Multinacional americana escolhe Sarandi para implantar fábrica pioneira de combustível sustentável de aviação. Projeto de R$ 2,3 bilhões usará etanol como base e promete impulsionar empregos e descarbonização.
O município de Sarandi, no Paraná, foi escolhido para sediar uma nova fábrica de combustível sustentável de aviação (SAF), a primeira da América Latina. A iniciativa é liderada pela multinacional norte-americana Satarem America Inc., que vai investir cerca de US$ 425 milhões — aproximadamente R$ 2,3 bilhões — na construção de uma planta industrial moderna que promete transformar a região em referência global na produção de combustíveis verdes.
O anúncio oficial foi feito nesta terça-feira, 3 de junho, durante uma reunião entre representantes da empresa e o vice-governador do Paraná, Darci Piana, em Curitiba. A nova fábrica será instalada na divisa entre Maringá e Sarandi, aproveitando a excelente logística da região, a proximidade com o Porto de Paranaguá e a disponibilidade de etanol, que será a principal matéria-prima na fase inicial da produção.
Nova fábrica deve gerar 3.800 empregos e impactar diretamente a economia local
Além do impacto ambiental positivo, o projeto terá forte repercussão socioeconômica. Serão 800 empregos diretos e até 3 mil indiretos, fortalecendo a economia regional e gerando oportunidades especialmente nos setores logístico, industrial e de serviços.
-
Maior hospital público veterinário da América Latina é inaugurado no Brasil com cirurgias, exames e vacinas totalmente gratuitos
-
Casa pré-moldada surpreende ao ser vendida por menos de R$ 50 mil no Mercado Livre e prometida com entrega em apenas 30 dias
-
Com cerca de 80 andares, 294 metros de altura e apartamentos de altíssimo valor, Yachthouse Residence Club vira alvo de polêmica por ‘roubar o sol’ de trechos da praia em Balneário Camboriú
-
O carteiro francês que passou 33 anos recolhendo pedras para erguer um palácio de 26 metros de comprimento com as próprias mãos, hoje considerado uma das maiores obras de arte do mundo
O CEO da Satarem America Inc., Jerome Friler, enfatizou a inclusão social e a diversidade como parte do projeto. De acordo com ele, 50% dos trabalhadores da unidade serão mulheres e 30% serão jovens, fortalecendo políticas de empregabilidade com viés social e inovador.
“É o maior investimento da nossa companhia, neste momento, na América Latina. Sarandi e Maringá têm o que procurávamos: matéria-prima abundante, infraestrutura eficiente e apoio governamental”, afirmou Friler.
SAF: o combustível do futuro
O SAF (Sustainable Aviation Fuel) é considerado um dos pilares da descarbonização da aviação global, um setor responsável por cerca de 2,5% das emissões globais de CO₂. Segundo o Acordo de Paris, a meta do setor aéreo é atingir emissões líquidas zero até 2050, e o uso de combustíveis sustentáveis é parte essencial dessa transição.
Na nova planta, a produção será baseada inicialmente em etanol, recurso abundante no Brasil. Mas há planos para expansão com outras matérias-primas de baixo impacto ambiental, como biogás, no médio prazo.
“O Brasil está pronto para liderar esse setor. Produzimos etanol em escala, temos infraestrutura e contamos com políticas públicas que favorecem a inovação”, destacou o vice-governador Darci Piana.
Nova fábrica terá produção com foco no mercado global
A previsão é de que o primeiro litro de SAF produzido na nova fábrica em Sarandi esteja disponível em dezembro de 2028. Com isso, o Brasil passa a integrar a lista de países com capacidade própria de produzir esse tipo de combustível, reduzindo a dependência internacional e abrindo portas para exportações em larga escala.
De fato, companhias aéreas estrangeiras já demonstraram interesse. A Ethiopian Airlines, uma das principais transportadoras do continente africano, está em negociação com a Satarem para adquirir o SAF brasileiro.
Políticas públicas e incentivos estaduais foram decisivos
O projeto é um reflexo direto do ambiente favorável ao investimento criado pelo Governo do Paraná. Segundo o secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços, Marco Brasil, o sucesso da negociação se deve a decretos recentes voltados à atração de investimentos estratégicos, que oferecem incentivos fiscais e logísticos a projetos sustentáveis e de alto impacto tecnológico.
“Este é um projeto que está totalmente alinhado com os compromissos ambientais do Paraná e com o nosso plano de industrialização inteligente. Estamos felizes em receber esse investimento histórico”, afirmou Marco Brasil.
Etanol como ponte para o futuro sustentável
A escolha do etanol como matéria-prima inicial reforça a vocação agrícola e energética do Brasil. De acordo com dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), o país produziu mais de 30 bilhões de litros de etanol na safra 2023/24, o que mostra seu potencial para fornecer insumo em escala industrial para o novo mercado de SAF.
A localização estratégica da fábrica, próxima a regiões produtoras e grandes vias de escoamento, como ferrovias e o Porto de Paranaguá, reduz custos logísticos e favorece a competitividade internacional do combustível sustentável brasileiro.
Futuro: nova fábrica e biocombustíveis diversificados
Com o sucesso da nova fábrica em Sarandi, a Satarem já sinalizou interesse em instalar uma segunda unidade na região, desta vez voltada à produção de combustíveis alternativos como o biogás e biodiesel, além de ampliar a atuação em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas.
A expectativa é que essa plataforma industrial de biocombustíveis, ancorada no Paraná, transforme o estado em referência continental na produção de energia renovável para a aviação, em linha com as tendências mundiais de descarbonização.
Sarandi no mapa da transição energética
Com a instalação da primeira fábrica de SAF da América Latina, Sarandi e Maringá não apenas ganham visibilidade econômica, mas também passam a integrar o seleto grupo de regiões com papel estratégico na transição energética global.
O projeto, ao unir tecnologia, sustentabilidade e desenvolvimento econômico, sintetiza os pilares do novo paradigma energético, no qual o Brasil emerge como potência verde global, a exemplo do que já ocorre com o etanol, a energia solar e os investimentos em hidrogênio verde.