A FUP alerta sobre os elevados investimentos da Petrobras no Amapá, que já superam R$ 1 bilhão. O vencimento do contrato da sonda ODN II pode afetar o setor de petróleo e gás e gerar impactos regionais significativos
Em 13 de outubro de 2025, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou um alerta sobre os elevados gastos da Petrobras no Amapá, que já ultrapassam R$ 1 bilhão. O comunicado também chama atenção para o vencimento iminente do contrato da sonda ODN II, previsto para o dia 21 de outubro, o que pode comprometer a continuidade das operações exploratórias na região. O caso levanta preocupações sobre a gestão dos recursos públicos e os impactos no setor de petróleo e gás brasileiro.
Gastos da Petrobras no Amapá ultrapassam R$ 1 bilhão
Segundo o relatório da FUP, a Petrobras investiu mais de R$ 1 bilhão em atividades de perfuração no Amapá, utilizando a sonda ODN II para explorar blocos na costa norte do país. No entanto, nenhum resultado comercial foi obtido até o momento, o que levanta questionamentos sobre a viabilidade econômica da operação.
A sonda ODN II está contratada até o dia 21 de outubro e, até então, não há definição sobre sua continuidade, alerta a FUP. A entidade também critica a falta de transparência da estatal quanto aos planos futuros para a região.
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Além dos custos operacionais, há despesas com logística, segurança, transporte e suporte técnico que elevam ainda mais o montante investido. A ausência de descobertas relevantes até agora torna o cenário ainda mais delicado.
Amapá como nova fronteira exploratória da Petrobras
O Amapá tem sido considerado uma nova fronteira para a exploração de petróleo offshore no Brasil. Os blocos exploratórios na costa amapaense fazem parte da Margem Equatorial, uma área que desperta interesse por seu potencial geológico semelhante ao da Guiana e Suriname, onde grandes reservas foram descobertas nos últimos anos.
Entretanto, a ausência de descobertas comerciais até agora e os altos custos operacionais colocam em xeque a continuidade dos investimentos. A Petrobras enfrenta o desafio de equilibrar o risco exploratório com a necessidade de retorno financeiro, especialmente em um cenário de transição energética e pressão por sustentabilidade.
A região também apresenta desafios ambientais e sociais, exigindo cuidados adicionais com comunidades tradicionais e áreas de preservação.
Contrato da sonda ODN II: ponto crítico para a Petrobras
A sonda ODN II, operada pela empresa Ocyan, é uma unidade de perfuração semissubmersível que tem atuado nos blocos da Margem Equatorial. O contrato atual, que vence em 21 de outubro de 2025, é considerado estratégico para a continuidade das atividades no Amapá.
Segundo a FUP, a falta de definição sobre a renovação ou substituição da sonda pode levar à paralisação das operações, o que representaria um retrocesso nos esforços de exploração na região. Além disso, há preocupações sobre o impacto na cadeia produtiva e nos empregos gerados direta e indiretamente pela operação.
A interrupção das atividades pode gerar prejuízos logísticos e comprometer o cronograma de exploração, afetando inclusive a imagem da Petrobras perante investidores e parceiros internacionais.
FUP cobra transparência e planejamento estratégico
A Federação Única dos Petroleiros tem sido uma voz ativa na cobrança por maior transparência e planejamento estratégico por parte da Petrobras. No comunicado de 13 de outubro, a entidade afirma que os gastos bilionários no Amapá não têm sido acompanhados de resultados concretos, o que compromete a credibilidade da estatal.
A FUP também destaca que a falta de diálogo com os trabalhadores e com a sociedade civil agrava a situação, especialmente em um momento em que o setor de petróleo e gás enfrenta desafios globais relacionados à descarbonização e à competitividade.
É preciso que a Petrobras apresente um plano claro para a Margem Equatorial, com metas, prazos e justificativas técnicas, afirma o documento da FUP. A entidade também defende maior participação dos sindicatos e conselhos regionais nas decisões estratégicas.
Impactos no setor de petróleo e gás brasileiro
O caso da Petrobras no Amapá é emblemático dos dilemas enfrentados pelo setor de petróleo e gás no Brasil. Por um lado, há a necessidade de ampliar a produção para garantir segurança energética e arrecadação fiscal. Por outro, os riscos exploratórios e os custos elevados exigem uma gestão eficiente e transparente.
Além disso, a transição energética global pressiona as empresas a diversificarem seus portfólios e investirem em fontes renováveis, o que pode reduzir o apetite por projetos de alto risco como os da Margem Equatorial. A decisão sobre o futuro da sonda ODN II será um indicativo do posicionamento estratégico da Petrobras diante desses desafios.
A continuidade dos investimentos no Amapá depende de uma análise criteriosa dos riscos e oportunidades, considerando não apenas o retorno financeiro, mas também os impactos sociais e ambientais.
Repercussões políticas e ambientais no Amapá
A exploração de petróleo na costa do Amapá também tem gerado debates ambientais e políticos. Organizações da sociedade civil têm manifestado preocupação com os impactos sobre ecossistemas sensíveis, como o Parque Nacional do Cabo Orange e áreas de manguezais.
Parlamentares da região cobram maior envolvimento da Petrobras com as comunidades locais e exigem garantias de que os investimentos trarão benefícios concretos para o desenvolvimento regional, como geração de empregos, infraestrutura e capacitação profissional.
A ausência de diálogo com lideranças locais pode comprometer a aceitação social do projeto, além de gerar conflitos e resistência por parte de grupos ambientais e indígenas.
O papel da Petrobras e o futuro da exploração no Amapá
Diante do alerta da FUP e da proximidade do vencimento do contrato da sonda ODN II, a Petrobras precisa tomar decisões estratégicas que vão além da renovação contratual. É necessário avaliar os resultados obtidos até agora, os custos envolvidos e o potencial real da Margem Equatorial.
A empresa também deve considerar os impactos reputacionais e a necessidade de manter sua posição como líder no setor de petróleo e gás, sem comprometer sua imagem pública. A transparência nas decisões e o envolvimento dos diversos atores sociais são fundamentais para garantir legitimidade e sustentabilidade aos projetos.
O Amapá representa uma oportunidade estratégica para o Brasil, mas essa oportunidade só será concretizada com responsabilidade, planejamento e compromisso com o desenvolvimento sustentável.