Gigantes petrolíferas pelo mundo têm cortado gradualmente produção de petróleo e investido em energias renováveis, enquanto que Petrobras planeja aumentar a produção de óleo até 2026
A Petrobras tem sido o centro de debate político em todo o Brasil, sendo alvo de críticas e até acusada de contribuir com a inflação do país, devido sua política de preços que resulta nos valores da gasolina e do diesel. Não o bastante, a petrolífera brasileira ainda enfrenta o gigante desafio que é sobreviver ao fim da era do petróleo, tendo que começar a atuar no campo das energias renováveis.
De acordo com a classe científica, a humanidade deve reduzir já de forma drástica o uso de combustíveis derivados do petróleo para frear catástrofes climáticas. Em setembro de 2021, a revista Nature publicou um estudo apontando que a produção de petróleo e gás no planeta deveria cair 3% a cada ano até 2050 para que o aquecimento global caísse 1,5°C.
No mesmo ano, a Agência Internacional de Energia (AIE) também divulgou um estudo que envolvia a produção de petróleo com o aquecimento global. A orientação foi para que nenhuma nova reserva do óleo ou de carvão fosse explorada afim de evitar os cenários calamitosos de mudanças climáticas.
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Enquanto isso, a Petrobras pretende ampliar em cerca de 45% sua produção de petróleo até 2026, com 15 novas plataformas em poços do pré-sal, aumentando de 2,2 milhões de barris por dia para 3,2 milhões de bpd. Portanto, a petroleira brasileira entende que o petróleo continuará gerando rendimentos financeiros satisfatórios no futuro, apesar do planeta caminhar para um sistema de produção de energia e combustíveis menos dependentes dos fósseis. Ano passado, a empresa lucrou mais de R$ 106 bilhões, resultando o pagamento de R$ 37,3 bilhões em dividendos à União.
Vale lembrar que o conceito de sociedade sustentável não se limita à práticas voltadas à natureza, o que também é de suma importância. Mas também diz respeito á uma economia saudável, com mais oportunidades para todos. Porém, hoje o preço dos combustíveis pesa demais no bolso do brasileiro.
Petroleiras que têm investido em energias sustentáveis pelo mundo
Em agosto de 2019, o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, havia dito que a empresa não investiria mais em energias renováveis “porque é um negócio que requer competências diferentes do negócio do petróleo e gás”.
De lá pra cá, porém, várias empresas do ramo passaram a investir no setor das renováveis. A Total, da França, anunciou que pretende neutralizar as emissões operacionais até 2050 e ampliar a produção de energia sustentável em dez vezes até 2030, alcançando 100 GW de capacidade.
A British Petroleum, empresa do Reino Unido, pretende alcançar 50GW de capacidade de energia renovável até 2050, e ainda trabalha para reduzir a produção de combustíveis derivados do petróleo em 1 milhão de barris de óleo até 2030.
Já anglo-holandesa Shell, que também tem rede de postos de combustíveis aqui no Brasil, pretende cortar sua produção de petróleo em até 2% ao ano até 2030, neutralizando suas emissões de gases tóxicos até 2050.
Demanda por petróleo vai continuar mesmo com a necessidade cada vez mais de energias renováveis, diz Petrobras
A Petrobras foi apontada pela organização americana Climate Accountability Institute, em um estudo elaborado em 2019, entre as 20 empresas que mais emitiram gases do efeito estufa no mundo a partir de 1965.
A petroleira brasileira afirma que o caminhar da humanidade às fontes de energias renováveis não eliminará a alta demanda pelo petróleo e que as duas fontes poderão existir juntas. “Transformar recursos brasileiros em riquezas” é um lema. Além disso vem implantando ações para reduzir suas emissões, apesar do esforço para explorar o pré-sal antes de “uma nova era“, como havia dito o ex-presidente da empresa, general Silva e Luna.
Para os próximos cinco anos, a Petrobras planeja investir US$ 2,8 bilhões com objetivo de reduzir a emissão de gases poluentes, criar um fundo de descarbonização de US$ 248 milhões para soluções de baixo carbono. Em 2015 a petroleira informou que pretendia diminuir em 25% suas “emissões operacionais” até 2030.
O fato é que a Petrobras manterá o foco em águas profundas e ultraprofundas, onde ainda tem vantagens competitivas. As próximas eleições podem ter efeitos sobre o futuro da Petrobras, mas ainda é muito cedo para imaginar algum outro cenário.