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Por que o Brasil vendeu minas estratégicas para a China mesmo com ofertas maiores? Veja o impacto da decisão que amplia o domínio chinês no setor de níquel

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 25/08/2025 às 20:34
Anglo American vende minas de níquel no Brasil à estatal chinesa MMG por US$ 500 mi, gerando polêmica sobre soberania e mercado global.
Anglo American vende minas de níquel no Brasil à estatal chinesa MMG por US$ 500 mi, gerando polêmica sobre soberania e mercado global.
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Anglo American vendeu minas de níquel no Brasil para a MMG, da China Minmetals, por US$ 500 milhões. A operação envolveu ativos estratégicos, gerou questionamentos de soberania e repercussões internacionais, mesmo diante de oferta maior feita por outra empresa.

A venda das minas de níquel da Anglo American no Brasil para a MMG, subsidiária da estatal chinesa China Minmetals, por US$ 500 milhões, levantou questionamentos.

De acordo com o portal Poder360, em notícia publicada nesta segunda-feira (25), controvérsia surgiu porque a Corex Holding, ligada ao grupo turco Yildirim e sediada na Holanda, afirma ter feito uma oferta de US$ 900 milhões.

O negócio inclui os complexos de Barro Alto e Codemin (Niquelândia), em Goiás, além de projetos de exploração no Pará e em Mato Grosso.

Com a operação, a MMG passa a controlar aproximadamente 60% da produção nacional de níquel, ampliando ainda mais a presença chinesa em um insumo estratégico para baterias de veículos elétricos, energia renovável e aço inoxidável.

Motivos da venda por valor menor

Segundo especialistas ouvidos pelo setor e citados pelo Poder360, grandes transações desse porte não se baseiam apenas no valor ofertado.

Outros fatores pesam na decisão, como a probabilidade de aprovação regulatória, a origem dos recursos, a capacidade de manter as operações sem risco financeiro e a rapidez para concluir o negócio.

A MMG, subsidiária de um conglomerado estatal chinês de grande porte, apresentou maior segurança de execução e histórico de atuação internacional consolidado.

Já a Corex, apesar da proposta mais alta, poderia enfrentar entraves regulatórios e dificuldades de comprovação financeira, o que reduziria suas chances de efetivar a compra.

Além disso, a Anglo American tem implementado uma estratégia global de reestruturação, priorizando cobre, minério de ferro e nutrientes agrícolas.

Para a empresa, vender rapidamente ativos considerados não prioritários pode ter sido mais vantajoso do que esperar por uma oferta maior, mas de maior risco.

Incra aponta risco para a soberania

No Brasil, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi acionado para investigar se a venda cumpre as normas que limitam a compra de terras rurais por estrangeiros.

Como destacou o Poder360, o órgão alertou que as áreas minerárias estão em regiões sensíveis e que a transação pode comprometer a soberania, ao permitir a exploração de riquezas estratégicas sem garantir o desenvolvimento integral da cadeia produtiva dentro do país.

Em ofício, o Incra afirmou que é contraditório o Brasil possuir abundância de recursos minerais e, ao mesmo tempo, permitir a exploração sistemática por empresas estrangeiras sem estímulo ao fortalecimento do setor nacional.

Contestação da Corex

A Corex questiona o negócio no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e também na Comissão Europeia, alegando risco de concentração de mercado.

Em sua representação, a empresa afirmou que a transação permitirá à MMG assumir o controle total das operações de níquel da Anglo American no Brasil, consolidando ainda mais a posição da China.

Documentos apresentados pela holding estimam que empresas ligadas ao governo chinês podem deter até 60% do fornecimento global de níquel após a operação.

Para a Corex, isso traz riscos de elevação de preços, instabilidade de prazos de entrega e perda de previsibilidade para compradores brasileiros.

Na Europa, a companhia destacou que a venda precisa de avaliação rigorosa, já que o níquel foi classificado como insumo estratégico pelo Critical Raw Materials Act da União Europeia.

Reações internacionais

O caso também repercutiu nos Estados Unidos.

O Instituto Americano do Ferro e do Aço (AISI) pediu ao governo norte-americano que pressione o Brasil a rever o acordo, alegando que ele amplia a dependência global em relação à China em um setor considerado crítico.

A preocupação é que o domínio chinês no fornecimento de níquel impacte cadeias industriais essenciais no Ocidente.

O que dizem as empresas

A Anglo American informou que a decisão está alinhada à sua estratégia de focar em setores prioritários e ressaltou que a venda não foi motivada apenas pelo valor, mas por seu reposicionamento global.

A MMG, por sua vez, afirmou que cumprirá todas as exigências regulatórias no Brasil e classificou a transação como positiva para empregados, comunidades locais e acionistas.

Essa operação mostra, segundo especialistas, que, em negociações estratégicas, fatores como segurança regulatória, confiabilidade financeira e cenário geopolítico podem pesar mais do que a oferta em dinheiro.

Ainda assim, a transação reforça a presença da China no setor e levanta a questão: como o Brasil pode atrair investimentos sem abrir mão do controle sobre recursos considerados essenciais?

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Nilma
Nilma
25/08/2025 21:13

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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