Especialistas japoneses ficaram perplexos com o carro elétrico da BYD, sem entender como é possível produzir veículos de alta qualidade com custos tão baixos. Veja como essa inovação está transformando o mercado automotivo global!
O setor automotivo japonês, conhecido por sua eficiência e tecnologia de ponta, ficou em estado de alerta recentemente ao testemunhar a desmontagem do Atto 3, SUV totalmente elétrico da chinesa BYD. A pergunta que dominou o ambiente foi: “Como ele pode ser produzido a um custo tão baixo?“.
O questionamento ecoou em um seminário sobre veículos elétricos no Japão, após a apresentação detalhada do modelo.
Lançado no mercado japonês em janeiro de 2023, o Atto 3, que custa cerca de US$ 30.000 (aproximadamente 4,4 milhões de ienes), logo chamou a atenção pela relação custo-benefício.
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A BYD não parou por aí. A empresa rapidamente adicionou outros dois modelos à sua linha no Japão: o Dolphin e o Seal, ambos posicionados como opções de baixo custo no segmento de veículos elétricos.
O Dolphin, com preço inicial de US$ 24.500 (3,63 milhões de ienes), e o Seal, a partir de US$ 33.000 (5,28 milhões de ienes), também se tornaram referências de mercado.
Entretanto, foi o sucesso do Seal, visto como uma resposta direta ao Tesla Model, que realmente chamou atenção no país. Lançado no final de junho, o sedã elétrico da BYD rapidamente se tornou o veículo elétrico importado mais vendido no Japão em agosto.
A questão agora é: como a BYD, juntamente com outros fabricantes chineses de EV, consegue produzir veículos a preços tão competitivos?
Seminário revela segredos de produção
No início de outubro, o Escritório Econômico e Comercial do Japão Central realizou um seminário para discutir tendências em veículos elétricos a bateria (BEVs), reunindo cerca de 70 empresas japonesas do setor automotivo.
O evento contou com a exibição de mais de 90.000 peças de 16 veículos elétricos, todos de origem estrangeira. Entre os modelos apresentados estavam o Atto 3 da BYD, o ET5 da NIO e o Model Y da Tesla. No entanto, foi o Atto 3 que roubou a cena.
Durante a desmontagem do SUV elétrico, os participantes ficaram surpresos com a simplicidade do projeto e a integração de componentes, o que gerou o debate sobre como a BYD consegue reduzir os custos de produção de maneira tão drástica.
Produção interna: o diferencial da BYD
Uma das respostas para esse enigma reside na capacidade da BYD de fabricar a maioria dos componentes internamente. Isso permite à empresa reduzir significativamente os custos de produção e controlar melhor a qualidade e a cadeia de suprimentos.
Vale lembrar que a BYD começou como uma fabricante de baterias, o que lhe confere uma vantagem estratégica no setor de veículos elétricos.
A bateria, por exemplo, pode representar mais de um terço do custo total de um EV, e a BYD fabrica suas próprias baterias, o que reduz drasticamente os custos.
Dados recentes da CnEVPost apontam que a empresa é a segunda maior produtora de baterias para EVs no mundo, com uma participação de 16,4% no mercado global, ficando atrás apenas da também chinesa CATL, que detém 37,1% do mercado.
Integração e eficiência na produção
Outro aspecto importante é a capacidade da BYD de integrar componentes complexos em módulos simplificados. Um exemplo claro disso é o E-Axle 8 em 1, que combina motor, inversor e redutor em uma única unidade.
Essa integração não apenas reduz os custos de produção, mas também diminui o número de peças, o que impacta diretamente na manutenção e na eficiência do veículo.
Sho Kato, chefe de departamento da empresa japonesa Nissin Seiki, que participou do evento, afirmou: “Fiquei impressionado com o pequeno número de peças usadas pela BYD e pela Tesla”. Ele acrescentou ainda que a empresa planeja usar a experiência adquirida em seus negócios atuais para explorar o mercado de EVs no futuro.
O mercado japonês de EVs em transformação
Com a crescente popularidade dos veículos elétricos chineses no Japão, o mercado automotivo do país se encontra em um momento de reavaliação.
A entrada de fabricantes como a BYD desafia a hegemonia das tradicionais montadoras japonesas, como Toyota e Nissan, que até então dominavam o setor. O Dolphin, por exemplo, concorre diretamente com o Toyota Prius e o Nissan LEAF, dois dos modelos elétricos mais populares no Japão.
Além disso, o centro de exibição de veículos elétricos, inaugurado em março de 2022, já atraiu mais de 450 empresas interessadas em explorar esse mercado em crescimento.
Novos modelos, como o IONIQ 6 da Hyundai, devem ser incluídos na exibição até o final de outubro, sinalizando que o futuro dos EVs no Japão será marcado pela competição acirrada e pela inovação constante.
Embora as montadoras japonesas tenham dominado o cenário automotivo por décadas, a entrada de empresas como a BYD mostra que a indústria de veículos elétricos está longe de ser estática. Resta saber como os fabricantes tradicionais responderão a essa nova realidade de competição acirrada e inovação de baixo custo.