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Porta-aviões da Marinha brasileira sempre foi causador de prejuízos e polêmicas ao longo da história

Escrito por Junior Aguiar
Publicado em 13/12/2022 às 14:20
porta-aviões, marinha
A compra do porta-aviões batizado de São Paulo tinha o objetivo de modernizar e fortalecer as operações conjuntas da Marinha e Aeronáutica

Embarcação está vagando há meses sem destino depois de ser impedida de entrar na Turquia e de atracar em Pernambuco devido ao risco sanitário e ambiental que apresenta.

O que era para ser o maior equipamento de guerra das Forças Armadas do Brasil, se tornou um grande causador de prejuízos e polêmicas ao longo do tempo. O porta-aviões São Paulo foi adquirido no ano de 2000 após o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso aceitar a oferta de US$ 12 milhões da marinha francesa, que era detentora da imponente embarcação. Mas, de lá para cá, vários acontecimentos negativos fizeram com que o porta-aviões deixasse de ser um sonho realizado para ser um verdadeiro pesadelo. Um verdadeiro navio fantasma.

A compra do porta-aviões batizado de São Paulo tinha o objetivo de modernizar e fortalecer as operações conjuntas da Marinha e Força Aérea Brasileira. Com 266 metros de cumprimento, uma boca de mais de 50 metros e capacidade de deslocar cerca de 30 mil toneladas, foi considerado o maior navio de guerra do hemisfério sul. A embarcação substituiu o navio Minas Gerais, tornando possível transportar o dobro de aeronaves: 16 aviões do tipo caça e 9 helicópteros. Além disso, tinha a capacidade para 1.800 marinheiros a bordo.

Os primeiros três anos da embarcação sob posse da Marinha foram consideráveis. Pelo menos 500 lançamentos de aeronaves e diversos outros exercícios militares foram realizados. Porém, em maio de 2004 aconteceu uma explosão no sistema de vapor da embarcação, resultando na morte de 3 tripulantes. Após esse fato, uma importante reforma foi providenciada, na qual todos os sistemas de circulação de água, vapor e combustível foram substituídos, além de atualizações no sistema elétrico e modernização no sistema de propulsão, entre outras melhorias nos sistemas de defesa.

A estimativa era de que em 2013 o porta-aviões voltasse a operar. Mas, em 2012, mesmo com as modernizações, um incêndio elétrico resultou na morte de um tripulante e deixou outros mais gravemente feridos. Assim, o navio voltou ao estaleiro para novas reformas. Em 2015, com a embarcação ainda fora de operação, o Governo Federal anunciou outra grande obra de modernização. O objetivo era estender a vida útil do São Paulo até, pelo menos, 2039, podendo receber novas aeronaves recentemente adquiridas. Mas o governo desistiu da ideia devido ao custo estimado: R$ 1 bilhão. Os gastos já acumulavam US$ 150 milhões, segundo estimativas, e hoje o que era para ser o maior patrimônio da Defesa brasileira, virou uma grande sucata, sem rumo e que ainda causa muitas discussões.

Reportagem da TV Record conta como o porta-aviões da Marinha se tornou uma embarcação sem rumo

Risco ambiental e sanitário impedem o Brasil de se livrar de porta-aviões

Por R$ 10 milhões (valor menor que o valor da compra – R$ 22 milhões à época), o Brasil vendeu seu ex-porta-aviões a um estaleiro na Turquia, pertencente a empresa SÖK Denizcilik Ticaret Limited, especializada em desmanches de embarcações. Mas o que era para ser o fim do pesadelo de ter que manter uma grande sucata inutilizada aqui no país, rendeu uma confusão ainda maior.

Quando se aproximava do Estreito de Gibraltar, levado por um rebocador holandês rumo à Turquia, o ministério de meio ambiente do Marrocos suspendeu o consentimento para a importação do bem, após um alerta do Greenpeace. Então, a embarcação foi impedida de seguir.

Acontece que o casco contém cerca de 10 toneladas de amianto, um material cancerígeno, além de outros materiais possivelmente radioativos. Ao retornar ao Brasil, a Marinha determinou que a atração acontecesse no Porto de Suape, no litoral de Pernambuco. Aí uma nova polêmica se criou.

O governo pernambucano entrou com um ação na Justiça Federal para que a embarcação não atracasse em Suape, devido ao risco ambiental, sanitário e à própria operação portuária, pois dos cinco berços de atração comercial, dois são destinados a movimentação de contêineres, e o navio-fantasma iria ocupar mais dois por conta de seu tamanho, restando um único berço para todas as demais operações no local.

A embarcação está sem rumo, parada a cerca de 30 quilômetros de distância da costa pernambucana (17 milhas náuticas) com monitoramento da Marinha. A SÖK Denizcilik Ticaret Limited estuda quais medidas irá tomar e não descarta processar o Governo de Pernambuco para reaver os prejuízos que é manter o casco e o rebocador em alto mar. A pergunta que fica é: quando esta polêmica terá fim?

Junior Aguiar

Jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco | Produtor de conteúdo web, analista, estrategista e entusiasta em comunicação.

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