Revolução na luta contra a poluição: Startup desenvolve dispositivo portátil e de baixa manutenção para coleta de microplásticos, inspirado na biomimética
A poluição por microplásticos é uma das crises ambientais mais insidiosas do nosso tempo. Essas pequenas partículas, com menos de cinco milímetros, surgem da decomposição de materiais plásticos maiores e de fontes como fibras sintéticas e microesferas presentes em produtos de cuidados pessoais. Embora pequenas, essas partículas são onipresentes em nossos ecossistemas aquáticos e têm consequências devastadoras para a vida marinha e, potencialmente, para a saúde humana.
O impacto dos microplásticos no ambiente
Estudos recentes revelam que existem cerca de 171 trilhões de partículas de microplásticos flutuando em rios, lagos e oceanos ao redor do mundo. Essa imensa quantidade de poluentes tem um efeito cascata nos ecossistemas aquáticos, afetando organismos de todos os tamanhos, desde o plâncton até grandes mamíferos marinhos como as baleias. Quando ingeridos, os microplásticos podem causar danos físicos internos, interferir na capacidade de alimentação dos animais e, em casos extremos, levar à morte.
Além disso, os microplásticos estão presentes na cadeia alimentar humana. Estudos indicam que os seres humanos consomem aproximadamente 5 gramas de microplásticos por semana, o equivalente a ingerir 50 sacolas plásticas por ano. Essa exposição contínua levanta preocupações sobre possíveis efeitos adversos à saúde, como inflamações, desregulação hormonal e exposição a substâncias químicas tóxicas.
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A solução da PolyGone Systems
Em meio a esse cenário alarmante, a startup de tecnologia limpa PolyGone Systems, localizada em Nova Jersey, EUA, surge como um farol de esperança. Fundada por Nathaniel Banks e Yidian Liu, a empresa está comprometida em combater a poluição marinha por microplásticos por meio de tecnologias revolucionárias com patente pendente. Entre elas, destacam-se o dispositivo Plastic Hunter e o Artificial Root Filter, projetados para capturar e analisar microplásticos em ambientes aquáticos.
A PolyGone Systems foi oficialmente lançada em maio de 2021, mas sua origem remonta ao projeto de tese conjunta de arquitetura de Banks e Liu na Universidade de Princeton.
Durante sua pesquisa, a dupla se deparou com as falhas da indústria de reciclagem de plástico e a vasta quantidade de plásticos que acabam poluindo os oceanos a cada ano. Alarmados pela ausência de infraestrutura eficaz para remover microplásticos de corpos d’água, Banks e Liu decidiram desenvolver soluções inovadoras para enfrentar esse desafio.
Um dos maiores obstáculos na remoção de microplásticos é o tamanho diminuto dessas partículas. A maioria dos dispositivos de coleta de plástico em uso atualmente tem dificuldade em capturar partículas menores que um milímetro. Embora existam sistemas industriais de tratamento de água que conseguem filtrar partículas ainda menores, esses sistemas são extremamente caros e de difícil implementação, tornando sua adoção limitada.
Em resposta a essas limitações, Banks e Liu criaram o Plastic Hunter — uma estrutura modular e acessível que monitora, coleta e remove microplásticos de rios e lagos. O diferencial do Plastic Hunter é o uso do Artificial Root Filter, um filtro biomimético inspirado na estrutura das raízes de plantas aquáticas. Composto por milhares de fibras de silicone hidrofóbicas, o filtro é altamente eficaz na captura de microplásticos, sem interferir nos ecossistemas.
“Em vez de depender de métodos tradicionais de filtragem com malhas, inventamos um filtro biomimético que imita a estrutura fibrosa das raízes das plantas aquáticas”, explica Liu. “As fibras de silicone atraem e prendem as pequenas partículas de plástico devido às suas propriedades hidrofóbicas. Nossos experimentos mostraram que quanto menores as partículas, mais eficaz é o filtro em capturá-las.”
Eficiência no combate à poluição
Os filtros de raiz artificial podem ser facilmente acoplados a várias estruturas ou ao hub de monitoramento Plastic Hunter para amostragem e remediação eficientes. O dispositivo pode ser implantado em corpos d’água de diferentes tamanhos e configurações, sem a necessidade de bombas ou eletricidade. A análise dos filtros oferece dados valiosos sobre a contaminação por microplásticos, ajudando na formulação de estratégias de mitigação em áreas urbanas e rurais.
Em locais com alta concentração de poluição, autoridades podem instalar grandes conjuntos de filtros para realizar a remediação em maior escala.
A infraestrutura de suporte da PolyGone é adaptável, permitindo que os filtros sejam customizados para atender às condições específicas de cada ambiente.
Além da coleta eficiente, a PolyGone desenvolveu uma solução inovadora para a limpeza dos filtros, garantindo sua longevidade e eficácia. “Desenvolvemos um dispositivo de limpeza que sacode os filtros, removendo os microplásticos capturados,” destaca Liu.
“Com a adição de um detergente especializado, conseguimos remover 91% dos microplásticos dos filtros, que são então reinseridos em operação.”
Essa abordagem sustentável e de baixo custo torna o Plastic Hunter uma solução promissora na luta contra a poluição por microplásticos, oferecendo uma maneira prática e eficaz de proteger nossos ecossistemas aquáticos.
PolyGone Systems
A inovação da PolyGone Systems representa um passo significativo na batalha contra a poluição por microplásticos. Com uma abordagem biomimética e soluções acessíveis, a startup está transformando a maneira como abordamos a limpeza dos nossos corpos d’água.
À medida que continuamos a enfrentar os desafios ambientais do século XXI, tecnologias como o Plastic Hunter serão essenciais para proteger a vida marinha e a saúde humana, assegurando um futuro mais limpo e sustentável.