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Pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica descobrem, por acidente, um material superpreto feito de madeira, que promete revolucionar a tecnologia

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 18/08/2024 às 20:38
Pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica descobrem, por acidente, um material superpreto feito de madeira, que promete revolucionar a tecnologia (1)
Cientistas que tentavam fazer madeira resistente à água criaram acidentalmente um material superpreto que absorve quase toda a luz.

Pesquisadores criam acidentalmente “madeira maravilha”: material superpreto que absorve mais de 99% da luz

Imagina descobrir algo totalmente novo quando você estava tentando fazer outra coisa? Foi exatamente isso que aconteceu com pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá. Eles estavam trabalhando em uma supermadeira, mas acabaram criando um material superpreto que consegue absorver mais de 99% da luz. E acredite, essa descoberta tem potencial para revolucionar várias indústrias.

Tudo começou em 2016, quando uma empresa britânica chamada Surrey NanoSystems lançou o Vantablack, um material que praticamente engole a luz. Eles usaram nanotubos de carbono tão finos quanto um átomo para criar uma estrutura que absorvia 99,96% da luz. Isso deu início a uma verdadeira corrida para ver quem conseguia criar o preto mais preto.

Pesquisadores da UBC fizeram uma descoberta inesperada

Em 2019, o pessoal do MIT entrou na disputa e lançou um material ainda mais escuro, que absorvia 99,995% da luz. Mas agora, os pesquisadores da UBC fizeram uma descoberta inesperada: uma “madeira maravilha”, batizada de Nxylon, que é superpreta e consegue absorver mais de 99% da luz que incide sobre ela.

Não um preto comum, um superpreto

O mais incrível é como isso aconteceu. Nos laboratórios da UBC, o professor Philip Evans e seu aluno de doutorado Kenny Cheng estavam tentando criar uma madeira com propriedades hidrofóbicas, ou seja, que repelisse a água. Para isso, os pesquisadores usaram plasma de alta energia. Mas quando aplicaram essa técnica nas pontas cortadas da madeira, a superfície ficou preta, mas não um preto comum, um superpreto. A equipe percebeu que essa madeira absorvia quase toda a luz visível, refletindo menos de 1%. O que parecia ser um erro acabou se revelando uma grande descoberta.

Nxylon é diferente de tudo que já vimos

Confirmado pelo Departamento de Física e Astronomia da Texas A&M University, o Nxylon é diferente de tudo que já vimos. A madeira não só fica preta como carvão, mas permanece superpreta mesmo quando revestida com outros materiais, como ouro. Isso acontece porque a cor não é um pigmento ou uma camada superficial, é a própria madeira que, através do processo com plasma, ganha essa tonalidade ultradensa.

A revolução do Nxylon

Agora, você pode estar se perguntando: “Ok, mas para que isso serve?” Bom, a resposta é que as possibilidades são vastas. Materiais superpretos como o Vantablack já são usados em telescópios para evitar reflexos indesejados e melhorar a observação de exoplanetas. Também já viraram moda no mundo do luxo, com a BMW pintando um modelo X6 de Vantablack, e artistas explorando o superpreto em suas obras.

Muito mais fácil de produzir que o Vantablack

Pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica descobrem, por acidente, um material superpreto feito de madeira, que promete revolucionar a tecnologia
Tinta Vantablack na BMW X6

Mas o Nxylon tem um diferencial importante: ele é muito mais fácil de produzir. Enquanto o Vantablack depende de uma estrutura complexa de nanotubos de carbono, o Nxylon pode ser feito “simplesmente” queimando madeira com plasma de alta energia. Isso significa que ele pode ser mais acessível, e a UBC já está planejando formas de ampliar essa produção, inclusive com a criação de um reator de plasma em escala industrial.

Imagine só, essa “madeira maravilha”, como o portal IGN apresentou, poderia ser usada em tetos e paredes de ambientes que precisam ser não-reflexivos, em mostradores de relógios que hoje usam a pedra ônix, e claro, em telescópios e outros equipamentos científicos. E o melhor de tudo, segundo o Dr. Philip Evans, é que o Nxylon pode ser feito a partir de materiais sustentáveis e renováveis encontrados na América do Norte e Europa. Isso abre um enorme potencial para a indústria madeireira, especialmente no Canadá, que pode se beneficiar dessa nova aplicação.

A descoberta do Nxylon pelos pesquisadores da UBC é um daqueles momentos raros em que a ciência tropeça em algo incrível. Um material superpreto feito de madeira, capaz de absorver mais de 99% da luz, que pode ser produzido de forma mais acessível e sustentável. É uma inovação que não só promete impactar diversas indústrias, mas também mostra como a ciência pode nos surpreender quando menos esperamos.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 2.300 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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