Energia nuclear e reservas de urânio: saiba quais países lideram a produção. Descubra os planos de China, Polônia e França, e o impacto do desmantelamento de centrais na Alemanha e Espanha.
As centrais nucleares estão atualmente em uma corrida de dois sentidos. Enquanto certos países estão fazendo uma forte aposta nesse tipo de energia, construindo centrais e com projetos nucleares (China e Polônia, por exemplo), outros estão imersos no desmantelamento de suas centrais (Espanha e Alemanha).
Existe um debate sobre a adequação de utilizar energia nuclear no contexto da descarbonização e em uma realidade onde eventos (como a invasão da Ucrânia) podem disparar o preço dos combustíveis, como o gás russo. Por isso, estão sendo buscadas novas fontes para produzir eletricidade (como o hidrogênio verde, no qual a Espanha desempenhará um papel chave), mas outros países, como a França, mantêm-se fiéis à energia nuclear. Tanto é assim que já planejam o uso de reatores SMR (Small Modular Reactors).
De qualquer forma, atualmente as centrais nucleares desempenham um papel importante na produção de energia, com cerca de 440 reatores ativos, e neste gráfico curioso com os dados mais atuais (de 2022) podemos ver a produção de energia nuclear por país. Não há surpresas, e é interessante ver as diferenças entre os países, mas quando os dados ucranianos e alemães forem atualizados, o cenário mudará radicalmente.
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Os dados correspondem ao Instituto de Energia Nuclear e o gráfico é interessante porque mostra de forma muito clara que a França vai sozinha em termos de produção de energia em suas nucleares a nível europeu. O primeiro lugar continua sendo dos Estados Unidos, com uma produção de 772 TWh, muito à frente de uma China que tem grandes (e caros) planos para o desenvolvimento do seu parque nuclear, com uma produção de 383 TWh.
A China destronou a França como a segunda maior produtora de energia nuclear no mundo devido ao rápido desenvolvimento de suas centrais na última década, mas a França ainda está no pódio com 363 TWh (no final de 2022, baixou um pouco para 282 TWh, de acordo com os números da WNA). Curiosamente, 69% das necessidades elétricas da França são cobertas pela energia nuclear, sendo (de longe) o país que mais depende dessas centrais.
Muito atrás estão os outros países, mas, como dissemos, mais cedo ou mais tarde haverá uma revolução nas posições do gráfico. Devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, uma das principais centrais da Ucrânia parou de produzir. Além disso, a Alemanha está em pleno processo de desmantelamento das centrais e a Espanha seguirá o mesmo caminho entre 2027 e 2035. Atualmente, 20% da eletricidade do país vem das nucleares.
As reservas mundiais de urânio
Outro cenário é o gráfico das reservas de urânio. Trata-se de um recurso relativamente abundante e, exceto no caso da Rússia, não há uma correlação entre as reservas de urânio e as nucleares.
Podemos ver que a Austrália se destaca totalmente do resto do mundo em termos de toneladas, com quase 1,7 milhões de toneladas de urânio, representando 28% das reservas mundiais. O Cazaquistão conta com 815.200 toneladas (13% das reservas mundiais) e o Canadá conta com 588.500 toneladas (10% das reservas). Seguem-se países como a Rússia, Namíbia e África do Sul.
Os Estados Unidos, a potência em produção de eletricidade graças às nucleares, não têm nem 1% das reservas e a França nem aparece na tabela detalhada da WNA.
A energia nuclear em 2024
Como dissemos, é preciso esperar que os dados sejam atualizados levando em consideração os eventos atuais, como os casos da Ucrânia e da Alemanha, mas a situação da energia nuclear em 2024 é interessante. Atualmente, estima-se que existam 440 reatores com uma produção mundial de 396.269 MWe (lembre-se que antes falávamos de produção de cada país em TWh e agora falamos de MWe, sendo duas coisas diferentes).
Estão sendo construídos cerca de 60 reatores a nível mundial, com uma produção estimada de 62.998 MWe, e essa energia nuclear é a segunda maior fonte mundial de energia baixa em carbono, representando 26% do total em 2020. A nível mundial, estima-se que 10% da eletricidade provenha das centrais nucleares e será necessário observar o que ocorrerá com a produção a curto prazo e por quais fontes essa energia será substituída em países como a Alemanha ou a Espanha.