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FMI revela dado histórico: participação do dólar nas reservas globais despenca a 58% em 2025 — menor nível em 25 anos, avanço do yuan e da rupia acende alerta vermelho nos EUA e reconfigura o tabuleiro financeiro mundial

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 27/08/2025 às 09:37
participação do dólar nas reservas globais despenca a 58% em 2025 — menor nível em 25 anos
Foto: participação do dólar nas reservas globais despenca a 58% em 2025 — menor nível em 25 anos
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FMI mostra dólar em 58% das reservas globais em 2025, menor nível em 25 anos; avanço do yuan e da rupia pressiona hegemonia americana.

O relatório divulgado pelo FMI em 2025 trouxe um número que reverberou de Wall Street a Pequim: o dólar caiu para 58% das reservas cambiais globais, o menor patamar em 25 anos. Parece técnico, mas o efeito é político: é a prova de que a moeda americana, pilar da ordem financeira internacional desde o fim da Segunda Guerra, perde espaço de forma gradual e silenciosa.

O dado confirma o que já vinha sendo percebido nos corredores do poder: o dólar não reina mais sozinho. Em paralelo, o yuan da China e a rupia da Índia conquistam terreno, sustentados por acordos bilionários nos BRICS, novos mecanismos de swap cambial e sistemas de pagamento alternativos ao Swift.

Para Washington, é um alerta vermelho: cada ponto percentual perdido significa centenas de bilhões de dólares em influência a menos sobre o comércio e as finanças globais.

O auge e a queda do império do dólar?

Desde o fim da Guerra Fria, o dólar sempre foi o ativo mais seguro do planeta. Em 2001, ele representava mais de 72% das reservas internacionais dos bancos centrais. Essa supremacia permitia aos Estados Unidos financiar déficits, impor sanções e manter um poder de fogo incomparável.

Mas a curva começou a mudar após a crise de 2008. A confiança na moeda americana foi abalada, e muitos países passaram a buscar alternativas para não depender exclusivamente de Washington. A partir de 2014, com o aumento de tensões geopolíticas, o processo de diversificação das reservas ganhou força.

Chegamos a 2025 com o FMI confirmando a queda para 58% — um patamar que não era visto desde os anos 1990. O movimento pode parecer lento, mas para analistas de mercados é uma mudança sísmica: em apenas duas décadas, o dólar perdeu mais de 14 pontos percentuais de participação nas reservas mundiais.

O avanço do yuan: da periferia ao centro

O maior beneficiário dessa queda é, sem dúvida, a China. O yuan, que em 2001 era praticamente irrelevante no sistema internacional, hoje já responde por cerca de 5% das reservas globais e, mais importante, por mais de 40% do comércio entre Brasil e China.

O salto não se deve apenas à força da economia chinesa, mas a uma estratégia deliberada de Pequim. A criação de swaps cambiais bilionários, como o firmado com o Brasil em 2025, dá liquidez à moeda.

Sistemas como o CIPS (a alternativa chinesa ao Swift) oferecem rotas de transação fora da órbita americana. E acordos energéticos com Rússia, Irã e Arábia Saudita pavimentam o caminho do chamado petroyuan.

A rupia entra no jogo

Se o yuan já é uma realidade, a rupia indiana desponta como uma novidade de 2025. Nova Délhi lançou mão de acordos bilaterais para liquidar importações de petróleo e exportações de medicamentos em rupias, e pressiona o BRICS para que a moeda seja considerada em transações multilaterais.

Ainda é cedo para dizer se a rupia terá o mesmo alcance do yuan, mas o recado é claro: o dólar não é mais a única opção viável.

Para muitos emergentes, usar moedas locais significa reduzir custos, evitar sanções e ganhar mais margem de manobra geopolítica.

O Brasil no epicentro da disputa

O Brasil aparece como um laboratório dessa transição.

  • O swap de R$ 157 bilhões com a China abriu as portas para o yuan.
  • O comércio com a Rússia já começa a ser liquidado parcialmente em yuan.
  • E a Índia pressiona por mais acordos em rupias dentro do BRICS.

Para Brasília, o desafio é equilibrar interesses. Por um lado, a diversificação cambial fortalece o agronegócio e a indústria exportadora, reduzindo custos e riscos. Por outro, há o risco de trocar a dependência de Washington por uma nova dependência de Pequim ou Nova Délhi.

O alerta de Washington

Nos EUA, a queda do dólar para 58% das reservas é tratada como sinal de desgaste da hegemonia americana.

O temor não é perder a liderança absoluta de um dia para o outro, mas sim enfrentar um declínio lento e contínuo, em que cada vez mais contratos de energia, alimentos e tecnologia passam a ser denominados em moedas alternativas.

Isso enfraquece a capacidade dos EUA de impor sanções — como as aplicadas à Rússia após a guerra na Ucrânia — e reduz o poder de atração de Wall Street como destino único de investimentos.

A Europa em posição delicada

A União Europeia, presa entre Washington e Pequim, observa com cautela. O euro mantém participação estável, mas não consegue se expandir como alternativa real ao dólar.

Enquanto isso, precisa lidar com a entrada em vigor do EUDR (Regulamento Antidesmatamento), que pressiona exportadores brasileiros e ameaça tensionar ainda mais a relação com países emergentes.

A ‘nova guerra das moedas’

Especialistas descrevem o cenário de 2025 como o início de uma “guerra das moedas”. Não se trata de substituir o dólar de imediato, mas de reduzir gradualmente sua centralidade. É o que economistas chamam de multipolarização monetária: um mundo em que diferentes moedas — yuan, rupia, real digital (Drex), euro — competem em espaços antes dominados exclusivamente pelo dólar.

A queda do dólar nas reservas globais abre novas oportunidades para o Brasil: diversificar parceiros, reduzir custos cambiais e ganhar voz em fóruns como o BRICS. Mas também traz riscos: a exposição ao yuan e à rupia pode significar maior dependência de países que jogam pesado na geopolítica.

O fato é que, em 2025, a hegemonia do dólar está oficialmente abalada. A pergunta que fica é se o Brasil vai usar essa transição para conquistar mais autonomia ou se acabará refém de um novo centro de poder.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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