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Para evitar a escassez de água, projeto que transforma canal de irrigação em uma usina solar gigante é desenvolvido nos Estados Unidos

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 13/08/2024 às 21:14
Em um momento em que a escassez de recursos naturais são questões críticas, o projeto do canal solar oferece uma solução promissora.
Fonte: De Olho na Engenharia

Em um momento em que a seca e a escassez de recursos naturais são questões críticas, o projeto do Canal Solar oferece uma solução promissora e sustentável, que pode ser replicada em outras regiões dos Estados Unidos e do mundo.

A Comunidade Indígena do Rio Gila, localizada ao sul de Phoenix, Arizona, deu um passo em direção à sustentabilidade ao firmar um acordo com o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA. O projeto do canal solar, que planeja instalar painéis solares sobre um trecho do canal de irrigação nas terras da comunidade, é o primeiro desse tipo nos Estados Unidos a ser realmente implementado.

Um projeto inovador e sustentável

Com previsão de conclusão da primeira fase em 2025, o projeto cobrirá 300 metros do canal e gerará um megawatt de eletricidade.

A energia produzida será utilizada pela tribo para irrigar plantações vitais para a comunidade, como ração para gado, algodão e grãos.

A iniciativa é simples e eficiente: instalar painéis solares sobre canais em regiões que enfrentam alta incidência solar e escassez de água, reduzindo a evaporação e, ao mesmo tempo, gerando eletricidade renovável.

A iniciativa é uma resposta direta aos desafios ambientais e de recursos que a comunidade enfrenta.

Em áreas ensolaradas como o Arizona, a evaporação da água nos canais de irrigação é um problema significativo.

Ao cobrir os canais com painéis solares, a comunidade não só reduz essa perda de água, mas também aproveita a energia solar para alimentar suas necessidades energéticas.

Impacto e potencial do Canal Solar

Estudos realizados pela Universidade da Califórnia, Merced, indicam que o potencial de economia de água ao cobrir canais com painéis solares é gigantesco.

Estima-se que 63 bilhões de galões de água poderiam ser poupados anualmente se todos os 6.400 quilômetros de canais da Califórnia fossem cobertos.

Essa abordagem não só conserva água, mas também contribui significativamente para a geração de energia limpa e renovável.

No entanto, o projeto no Rio Gila não é o primeiro do gênero em escala global.

A Índia, através da empresa de engenharia Sun Edison, inaugurou em 2012 o primeiro canal coberto por energia solar no estado de Gujarat.

Apesar de ambiciosos planos para cobrir 19.000 quilômetros de canais, a execução foi limitada a alguns pequenos projetos devido a altos custos de capital, desafios de manutenção e dificuldades técnicas, levando a empresa a pedir falência.

Oportunidades e desafios do projeto do Canal Solar

A iniciativa da Comunidade Indígena do Rio Gila ocorre em um momento crítico, quando o oeste dos Estados Unidos enfrenta uma seca severa e prolongada, tornando a gestão da água uma prioridade política e social.

Tecnologias emergentes, como a sementeira de nuvens e a cobertura de canais com painéis solares, estão ganhando atenção como possíveis soluções para a conservação dos recursos hídricos.

O governo federal dos EUA tem demonstrado apoio substancial a projetos de economia de água, como evidenciado pelo pacto de 233 milhões de dólares, assinado com a comunidade indígena do Rio Gila.

Este acordo visa conservar cerca de 60 centímetros de água no Lago Mead, um dos maiores e mais importantes reservatórios do Rio Colorado, que enfrenta níveis criticamente baixos devido à seca.

Investimento e futuro do projeto

A primeira fase do projeto do canal solar tem um custo estimado de 6,7 milhões de dólares, dos quais 517.000 dólares foram fornecidos pelo Bureau of Reclamation.

Esse financiamento é parte de um esforço maior para explorar e implementar tecnologias que mitiguem a crise hídrica no oeste dos Estados Unidos.

A implementação desse projeto pioneiro no Arizona serve como um exemplo de como comunidades indígenas e órgãos governamentais podem trabalhar juntos para enfrentar desafios ambientais complexos.

Se bem-sucedido, o projeto do canal solar no Rio Gila pode se tornar um modelo a ser replicado em outras regiões do país, promovendo a conservação de recursos e a geração de energia renovável.

O sucesso desse projeto poderá impulsionar novas iniciativas semelhantes em todo o território dos EUA, criando uma rede de canais solares que não apenas preservam água, mas também contribuem significativamente para a transição energética rumo a fontes mais limpas e sustentáveis.

Com a conclusão da primeira fase prevista para 2025, o projeto do Canal Solar da Comunidade Indígena do Rio Gila promete ser um marco na história da sustentabilidade nos Estados Unidos, pavimentando o caminho para novas soluções inovadoras no combate às mudanças climáticas e à escassez de recursos naturais.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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