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Pesquisadores dos Estados Unidos patenteiam tecnologia que transforma cascas de toranja em dispositivos triboelétricos capazes de converter energia mecânica em eletricidade

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/02/2025 às 08:54
toranja, eletricidade
Foto: REPRODUÇÃO
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Tecnologia inovadora patenteada nos EUA utiliza cascas de toranja para produzir eletricidade, explorando o potencial da triboeletricidade com resíduos naturais.

Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, desenvolveram uma tecnologia inovadora que transforma cascas de toranja em dispositivos capazes de gerar eletricidade.

O processo, que utiliza as propriedades naturais da fruta, pode fornecer energia renovável e sensores de movimento sem precisar de baterias externas. A descoberta abre novas possibilidades para o aproveitamento de resíduos orgânicos na produção de energia limpa.

Estrutura porosa e potencial tecnológico

A toranja, fruta cítrica cultivada em várias regiões do planeta, possui uma casca-grossa e esponjosa, muitas vezes descartada após o consumo.

Essa camada externa é composta por duas partes: uma casca fina colorida e uma parte branca interna, com textura semelhante a uma esponja. Os pesquisadores observaram que essa estrutura porosa é ideal para fabricar dispositivos triboelétricos, capazes de gerar eletricidade a partir de movimentos mecânicos.

O processo de transformação começa com a separação da casca, seguida da remoção da camada externa e do corte da parte interna em pequenos pedaços.

Esses fragmentos passam por liofilização, técnica que preserva a estrutura tridimensional da biomassa. Em seguida, as amostras são armazenadas em diferentes níveis de umidade para análise posterior.

Geradores triboelétricos e eletrificação de contato

Os dispositivos criados utilizam o fenômeno da tribo eletrificação, que ocorre quando dois materiais se atritam e trocam cargas elétricas.

No experimento, a biomassa da toranja foi combinada com uma folha de poliimida, um tipo de plástico com propriedades isolantes. Entre essas camadas, foram inseridos eletrodos de cobre para captar a eletricidade gerada.

Com um simples toque de dedo sobre o dispositivo, foi possível acender até 20 LEDs simultaneamente. Em testes adicionais, os pesquisadores conseguiram alimentar calculadoras e relógios esportivos sem o uso de baterias externas. A eficiência energética foi considerada promissora, principalmente devido à estrutura natural da casca da fruta.

toranja, eletricidade

Aplicações práticas: sensores biomédicos e wearables

Além de gerar eletricidade, os dispositivos mostraram potencial para uso como sensores de movimento. Quando aplicados sobre articulações, eles detectaram com precisão o ângulo de flexão e os padrões de caminhada.

Essa funcionalidade pode ser útil em tratamentos de reabilitação, permitindo que profissionais de saúde monitorem o progresso dos pacientes em tempo real.

A sensibilidade desses sensores, combinada com o baixo custo de produção, torna essa tecnologia viável para aplicações biomédicas e dispositivos vestíveis, explicou o pesquisador-chefe do estudo, Dr. Alan Thompson. A integração com equipamentos esportivos também é uma possibilidade, facilitando a análise de movimentos de atletas de forma não invasiva.

Sustentabilidade e economia circular

A iniciativa não apenas utiliza um resíduo orgânico abundante, mas também contribui para a redução do desperdício alimentar.

Estima-se que até 50% do peso de uma toranja seja composto pela casca, o que gera grandes volumes de descarte na indústria de sucos e alimentos processados.

Com essa tecnologia, a casca ganha uma nova função no contexto da economia circular, ao ser reaproveitada para produzir energia e sensores biodegradáveis. Diferente de materiais sintéticos, a biomassa da toranja se decompõe naturalmente ao fim da vida útil do dispositivo, evitando a geração de lixo eletrônico.

Essa pesquisa mostra que resíduos alimentares podem ter um valor significativo quando analisados de maneira criativa, explicou a professora Maria Gonzalez, especialista em materiais renováveis. Ela destacou que muitas vezes o lixo é visto como algo inútil, mas esse estudo oferece um exemplo concreto de como a ciência pode mudar essa percepção.

Próximos passos e potencial de mercado

O grupo de Illinois já registrou uma patente provisória para a tecnologia. Agora, os pesquisadores planejam expandir os testes, avaliando o desempenho dos dispositivos em condições variadas de temperatura e umidade.

A expectativa é que a técnica possa ser adaptada para outras frutas com características semelhantes, como laranjas e limões.

Além do setor biomédico, a tecnologia tem potencial para aplicações em sistemas de coleta de energia em pisos e superfícies de alto tráfego. Com o crescimento da demanda por soluções sustentáveis, essa inovação pode representar um passo importante na busca por alternativas renováveis e eficientes.

O estudo completo foi publicado na revista científica ACS Applied Materials & Interfaces, sob o título: “Valorização de resíduos alimentares: utilização de materiais porosos naturais derivados da biomassa da casca de pomelo para desenvolver nanogeradores triboelétricos para coleta de energia e detecção autoalimentada”. O artigo pode ser acessado pelo DOI: 10.1021/acsami.4c02319.

Com informações de eco.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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