Cerca de 40 bilhões de litros de “água de petróleo” são gerados diariamente. Seria possível gerar 8 bilhões de litros de metanol e 50 milhões litros de etanol.
A pesquisadora brasileira, Juliana Ferreira de Brito conseguiu transformar um dos resíduos da produção de petróleo, chamado água de petróleo, em etanol e metanol. A descoberta traz benefícios econômicos, sociais e ambientais. Entenda o funcionamento de um navio-sonda e como é possível alcançar os poços submarinos de petróleo
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O foco da tese de doutorado de Juliana na Unesp (Universidade do Estado e São Paulo) era descobrir uma forma limpa de tratar a água de petróleo, reduzindo o dióxido de carbono (CO2) gerado nesse processo. E, ao mesmo tempo, obter etanol, combustível que emite menos poluentes.
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Além do etanol a pesquisadora também conseguiu desenvolver o metanol, um combustível mais restrito, devido a sua toxicidade em contato com a pele ou se consumido.
De acordo com a ANP, o nome técnico da “água de petróleo” é água de processo ou de produção, que é injetada no reservatório de petróleo com o objetivo de forçar a saída do óleo da rocha.
Na pesquisa feito por Juliana, os experimentos foram divididos em dois compartimentos, entretanto realizados no mesmo reator, o que reduz o gasto de energia.
No primeiro compartimento do reator foi capaz de tratar 70% do contaminante mais resistente encontrado na composição da água de petróleo, um composto aromático conhecido como álcool benzílico. Para cada 100 litros de água de petróleo, 70 são tratáveis.
Juliana afirma que “Essa água não pode ser reutilizada para consumo, mas pode ser reutilizada no próprio processo de extração do petróleo, não teria que pegar uma nova água do mar. A água pode ser tratada na plataforma e reutilizada, num ciclo fechado, sem utilização de mais água. A água de petróleo é muito tóxica, é complicado apenas diluir ela na água do mar e descartar”.
A redução de CO2 para a produção de combustível ocorreu no outro compartimento do reator. Foi possível gerar 20 litros de etanol e 1,3 de metanol com 100 litros de água.
Para a pesquisadora a única forma de despertar o interesse da indústria em tratá-lo o resíduo antes de descartá-lo é dando um destino atraente economicamente para o mesmo.
“A indústria não vai diminuir a produção, não tem como olhar o resíduo hoje com um vilão, que vamos conseguir não produzir. A gente tem que ver o resíduo como fonte de alguma outra coisa. O objetivo é conseguir, a partir de um resíduo inevitável, algo interessante economicamente e socialmente”, disse Juliana.
“A indústria não tem interesse em tratar o resíduo quando é apenas dispendioso, não gera nada em troca. Mas a indústria da cana-de-açúcar e do álcool conseguiu algo interessante: o bagaço, que é o resíduo gerado, é queimado para produzir energia. Para a indústria o resíduo tem que ter algum retorno econômico”, disse a pesquisadora citando como exemplo a indústria do álcool que faz uso lucrativo de seus resíduos.
Cerca de 40 bilhões de litros de “água de petróleo” são gerados diariamente. Se toda essa quantidade fosse utilizada, seria possível tratar 28 bilhões de litros diariamente e gerar 8 bilhões de litros de metanol e 50 milhões litros de etanol.