O bombardeio israelense que matou agentes do Hamas em Doha desencadeou uma onda de tensão sem precedentes e colocou o Catar no centro das atenções globais. Em resposta, líderes de países árabes e islâmicos correram para a capital do país, onde discutiram não só a crise imediata, mas também um possível redesenho do equilíbrio militar no Oriente Médio.
Os ataques aéreos israelenses em Doha, que mataram agentes do Hamas, desencadearam uma onda de tensão e colocaram o Catar no centro das atenções regionais.
A resposta veio rapidamente: em 14 de setembro, líderes árabes e islâmicos se reuniram na capital do país para discutir os desdobramentos do episódio.
Reunião de emergência com líderes árabes e islâmicos
A chamada cúpula árabe-islâmica contou com a presença de representantes da Liga Árabe e da Organização de Cooperação Islâmica.
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Participaram líderes e ministros das Relações Exteriores de países como Irã, Paquistão, Malásia, Iraque, Palestina e diversas nações do Golfo.
A reunião buscou coordenar uma resposta conjunta ao ataque e discutir caminhos para conter a escalada do conflito.
Entre as propostas debatidas, ganhou destaque a criação de uma coalizão militar conjunta, apelidada por alguns veículos de comunicação como uma possível “OTAN árabe”.
Uma mudança no eixo dos fornecedores militares
Embora ainda em estágio inicial, a ideia de uma aliança militar formal entre países árabes pode redesenhar o mapa de defesa da região.
Durante décadas, os EUA e a Europa forneceram o hardware, a doutrina, o treinamento e os sistemas logísticos que mantiveram os militares árabes operando.
Porém, a formação de uma coalizão exigiria a integração de sistemas de armas, infraestrutura de comunicações e treinamento, o que poderia abrir caminho para maior influência chinesa.
A China já se tornou um fornecedor relevante de equipamentos militares para diversos países do Oriente Médio.
A presença crescente da China nas forças árabes
Nos últimos dez anos, fabricantes chineses venderam uma ampla gama de sistemas militares ao mundo árabe.
Na Arábia Saudita, o país opera mísseis balísticos DF-3 e DF-21, além de drones armados Wing Loong II de fabricação chinesa que foram utilizados no Iêmen.
Os Emirados Árabes Unidos foram pioneiros na adoção do veículo aéreo não tripulado CH-4, semelhante ao MQ-9 Reaper americano.
Além dos drones, os Emirados também adquiriram sistemas de artilharia e mísseis fabricados pela Norinco, ampliando sua dependência de tecnologia chinesa.
Tentativas anteriores e o novo fator chinês
A ideia de uma força militar árabe conjunta não é nova.
Em 2015, o Egito propôs a criação de uma aliança para atuar no Iêmen e na Líbia, com apoio verbal de vários países, mas divergências sobre liderança e financiamento frearam o plano.
A diferença agora está nos fornecedores externos.
Enquanto antes faltava uma base tecnológica comum, a China oferece um portfólio completo de hardware — de drones e radares a ativos navais — que poderia sustentar a infraestrutura dessa força.
Obstáculos e necessidades para a integração
Mesmo que os líderes aprovem o conceito de uma aliança militar árabe, os desafios não se limitam ao fornecimento de armas.
Uma coalizão exigiria doutrinas conjuntas, ciclos de treinamento unificados e sistemas de logística integrados para funcionar de forma eficiente.
Historicamente, foram justamente esses aspectos não técnicos que dificultaram iniciativas de integração regional de defesa.
Ainda assim, com ameaças crescentes que vão de ataques com mísseis a enxames de drones, cresce a necessidade de uma plataforma de segurança compartilhada.
Um kit de ferramentas pronto para uso
O catálogo em expansão de sistemas militares de exportação da China, somado à disposição de Pequim em oferecer treinamento e financiamento, dá aos países árabes uma alternativa imediata.
Caso decidam seguir em frente, teriam à disposição um pacote pronto de equipamentos e suporte para viabilizar a tão discutida “OTAN árabe”.