Unidos já segue tendência de alta há oito semanas e chega ao maior preço médio da história do país
No último sábado (dia 11), foi divulgado que o preço do galão de gasolina atingiu nível recorde nos Estados Unidos: pela primeira vez, o valor médio no país é de US$ 5, conforme dados da Associação Automobilística Americana (AAA). Cada galão corresponde a 3,8 litros de combustível.
No entanto, o registro não gera surpresa, haja vista que os preços do combustível já sofrem aumentos constantes há oito semanas, sendo este último valor representante da 15° vez consecutiva em que os dados da AAA exibem preço recorde.
Em 15 de abril, quando a tendência de elevação dos preços teve início, a média nacional foi de US$ 4,07. Sendo assim, em menos de dois meses, observou-se um acréscimo de 23%.
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De acordo com o relatório de inflação do governo americano na última sexta-feira, os preços da gasolina estão subindo no ritmo mais acelerado em 40 anos. Sob esse viés, é importante salientar que tal fenômeno não influencia apenas a vida dos motoristas, mas também tem impacto sobre os preços pagos pela população por uma gama completa de bens e serviços.
Apesar de a média nacional de US$ 5 ser inédita, em grande parte do país já é comum que esse preço seja pago pela gasolina. Segundo dados da OPIS, 32% dos postos nos Estados Unidos, o que equivale a quase um em cada três, já estavam cobrando mais de US$ 5 por galão em leituras realizadas na sexta-feira. Além disso, cerca de 10% das estações em todo o território americano estão cobrando mais de US$ 5,75 por galão.
A média estadual, por sua vez, foi de US$ 5 ou mais por galão em 21 estados e em Washington DC na leitura de sábado.
Média nacional de gasolina nos Estados Unidos pode, em breve, chegar a US$ 6
Com o início da temporada de viagens de verão no país, a demanda por gasolina deve subir, o que acarretará novo aumento em seu valor médio. Ademais, é necessário, ainda, lembrar que os preços do petróleo estão em alta no mercado global, graças aos cortes instituídos ao petróleo russo devido à guerra na Ucrânia, o que também contribui para a elevação do valor do galão de gasolina.
De acordo com Tom Kloza, chefe global de análise de energia da OPIS, a média nacional de gasolina nos Estados Unidos pode alcançar os US$ 6 ao final deste verão.
Em relação a todo o país, a média mais alta é encontrada no estado da Califórnia, onde ela foi registrada a US$ 6,43 o galão nas leituras de sábado. Entretanto, é notório que todos os estados estão sendo afetados pela problemática.
É quase impossível encontrar combustível barato nos EUA
No estado da Geórgia, onde encontra-se a média mais barata em todo o país, o preço médio por galão de gasolina corresponde a US$ 4,47. De 130.000 postos de gasolina analisados, menos de 300 estavam cobrando US$ 4,25 ou menos por galão, conforme leitura de sexta-feira da OPIS. Para fins comparativos, antes do início da elevação dos preços neste ano, a média nacional recorde havia sido registrada a US$ 4,11, em julho de 2008.
Mesmo nos estados em que os preços da gasolina estão mais amenos, como o Mississippi, não há necessariamente uma vantagem, uma vez que, como os salários médios são também mais baixos, os motoristas devem trabalhar mais horas para obter o dinheiro necessário para encher o tanque do que indivíduos de estados com preços mais altos, como Washington.
Diante desse cenário, o número de galões bombeados nas estações durante a última semana de maio teve redução de cerca de 5% em comparação à mesma semana do ano passado, segundo a OPIS. A quantidade de viagens de carro nos Estados Unidos também diminuiu cerca de 5% desde o começo de maio, de acordo com a companhia de pesquisa de mobilidade Inrix, embora elas ainda tenham sofrido acréscimo de cerca de 5% desde o início do ano.
Nesse sentido, os economistas demonstram preocupação de que os consumidores passem a cortar outros gastos a fim de que consigam continuar dirigindo, o que poderia ocasionar uma recessão econômica.
O que está causando os preços recordes?
A forte demanda por gasolina é apenas parte do problema. Isso porque, frente à invasão da Ucrânia pela Rússia, a oferta tornou-se reduzida, já que sanções foram impostas à Rússia, que constitui um dos principais exportadores de petróleo do mundo, pelos Estados Unidos e pela Europa.
A decisão europeia de romper o comércio com a Rússia, com a qual estabelecia relação de dependência, fez com que o preço do petróleo em todo o mundo fosse elevado. Dessa forma, o preço do barril desse combustível fechou acima de US$ 120 na última sexta-feira, tendo subido em relação aos US$ 100 do mês anterior.
Além do mais, outros fatores estão também limitando a oferta. Durante os primeiros meses da pandemia, houve redução da demanda por petróleo, tendo em vista o fechamento de empresas e a imposição do lockdown, o que fez com que a Opep e seus aliados diminuíssem a produção do combustível. Agora, parte dessa produção está novamente online, mas não foi completamente recuperada.
Nos Estados Unidos, a produção de petróleo e a capacidade de refino também não se recuperaram totalmente em relação aos patamares pré-pandemia. Como os preços estão ainda mais elevados na Europa, algumas refinarias americanas e canadenses, que normalmente abastecem o mercado americano, estão agora exportando gasolina para o continente europeu, de modo a restringir ainda mais a oferta no país.