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Prazo adiado para leilão de energia eólica offshore frustra investidores e adia avanço do Brasil no setor de renováveis

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 09/10/2025 às 15:55
Empresas internacionais demonstram frustração com o adiamento da regulamentação da energia eólica offshore no Brasil, previsto apenas para 2026. A incerteza ameaça afastar investimentos bilionários e reduzir a competitividade do país em fontes renováveis. Fonte: IA
Empresas internacionais demonstram frustração com o adiamento da regulamentação da energia eólica offshore no Brasil, previsto apenas para 2026. A incerteza ameaça afastar investimentos bilionários e reduzir a competitividade do país em fontes renováveis. Fonte: IA
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Empresas internacionais demonstram frustração com o adiamento da regulamentação da energia eólica offshore no Brasil, previsto apenas para 2026. A incerteza ameaça afastar investimentos bilionários e reduzir a competitividade do país em fontes renováveis.

O entusiasmo que cercava o desenvolvimento da energia eólica offshore no Brasil começa a dar lugar à frustração entre investidores. Após a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de criar um novo grupo de trabalho com prazo de 270 dias para discutir a regulamentação do setor, empresas relatam desânimo com a perspectiva de que o primeiro leilão de áreas não aconteça antes de 2026, conforme noticiado nesta quinta, 09.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a realização do leilão depende da conclusão da regulamentação, cujo decreto está previsto apenas para o primeiro semestre de 2026. Esse cronograma coincide com o período eleitoral, o que impõe restrições legais a novos anúncios e limitações administrativas. A sensação geral entre os investidores é de mais um adiamento — e de que o Brasil, mais uma vez, está perdendo oportunidades para outros países.

Empresas estrangeiras suspendem investimentos por falta de cronograma

Com a demora nas definições, alguns dos principais players internacionais decidiram redirecionar seus recursos. A dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners (CIP) e a australiana Corio Generation, por exemplo, suspenderam suas operações no país. Ambas vinham estudando projetos bilionários, mas preferiram migrar seus investimentos para mercados com maior previsibilidade, como Colômbia, Chile e Taiwan.

De acordo com representantes do setor, a ausência de prazos concretos e regras claras impede o planejamento estratégico. Para disputar futuras licitações, as empresas precisam de segurança jurídica e cronogramas bem definidos. Sem isso, acabam priorizando regiões onde a regulamentação da energia eólica offshore já está consolidada.

Expectativa frustrada com a COP 30 e lentidão na criação do mercado

Parte da indústria esperava que o governo brasileiro aproveitasse a COP 30, que será sediada em Belém (PA), para anunciar oficialmente a data do leilão de áreas offshore. A expectativa era que o evento servisse como vitrine para o compromisso do país com a transição energética e a descarbonização da matriz elétrica. No entanto, o adiamento da regulamentação frustrou essa possibilidade.

O debate sobre a criação de um marco regulatório para o setor se arrasta há sete anos. Desde o início das discussões no Congresso Nacional, sucessivos governos prometeram destravar o tema — mas, até agora, sem avanços concretos. Durante o governo anterior, também foi criado um grupo de trabalho, mas o projeto acabou engavetado.

O marco legal das eólicas offshore foi finalmente aprovado e sancionado no início de 2025, durante o governo Lula, o que gerou otimismo temporário. Em seguida, o Ministério abriu uma consulta pública para definir a metodologia de cessão das áreas marítimas, mas a tramitação segue em ritmo lento.

Licença pioneira e desafios para consolidar o setor

Apesar da morosidade, há sinais pontuais de progresso. Neste ano, o Ibama concedeu a primeira licença prévia para um projeto de energia eólica offshore no país. Trata-se de um empreendimento-piloto do Senai, localizado no Rio Grande do Norte, com capacidade de 24,5 MW. O projeto é visto como um teste inicial para avaliar a viabilidade técnica e ambiental das operações no mar.

No entanto, especialistas alertam que o avanço isolado de projetos experimentais não é suficiente para consolidar o setor. O Brasil vive um momento turbulento para as fontes renováveis, marcado por cortes de geração de eólicas e solares — fenômeno conhecido como curtailment. Ainda assim, a aposta na geração offshore é vista como essencial para fortalecer a segurança energética nacional e reduzir a dependência de fontes intermitentes.

Sinergia com o setor de petróleo e gás pode acelerar o desenvolvimento

Um dos fatores que mais atraem o interesse de investidores é a infraestrutura já existente no Brasil para operações offshore, graças à longa experiência com petróleo e gás. Essa sinergia pode facilitar a transição para a energia eólica offshore, aproveitando tecnologias, mão de obra especializada e logística marítima já consolidadas.

Mesmo assim, o consenso entre os investidores é que o país precisa agir rapidamente. Cada novo adiamento representa não apenas perda de competitividade, mas também o risco de ver oportunidades estratégicas migrarem definitivamente para outras nações que já apostam fortemente nesse tipo de energia renovável.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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