Hidrelétricas no Parnaíba impulsionam segurança hídrica, energia renovável e navegabilidade, fundamentais para o desenvolvimento econômico e a segurança energética do futuro.
Hidrelétricas desempenham um papel fundamental na segurança hídrica e na produção de energia renovável, contribuindo significativamente para a navegabilidade de rios e o desenvolvimento econômico regional. No rio Parnaíba, novas usinas estão sendo construídas e terão um impacto muito além da geração de energia, ajudando a assegurar um futuro energético mais seguro e estável. Essas iniciativas são vitais para mitigar os efeitos de secas severas que frequentemente atingem a região, e garantir a sustentabilidade a longo prazo.
A construção dessas usinas hidrelétricas no Parnaíba também implica a criação de novas barragens, que desempenham um papel crucial na gestão dos recursos hídricos. As barragens ajudam a estabilizar o fluxo dos rios, melhorando a navegabilidade e o armazenamento de água, essencial para enfrentar períodos de estiagem. Além de fornecer energia, essas usinas hidrelétricas impulsionam a infraestrutura regional, promovendo o desenvolvimento integral das comunidades locais e fortalecendo a resiliência contra eventos climáticos adversos.
Em 90% das cidades afetadas, faltou até água potável, o que levou o governo a decretar ‘emergência’ em 204 localidades, após uma seca severa que causou imenso sofrimento e prejuízos a mais de dois milhões de pessoas. Ao longo de três anos, o gado, a criação e as lavouras foram totalmente comprometidos, e os reservatórios de água quase secaram, como a Barragem de Bocaina, que possui 54 milhões de metros cúbicos.
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Estudos científicos sobre eventos climáticos
Vários estudos, incluindo os de Mead, Clayton, Schell e Haurwitz, comprovaram uma relação direta entre o ciclo de 11 anos das manchas solares e a hidrologia terrestre, resultando em enchentes e secas que ocorrem, em média, a cada 11 a 12 anos. Esses eventos são ainda influenciados por fatores locais. É impressionante que, apesar dessas previsões naturais, o comportamento imprevisível da sociedade humana frente a tais extremos de secas e enchentes continue a ser uma constante, preferindo arriscar, esquecendo rapidamente das experiências passadas.
O mandato do governador do estado do Rio Grande do Sul, Eduardo, é um exemplo recente dessa imprudência, ao ignorar a segurança hídrica das áreas sob sua administração, mesmo tendo sido alertado há anos por cientistas e técnicos experientes. Aparentemente, a regra predominante no Brasil é: ‘para que gastar dinheiro para evitar uma seca ou uma enchente que não está acontecendo agora?’ Eleitores e administradores tendem a esquecer que obras de engenharia, que exigem mais de 10 anos para serem planejadas, licenciadas e construídas, funcionam eficazmente e têm uma longa vida útil.
Importância da energia hidrelétrica
O Fórum Econômico Mundial de Davos posicionou o Brasil na 12ª posição mundial no Índice de Transição Energética (ETI), sendo o primeiro nas Américas e o terceiro entre os países do G20. A consideração deu-se pelo compromisso do Brasil com a energia hidrelétrica, a energia solar, eólica e os biocombustíveis, incentivando investimentos em infraestrutura sustentável. No evento em Teresina, durante o Painel de Diálogo ‘Inovações e Sustentabilidade das Hidrelétricas’ da Conferência Internacional de Tecnologias em Energias Renováveis, promovida pelo Governo do Estado, PNUD e ICIMA, ressaltei que o Piauí já atingiu o terceiro lugar em capacidade instalada de energia solar e eólica no Brasil.
Embora meu convite destacasse energia solar e eólica, relembrei a importância das hidrelétricas, particularmente a UHE Boa Esperança, que desde 1968 produz 97% das necessidades do estado. Suponho que a proposta do Piauí envolva também gerar hidrogênio utilizando fontes renováveis, visando vender esse gás como commodity barata para a indústria siderúrgica e de fertilizantes na Europa. Durante o evento, ao agradecer ao governador Rafael Fonteles, fui recebido calorosamente e ele reforçou a importância das hidrelétricas como fontes permanentes de armazenamento de água.
Debate sobre segurança energética e alimentar
Durante os três dias da CITER, houve mais de 45 debates entre especialistas e empresários de grandes economias mundiais, incluindo a SPIC, proprietária da usina fotovoltaica de Marangatu e da usina hidrelétrica de São Simão. Nesses debates, a incoerência de produzir hidrogênio verde com até 48% de termoelétricas fósseis na matriz energética foi abordada. A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) define hidrogênio verde como aquele proveniente da eletrólise da água utilizando exclusivamente eletricidade de fontes renováveis. A União Europeia, por outro lado, pretende incluir a produção de hidrogênio verde a partir de gás natural com captura e armazenamento de carbono, o que encareceria o combustível.
Fontes de geração de hidrogênio verde
No Brasil, o Ministério de Minas e Energia propõe um conceito semelhante ao da IRENA, com ênfase na baixa emissão de carbono durante todo o ciclo de vida do hidrogênio. A produção de hidrogênio é altamente dependente do custo da energia elétrica; portanto, o hidrogênio verde, amarelo, azul, ou incolor não é uma fonte de energia em si, mas um combustível com alto poder calorífico. Seu custo depende das fontes de energia utilizadas para sua produção e dos custos ambientais associados a essas fontes.
Fontes de energia são classificadas como intermitentes ou permanentes. As intermitentes, como solar e eólica, não são controláveis, enquanto as permanentes, como usinas hidrelétricas e termoelétricas, são controláveis. As termoelétricas, em particular, são mais caras e mais poluentes em comparação com as hidrelétricas. Portanto, para produzir hidrogênio verde usando energia solar, é crucial ter uma fonte permanente para complementação nas horas sem sol. Apenas as usinas hidrelétricas e termoelétricas oferecem essa continuidade.
Investimentos e Segurança Hídrica no Piauí
Escolher usinas hidrelétricas para complementar a produção de hidrogênio verde traz benefícios adicionais como recarregar reservas subterrâneas de água, fazer irrigação, servir para piscicultura e fruticultura, conter enchentes, combater a seca, e regularizar o nível das águas, contribuindo para a segurança hídrica. Além disso, permitem a navegação fluvial, turismo e lazer. Ignorar essas opções aumenta a dependência de termoelétricas durante a noite e dias nublados, prejudicando a segurança hídrica até a próxima seca.
A falta de hidrelétricas novas na matriz energética nacional fez com que as termoelétricas hoje representem 38% da capacidade instalada. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia, elaborado pelo MME, essa proporção pode chegar a 48% nos meses críticos entre 2026 e 2030. A utilização crescente de termoelétricas fósseis contradiz os compromissos ambientais do Brasil e impede a produção de hidrogênio verde genuíno.
Planos de Hidrovias e Hidrelétricas
Hidrelétricas e hidrovias são essenciais para a competitividade agrícola e industrial do Brasil. No Parnaíba, a ANEEL inventariou oito hidrelétricas, todas com licenças ambientais e projetadas com eclusas. Essas usinas atendem municípios de vários estados e poderiam gerar mais de 115 milhões de reais por mês e 24 milhões de ICMS. Um investimento de 12,16 bilhões realizado por empresas privadas reduziria a dependência de combustíveis fósseis e garantiria segurança energética do futuro.
A construção de eclusas nos rios brasileiros, similar ao modelo da Tennessee Valley Authority (TVA) nos EUA, contribuiria para a segurança hídrica, navegabilidade e segurança alimentar do país. Além de promover atividades turísticas, recreativas e desalojar as margens submersas. No entanto, as hidrovias brasileiras são subutilizadas devido a poderosos interesses contrários, que preferem investimentos em transporte rodoviário e fretes caros, reduzindo nossa competitividade internacional.
Iniciativas de planejamento regional estratégico
O Fórum Econômico Mundial de Davos destaca a importância das hidrelétricas para a energia renovável no Brasil. A capacidade de gerar energia continuada e estável coloca o país em uma posição estratégica. Projetos de hidrovia e hidrelétrica devem seguir o princípio da precaução para assegurar a viabilidade econômica e social a longo prazo, socioeconômicos no Piauí, similar ao desenvolvimento estruturado pela TVA nos EUA. A TVA mostrou como a gestão multifuncional dos recursos hídricos pode trazer benefícios econômicos, sociais e ambientais significativos.
No Parnaíba, é crucial considerar os impactos de longo prazo da dragagem sem regularização de nível; apenas relembrar os fracassos das iniciativas sem planejamento coordenado, como as observadas no Amazonas. Um projeto integrado que concilie segurança hídrica, navegabilidade e uso sustentável de recursos poderia transformar a região, gerando riqueza e oportunidades.
Finalizando, o desenvolvimento e a segurança hídrica do Piauí e de outras regiões dependem de um planejamento cuidadoso e da implementação de projetos que conciliem interesses públicos e privados. O Programa de Planejamento e Desenvolvimento Regional Estratégico deve ser a peça-chave para esse sucesso, facilitando a colaboração necessária para alcançar objetivos comuns de sustentabilidade e crescimento econômico.
Fonte: ENERCONS