O que a linguagem diz sobre quem somos? Conheça as teorias mais fascinantes sobre o surgimento da fala humana e as línguas que o mundo já esqueceu
Muito antes do surgimento das palavras, nossos ancestrais já se comunicavam. Expressões faciais, gestos, sons guturais e até as pinturas rupestres são exemplos de formas pré-linguísticas de transmitir ideias. De fato, a linguagem humana nasce da necessidade — de registrar, interagir, compartilhar.
Segundo Charles Darwin, a linguagem surgiu da imitação de sons naturais e de outros animais, associada a gestos e gritos instintivos. Outros cientistas sugerem que os primeiros sons verbais se originaram da tentativa de replicar sons corporais ou da necessidade de coordenar esforços em atividades coletivas, como carregar objetos pesados. Em suma: a linguagem não nasceu de um único evento, mas de uma evolução multifacetada ao longo de milênios.
A criatividade humana: Um diferencial evolutivo
O que diferencia profundamente a linguagem humana da comunicação animal é a capacidade de criar. Um exemplo dado no vídeo é a frase sem sentido “Pedro abacaxi, acabou Yorkshire”, que provavelmente nunca foi dita antes. Isso mostra a flexibilidade criativa da nossa fala — algo único no reino animal.
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Além disso, a mesma frase pode ter diferentes significados conforme a entonação, o contexto e a intenção. É essa complexidade que torna o estudo da linguagem tão fascinante e multifacetado.
Da raiz ao tronco: O proto-indo-europeu
A primeira língua conhecida que teria dado origem a diversas outras é o Proto-Indo-Europeu. Embora seu local exato de origem ainda seja debatido, muitos especialistas apontam para a região da atual Turquia. Dessa língua-mãe derivaram idiomas como o português, o espanhol, o inglês, o hindi, entre muitos outros.
Com as migrações humanas, guerras e trocas culturais, o Proto-Indo-Europeu se dividiu em diversos troncos linguísticos. Cada povo que surgia ou se deslocava moldava e transformava o idioma que carregava, criando novas línguas e dialetos ao longo do tempo.
A torre de babel moderna: 7 mil idiomas e crescendo
Atualmente, existem cerca de 7 mil línguas faladas no mundo. No Brasil, por exemplo, são mais de 200, a maioria de origem indígena. O problema é que cerca de 94% da população mundial fala apenas 10% dessas línguas — o que significa que a imensa maioria dos idiomas está nas mãos (ou bocas) de uma minoria.
A UNESCO alerta que, em média, uma língua desaparece a cada duas semanas. Se nada for feito, até o fim do século XXI, metade dessas línguas poderá ser extinta. O desaparecimento de um idioma representa muito mais do que a perda de um modo de falar; é o fim de uma visão de mundo, de uma identidade coletiva, de uma cultura inteira.
Línguas mortas, línguas artificiais e a busca pela unidade
Entre as línguas que deixaram de ser faladas por comunidades inteiras está o latim — exemplo clássico de uma língua morta. Ainda é estudado, usado em missas, obras literárias e até em feitiços de Harry Potter, mas não é língua materna de ninguém.
Tentativas de criar um idioma universal também já existiram. O caso mais notório é o Esperanto, inventado por Ludwik Zamenhof no século XIX. Com regras simples e vocabulário inspirado em diversas línguas europeias, o Esperanto hoje é falado por cerca de 10 milhões de pessoas em diferentes níveis de fluência. Existem ainda outras tentativas, como o Novial, o Ido e a Interlíngua — todas buscando uma comunicação internacional acessível.
Há também línguas criadas com propósitos artísticos, como o Klingon, da série Star Trek, ou o Nadsat, da obra Laranja Mecânica. Elas provam que a linguagem é também um campo de experimentação cultural.
Por que não falamos todos a mesma língua?
Apesar dessas tentativas, criar uma língua globalmente falada esbarra em desafios práticos e políticos. Para a maioria dos países, não faz sentido abandonar seus idiomas nativos em favor de um artificial. O acesso desigual à educação é outro obstáculo enorme. Em países como o Brasil, apenas 1% da população tem fluência em inglês — imagine então a dificuldade em difundir um idioma ainda mais marginal como o Esperanto.
Além disso, há uma beleza inegável na diversidade linguística. Cada língua carrega consigo uma forma única de ver o mundo, de contar histórias, de viver e sentir.
Celebrar a diversidade linguística
A pluralidade de línguas é um dos traços mais fascinantes da humanidade. Em vez de lamentar que não falamos todos a mesma língua, talvez devêssemos celebrar o fato de termos tantas formas de nos expressar. Aprender um novo idioma é também mergulhar em uma nova cultura, ampliar horizontes e se conectar com outros modos de vida.
A globalização pode aproximar, mas a linguagem continua sendo uma ponte entre as culturas — e nunca uma barreira, desde que a vontade de se entender exista.
Se o Esperanto fosse adotado por qualquer grande organização internacional devido a sua incrível facilidade e velocidade de alcance de fluência (você pode se tornar fluente como um nativo em seis meses), o Esperanto se mostraria tão eficaz e tão útil que se tornaria de fato a segunda língua de toda a humanidade muito rapidamente.
Talvez seja só uma questão de tempo até surgir uma organização internacional visionária que requeira o Esperanto como língua de trabalho. E então isso mudará o mundo.
Eram os deuses astronautas? Em seu livro Van Daniken deixou também seu legado. Achei muito interessante e possível. Leiam.
Sensacional texto. Muito interessante. Meu dicionário bilíngue de expressões idiomáticas da língua portuguesa e francesa mostra que muitas vezes um idioma esbarra, se apropia, aceita uma expressão de outro idioma. É esse “elo” perdido entre as línguas que existiam lá na antiga Turquia até as línguas existentes e faladas nos dias atuais do século XXI, que provoca o fascínio dos linguistas, professores, pesquisadores e amantes dos idiomas.