Portugal vive uma crise de escassez de trabalhadores em setores essenciais como construção civil, tecnologia da informação e turismo. Empresas e governo intensificam a busca por estrangeiros, especialmente brasileiros, e oferecem salários cada vez mais atrativos.
Portugal enfrenta uma escassez crescente de mão de obra qualificada em setores estratégicos, como construção civil, tecnologia da informação (TI) e turismo.
A falta de profissionais tem levado empresas e órgãos públicos a intensificarem a contratação de estrangeiros, especialmente brasileiros, além de ampliarem programas de requalificação e incentivos salariais.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) e associações empresariais portuguesas, a carência de trabalhadores especializados está entre os principais entraves ao crescimento econômico e à execução de projetos de infraestrutura e inovação no país.
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Escassez de trabalhadores em construção, TI e turismo
O setor da construção civil é um dos mais afetados.
Empresários e sindicatos relatam dificuldade em preencher vagas para pedreiros, carpinteiros, eletricistas e mestres de obras.
De acordo com a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP), a falta de profissionais tem elevado custos e atrasado cronogramas de empreendimentos públicos e privados.
A situação é semelhante na tecnologia da informação.
Empresas do setor afirmam que há escassez de especialistas em computação em nuvem (cloud computing), inteligência artificial (IA), business intelligence e ciência de dados.
Segundo a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), o déficit de profissionais qualificados tem dificultado a inovação e reduzido a competitividade de companhias portuguesas frente a concorrentes internacionais.
No turismo e na hotelaria, setor responsável por uma fatia expressiva do PIB, o problema também persiste.
Dados da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) indicam que a alta rotatividade de funcionários e a falta de novos trabalhadores interessados em atuar na área dificultam o pleno funcionamento de hotéis, bares e restaurantes, principalmente em períodos de maior movimento.
Salários competitivos impulsionam a contratação de estrangeiros
Para atrair mão de obra, empresas portuguesas têm oferecido salários mais altos e benefícios adicionais.
Em funções de tecnologia, a remuneração anual pode variar entre €50 mil e €80 mil, segundo levantamento da consultoria Michael Page Portugal, podendo alcançar valores superiores conforme o nível de especialização e experiência.
Em áreas operacionais, como construção e turismo, o aumento tem sido mais moderado, mas ainda relevante em comparação a anos anteriores.
Especialistas apontam que a valorização salarial é reflexo direto da escassez de trabalhadores e da necessidade de manter projetos e serviços em andamento.
Programas de qualificação e requalificação profissional em Portugal
Para reduzir o déficit de profissionais, o governo português e empresas privadas investem em programas de formação e requalificação.
Um dos principais é o PRO_MOV, vinculado à iniciativa europeia Reskilling 4 Employment (R4E), que oferece cursos rápidos e voltados a áreas com alta demanda.
De acordo com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o projeto conta com a parceria de grandes companhias como Sonae, Nestlé e SAP, e tem como objetivo recolocar adultos no mercado em funções técnicas, operacionais e digitais.
As formações priorizam a prática e a inserção rápida no ambiente de trabalho.
Vistos de trabalho e regras para atuar em Portugal
Para estrangeiros que já possuem contrato de trabalho em Portugal, o visto D1 é a via principal de entrada.
O documento permite residência legal e está vinculado à comprovação do vínculo empregatício.
Já o visto de procura de trabalho, que anteriormente autorizava a permanência de até 120 dias prorrogáveis por mais 60, passou por mudanças recentes.
Segundo informações dos centros de processamento de vistos e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), desde 23 de outubro de 2025, o modelo antigo deixou de ser emitido no Brasil.
Novas orientações foram divulgadas pelos consulados e variam conforme o perfil do solicitante.
Profissionais que pretendem trabalhar no país devem consultar os canais oficiais e apresentar comprovantes de qualificação e experiência profissional, o que facilita a análise do pedido e aumenta as chances de aprovação.
Brasileiros ganham espaço no mercado português
De acordo com entidades de recrutamento, brasileiros têm se destacado entre os profissionais estrangeiros contratados em Portugal.
O domínio da língua portuguesa e a familiaridade cultural facilitam a integração nas equipes e reduzem o tempo de adaptação.
Setores como construção civil, turismo e tecnologia continuam sendo os principais destinos para trabalhadores vindos do Brasil.
Segundo a Associação de Brasileiros em Portugal (ABP), o interesse por vagas no país aumentou após a pandemia, impulsionado pela retomada da economia e pelas oportunidades de crescimento profissional.
Oportunidades de requalificação para estrangeiros
Além das contratações diretas, há espaço para estrangeiros participarem de programas de requalificação.
O PRO_MOV e outras iniciativas do IEFP oferecem treinamentos voltados à transição de carreira, especialmente para áreas em expansão, como TI, saúde e serviços especializados.
Especialistas do setor de recursos humanos afirmam que a tendência é de crescimento contínuo da demanda por profissionais estrangeiros até que a formação local consiga suprir o mercado.
Empresas também têm ampliado seus próprios centros de capacitação, integrando treinamentos internos a parcerias com universidades e centros tecnológicos.
Fatores a considerar antes de aceitar uma proposta de emprego
Analistas de carreira recomendam que profissionais avaliem condições de trabalho, custo de vida e perspectivas de progressão salarial antes de aceitar propostas.
O custo de moradia em Lisboa e no Porto tem subido acima da média salarial, o que pode afetar o orçamento de recém-chegados.
Em contrapartida, cidades de médio porte oferecem custos mais baixos e qualidade de vida satisfatória, embora com menos oportunidades imediatas.
Na área de tecnologia, modelos híbridos e remotos permitem atuar para empresas portuguesas sem necessidade de mudança imediata, uma alternativa que tem sido explorada por brasileiros.
Você teria coragem de buscar uma vaga no país europeu diante dessa demanda crescente por profissionais qualificados?


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