Petrobras destina US$ 77 bilhões para exploração e produção e US$ 20 bilhões para refino: maior plano de investimento da década
A Petrobras, sob a gestão de Magda Chambriard, deu início ao primeiro plano de investimentos que reflete uma estratégia de priorização da produção e refino de petróleo. Alinhada ao lema “toda gota de petróleo conta”, a empresa apresenta um enfoque menos intenso nas energias renováveis, uma mudança que já vinha sendo antecipada pela nova administração da estatal.
O plano, válido para o período de 2025 a 2029, será debatido na próxima quinta-feira (21) pelo conselho de administração da Petrobras. No entanto, informações preliminares obtidas pela Folha mostram um orçamento estimado em US$ 111 bilhões (cerca de R$ 640 bilhões), superando a versão anterior de US$ 102 bilhões (R$ 580 bilhões).
A ampliação do investimento também viabilizará a distribuição de dividendos esperados pelo mercado, incluindo até US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) em dividendos extraordinários.
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Flexibilização financeira e endividamento da Petrobras
Uma das propostas centrais do plano é o aumento do limite de endividamento da Petrobras, de US$ 65 bilhões (R$ 370 bilhões) para US$ 70 bilhões (R$ 398 bilhões). A diretoria da estatal argumenta que a medida é necessária para garantir maior flexibilidade financeira, permitindo investimentos mais robustos em áreas estratégicas.
Esse aumento de capital também está atrelado à intenção de manter uma produção média de 3,2 milhões de barris de petróleo e gás por dia ao longo da próxima década. Para isso, serão destinados US$ 77 bilhões (R$ 440 bilhões) ao setor de exploração e produção, com US$ 7,9 bilhões (R$ 45 bilhões) direcionados a novas reservas em bacias como a da margem equatorial e a de Pelotas, além de projetos na África.
Expansão em refinarias e diversificação
Outro ponto destacado no plano é o aumento do investimento em refino, que salta de US$ 17 bilhões (R$ 97 bilhões) para US$ 20 bilhões (R$ 114 bilhões). Esses recursos serão utilizados para acelerar obras importantes, como as da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Boaventura, no Rio de Janeiro.
Além do foco no petróleo, a Petrobras planeja diversificar suas atividades. Projetos na área de petroquímica e fertilizantes, deixados de lado durante a gestão de Jair Bolsonaro, retornam à pauta sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os principais investimentos está a retomada da construção da unidade de fertilizantes em Três Lagoas (MS), com previsão de R$ 3,5 bilhões, e a reativação das operações da Araucária Nitrogenados, no Paraná.
Menor foco em energias renováveis
Embora a transição energética seja uma preocupação global, o plano da Petrobras reduz o investimento em geração de energia solar e eólica, mantendo um orçamento de US$ 11 bilhões (R$ 62 bilhões) para projetos de baixo carbono. O foco está na descarbonização das operações da empresa, com iniciativas voltadas à eficiência energética e tecnologias de captura de carbono.
A gestão Chambriard defende que o petróleo continuará desempenhando um papel essencial na economia mundial por décadas. A estratégia de “transição energética justa” busca equilibrar a produção de energia acessível com as metas de sustentabilidade. “É possível explorar petróleo de forma responsável, zelando pelo meio ambiente e promovendo uma transição que atenda a todos”, afirmou Magda Chambriard em entrevista na última quinta-feira (13).
Compromisso com a sustentabilidade
Apesar da aposta no petróleo, a Petrobras reafirma seu compromisso com o Acordo de Paris, que estabelece a meta de neutralizar as emissões líquidas de carbono até 2050. Segundo Magda, a estatal investe em iniciativas ambientais e sociais que reforçam sua responsabilidade climática. “A liderança na transição energética justa não é incompatível com a exploração de petróleo e gás”, destacou.
Reações do mercado e expectativas
O mercado aguarda com ansiedade a aprovação final do plano, que definirá o papel da Petrobras nos próximos anos. A expectativa é que a estratégia sinalize não apenas a capacidade da empresa de manter altos níveis de distribuição de dividendos, mas também sua habilidade de navegar entre as demandas de uma economia verde e a pressão por resultados financeiros imediatos.
No governo, o plano tem apoio do presidente Lula, que vê no petróleo uma fonte crucial para financiar projetos que promovam emprego e desenvolvimento social. Ainda assim, o desafio será equilibrar a busca por lucro com o avanço de políticas sustentáveis.