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Pesquisadores revivem invenção chinesa que detectava tremores há 2.000 anos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 27/07/2025 às 18:09
Pesquisadores revivem invenção chinesa que detectava tremores há 2.000 anos
Reconstrução moderna do Houfeng Didong Yi.
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Pesquisadores chineses desenvolvem um projeto para recriar o lendário Houfeng Didong Yi, considerado o primeiro sensor de terremotos do mundo.

Cientistas chineses estão prontos para reviver um antigo sensor de terremotos, envolto em lendas, que teria sido criado há quase 2.000 anos.

O Houfeng Didong Yi, considerado por muitos como o primeiro detector de terremotos do mundo, desperta curiosidade e debate.

O projeto busca unir engenharia moderna e conhecimento histórico para reconstruir a engenhosidade de um tempo distante.

Origem e mistério do dispositivo

O Houfeng Didong Yi, segundo relatos, foi inventado em 132 d.C. pelo polímata chinês Zhang Heng. De acordo com a tradição, era um jarro de bronze decorado com oito dragões. Cada dragão segurava uma bola, posicionada para cair na boca de um sapo, indicando a direção do tremor.

O mais importante é que esse mecanismo teria detectado terremotos antes mesmo de serem sentidos. No entanto, muitos estudiosos questionaram a existência real do objeto.

Alguns afirmam que ele era avançado demais para a época. Por conta dessas dúvidas, livros escolares chineses removeram menções ao dispositivo em 2017.

Reconstrução moderna do mecanismo

O pesquisador Xu Guodong, do Instituto de Prevenção de Desastres da China, decidiu investigar os registros antigos. Ele reexaminou textos históricos e tentou criar uma versão realista do sensor usando ciência sísmica e engenharia atual.

O novo modelo traz um pêndulo central que reage ao menor movimento do solo. Quando um terremoto ocorre, o pêndulo oscila e aciona uma alavanca em formato de L. Essa alavanca libera a bola do dragão correspondente, que cai na boca do sapo, mostrando a direção do tremor.

Além disso, o sistema conta com um mecanismo de travamento que garante a liberação de apenas uma bola por vez. Isso aumenta a precisão direcional e evita erros.

De acordo com cálculos de Xu, o dispositivo poderia detectar tremores de apenas 0,5 milímetro.

Funcionamento histórico impressionante

Registros antigos indicam que o Houfeng Didong Yi realmente funcionava. Um relato de 138 d.C. diz que ele detectou um terremoto a 850 quilômetros de distância, antes mesmo que a população sentisse qualquer impacto.

Depois de 132 d.C., a capital Luoyang passou a registrar mais terremotos, o que sugere que o dispositivo era bastante sensível.

Para aumentar sua eficiência, Xu afirma que o pêndulo amplificava o movimento do solo. Apesar de não determinar o epicentro exato, o aparelho indicava a direção do tremor de maneira confiável.

Isso mostra que os chineses da dinastia Han dominavam técnicas avançadas muito antes do Ocidente.

Um legado perdido e cobiçado

A peça original se perdeu ao longo da história, assim como seus diagramas e anotações.

Segundo Xu, guerras e disputas entre famílias nobres podem ter contribuído para o desaparecimento do sismoscópio. Essa perda é considerada um golpe significativo para o conhecimento científico da época.

“Na história chinesa, apenas dois bronzes foram deificados: os Nove Caldeirões Tripés da dinastia Xia… e este – um testemunho de seu extraordinário significado histórico”, disse Xu.

Restauração do passado

Agora, a equipe de Xu planeja construir uma réplica do Houfeng Didong Yi usando apenas técnicas e materiais da dinastia Han. A ideia é resgatar um legado quase esquecido e mostrar a importância das contribuições chinesas para a ciência.

Portanto, este projeto não é apenas uma recriação, mas um reconhecimento do valor histórico de uma invenção que antecedeu o Ocidente em quase 1.700 anos.

Além disso, os pesquisadores acreditam que a redescoberta pode inspirar novas tecnologias baseadas em conceitos antigos, mas ainda relevantes nos dias de hoje.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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