Comércio bilionário e sanções iminentes contra Moscou provocam alta imediata nas cotações internacionais do petróleo
O mercado global de petróleo iniciou a semana em alta acentuada.
O motivo foi o anúncio de um pacto comercial robusto entre Estados Unidos e União Europeia, revelado no domingo (28).
O fato foi seguido por um ultimato do presidente americano Donald Trump à Rússia.
Ambos os acontecimentos, somados, impulsionaram as cotações do petróleo tipo Brent e WTI nesta segunda-feira (29).
Isso sinaliza uma possível reorganização na cadeia energética global diante de tensões geopolíticas crescentes.
Cotação sobe com anúncio de compra bilionária da UE
Em resposta imediata ao novo acordo, o barril de Brent subiu 2,34%, atingindo US$ 70,04.
Esse contrato é negociado em Londres para entrega em setembro.
Simultaneamente, o West Texas Intermediate (WTI), referência nos Estados Unidos, avançou 2,38%, cotado a US$ 66,71.
Segundo Gregory Brew, analista do Eurasia Group, o mercado reagiu positivamente à estabilidade tarifária entre as duas potências econômicas.
Durante encontro oficial na Escócia, Donald Trump e Ursula von der Leyen divulgaram um pacto comercial.
A presidente da Comissão Europeia e o presidente americano anunciaram tarifas de 15% aos produtos europeus exportados aos EUA.
Antes do acordo, exportadores temiam uma taxa de até 30%, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
Essa resolução antecipada reduziu incertezas e fortaleceu o otimismo nos mercados.
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União Europeia compromete US$ 750 bilhões em hidrocarbonetos
Além do alívio tarifário, o pacto estabelece que a União Europeia comprará US$ 750 bilhões em hidrocarbonetos dos Estados Unidos nos próximos três anos.
O volume inclui gás natural, petróleo e combustíveis nucleares.
De acordo com Robert Yawger, da Mizuho USA, essa compra massiva representa um reposicionamento energético estratégico da UE.
O objetivo é reduzir sua dependência da energia russa.
Essa movimentação fortalece os laços comerciais transatlânticos.
Ela também sinaliza maior alinhamento político entre EUA e Europa frente à guerra na Ucrânia.
O aumento da demanda por petróleo americano ajuda a justificar a valorização registrada nos contratos futuros do setor.
Prazo apertado para Rússia pressiona ainda mais os preços
Outro fator que contribuiu fortemente para a alta nas cotações foi o novo ultimato dado por Trump ao presidente russo Vladimir Putin.
O líder americano estipulou, nesta segunda-feira (29), um novo prazo de “10 ou 12 dias” para que Moscou encerre o conflito com a Ucrânia.
Caso contrário, novas sanções severas serão aplicadas.
Essas sanções atingirão não apenas a Rússia, mas também países e empresas que continuarem utilizando petróleo russo.
Essa declaração elevou o alerta no setor energético internacional.
O risco de sanções ampliadas sobre petróleo russo impulsiona o redirecionamento imediato da demanda global.
Isso aumenta a busca por fornecedores alternativos, principalmente nos Estados Unidos e Oriente Médio.
A escalada do conflito agrava a volatilidade e reforça a valorização do barril.
China também entra na equação do mercado global
Enquanto os Estados Unidos e a União Europeia fortalecem laços, ao mesmo tempo, as negociações entre China e EUA ainda seguem em andamento.
Além disso, a terceira rodada de diálogos teve início nesta segunda-feira (29), em Estocolmo, marcando mais um esforço conjunto para reduzir tensões.
Como resultado disso, a China, maior importador mundial de petróleo bruto, continua a exercer papel crucial no equilíbrio entre oferta e demanda global.
De acordo com Robert Yawger, um eventual fracasso nas conversas certamente poderia provocar destruição imediata da demanda chinesa, gerando efeitos colaterais no mercado mundial.
Por consequência, isso afetaria negativamente o consumo global e pressionaria novamente os preços de forma significativa.
No entanto, enquanto o clima de cooperação entre EUA e Europa persistir, a tendência geral ainda será de alta nos preços.
Caso os impasses com a Rússia continuem, os mercados de energia, por sua vez, devem manter a volatilidade sustentada.