1. Início
  2. / Curiosidades
  3. / Plataforma transfere valor equivalente a R$ 36 milhões por engano via aplicativo, tenta reaver o dinheiro e descobre que o casal que recebeu comprou uma mansão de luxo com o valor; caso ocorreu em 2021
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Plataforma transfere valor equivalente a R$ 36 milhões por engano via aplicativo, tenta reaver o dinheiro e descobre que o casal que recebeu comprou uma mansão de luxo com o valor; caso ocorreu em 2021

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 18/10/2025 às 13:45
Plataforma transfere valor equivalente a R$ 36 milhões por engano via aplicativo, tenta reaver o dinheiro e descobre que o casal que recebeu comprou uma mansão de luxo com o valor; caso ocorreu em 2021
Foto: Plataforma transfere valor equivalente a R$ 36 milhões por engano via aplicativo, tenta reaver o dinheiro e descobre que o casal que recebeu comprou uma mansão de luxo com o valor; caso ocorreu em 2021
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Erro de R$ 36 milhões: Crypto.com transfere fortuna por engano, casal compra mansão e acaba condenado na Austrália por apropriação indevida.

Um simples erro de digitação em uma transação bancária se transformou em um dos casos mais impressionantes e comentados da história recente do sistema financeiro global. Em 2021, a plataforma de criptomoedas Crypto.com transferiu R$ 36 milhões (AU$ 10,5 milhões) por engano para a conta de um casal australiano, que, em vez de devolver o valor, decidiu gastar a fortuna inesperada comprando uma mansão de luxo em Melbourne. O caso, que só veio à tona meses depois, terminou na Justiça e expôs como falhas em sistemas automatizados podem gerar consequências jurídicas milionárias.

O erro ocorreu quando a empresa tentava processar um reembolso de apenas AU$ 100 (cerca de R$ 340) para uma cliente, Thevamanogari Manivel, mas um funcionário acabou inserindo os números errados em um campo de pagamento, o que resultou na transferência de AU$ 10.474.143. O engano passou despercebido por sete meses, até que uma auditoria interna detectou o rombo nas contas corporativas da corretora.

O dia em que o “erro de digitação” virou uma fortuna

Segundo documentos judiciais do Tribunal Supremo do Estado de Victoria, o dinheiro caiu diretamente na conta de Manivel, que imediatamente o transferiu para uma conta conjunta com o marido, Jatinder Singh. A partir daí, o casal iniciou uma série de transações que incluíram compra de imóveis, veículos e transferências para parentes.

A Normatel Engenharia anunciou a abertura de vagas de emprego imediatas para atuação na Refinaria Abreu e Lima (RNEST), localizada em Ipojuca, Pernambuco. As oportunidades abrangem cargos técnicos e de engenharia, com destaque para o setor de instrumentação, elétrica e planejamento.

Entre os gastos, o mais notório foi a aquisição de uma mansão de AU$ 1,35 milhão (R$ 4,6 milhões) em Craigieburn, subúrbio de Melbourne. O imóvel de dois andares foi comprado à vista, sem financiamento. Parte dos recursos também teria sido enviada a contas bancárias na Malásia e em outros países da Ásia.

Quando a Crypto.com percebeu o erro, já era tarde: a maior parte do dinheiro havia desaparecido. A empresa imediatamente acionou o tribunal e conseguiu bloquear parte dos ativos, mas apenas uma fração dos R$ 36 milhões pôde ser recuperada.

A batalha judicial

O processo, que ganhou repercussão mundial em 2022, revelou o tamanho da negligência e a lentidão no sistema de auditoria da empresa. Durante o julgamento, o juiz James Dudley Elliott considerou o caso “uma das falhas financeiras mais graves já registradas em transações digitais na Austrália” e determinou que o casal devolvesse integralmente o valor.

Como não houve restituição imediata, a Justiça ordenou o confisco da mansão e de todos os bens comprados com o dinheiro. Os imóveis foram vendidos em leilão judicial e o valor arrecadado — cerca de AU$ 1,3 milhão foi revertido para a corretora.

Em 2024, o caso ganhou um novo capítulo: Jatinder Singh foi condenado a 3 anos de prisão por apropriação indevida e lavagem de dinheiro, enquanto Manivel recebeu pena de 18 meses de regime semiaberto.

Durante o julgamento, os advogados do casal alegaram que acreditavam ter ganho um prêmio ou investimento legítimo, mas o tribunal rejeitou a justificativa, classificando-a como “fantasia sem fundamento”.

Um erro que abalou a reputação de uma gigante

A Crypto.com, uma das maiores plataformas de criptomoedas do mundo, enfrentou forte repercussão negativa após o episódio. Fundada em 2016, a empresa se tornou uma potência global com mais de 80 milhões de usuários e investimentos bilionários em marketing, incluindo contratos com a FIFA, a UFC e o Los Angeles Arena, rebatizado de Crypto.com Arena.

Após o escândalo, a empresa anunciou revisão completa dos protocolos de pagamento e controle interno, além da criação de uma divisão de auditoria independente para evitar novas falhas. “Esse incidente foi um lembrete doloroso de que até as empresas mais tecnológicas são vulneráveis ao erro humano”, afirmou um porta-voz da companhia.

O caso também levantou um debate jurídico na Austrália sobre a obrigação legal de devolver valores recebidos por engano, tema regido pelo princípio do “unjust enrichment” (enriquecimento sem causa). Segundo o código civil australiano, qualquer valor transferido incorretamente deve ser devolvido, independentemente da intenção do recebedor e o uso consciente do dinheiro constitui crime.

Impactos globais e lições do caso

O episódio da Crypto.com tornou-se referência mundial para bancos e fintechs. Empresas de tecnologia financeira passaram a adotar verificações duplas e sistemas de inteligência artificial capazes de detectar inconsistências de valores antes de efetuar transferências de grande porte.

Para especialistas, o caso é emblemático porque mostra como a digitalização financeira exige responsabilidade redobrada. O advogado e consultor em compliance financeiro Michael O’Donnell, ouvido pelo Sydney Morning Herald, destacou: “A automatização reduz custos, mas amplia riscos. Basta um dígito errado para movimentar milhões e destruir reputações.”

Além do impacto jurídico, o caso virou um alerta moral sobre ganância e ética. Em entrevistas posteriores, promotores afirmaram que o comportamento do casal demonstrou “clara consciência de culpa” e “abuso da confiança implícita no sistema financeiro digital”.

O episódio também inspirou pautas semelhantes em outros países. No Reino Unido, um casal foi processado após gastar £120 mil transferidos por erro bancário. Nos Estados Unidos, casos envolvendo depósitos acidentais milionários também foram registrados, reforçando a necessidade de padronização internacional de protocolos de reversão de transferências.

O caso australiano serve de lição sobre os limites entre sorte e crime na era das finanças digitais. O casal que viu R$ 36 milhões aparecerem “do nada” na conta acabou perdendo tudo — dinheiro, bens e liberdade enquanto a empresa teve que lidar com danos reputacionais profundos.

No fim, o episódio deixou uma verdade incontestável: em um mundo cada vez mais digital, a ética ainda é a moeda mais valiosa.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
1
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x