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Os EUA mantêm o maior déficit comercial do mundo, comprando muito mais do que vendem, porque o planeta precisa dos dólares que eles emitem para fazer negócios entre si

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 11/10/2025 às 22:06
O déficit comercial dos EUA persiste graças à hegemonia do dólar e à emissão de dólares que sustentam a moeda global, mesmo com o avanço da dívida pública americana e sinais de mudança no equilíbrio financeiro mundial.
O déficit comercial dos EUA persiste graças à hegemonia do dólar e à emissão de dólares que sustentam a moeda global, mesmo com o avanço da dívida pública americana e sinais de mudança no equilíbrio financeiro mundial.
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A persistência dos EUA mantêm o maior déficit comercial do mundo está ligada ao papel do dólar como moeda global e ao privilégio de emitir a moeda usada nas transações internacionais, o que permite ao país comprar mais do que vende sem comprometer sua posição econômica imediata

Os Estados Unidos seguem com o maior déficit comercial do planeta, importando mais bens e serviços do que exportam. Em julho de 2025, o saldo negativo da balança comercial americana chegou a US$ 78,3 bilhões, impulsionado pela alta das importações e pelo fortalecimento da demanda interna.

Esse desequilíbrio, que para outros países representaria um sinal de fragilidade, se sustenta porque o dólar americano continua sendo a principal moeda de reserva e de comércio global. A posição dominante da moeda permite aos EUA financiar déficits recorrentes emitindo a própria moeda que o mundo inteiro precisa para fazer negócios.

Como funciona o déficit comercial dos EUA

O déficit comercial ocorre quando as importações de um país superam suas exportações.

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No caso dos EUA, as compras externas ultrapassam consistentemente as vendas, gerando um saldo negativo que, em 2025, se mantém entre US$ 60 e US$ 80 bilhões por mês.

Em março daquele ano, o recorde chegou a US$ 136 bilhões, segundo o Departamento de Comércio.

A diferença é coberta pela emissão de títulos e pela confiança internacional no dólar.

Outros países aceitam financiar os EUA comprando esses papéis, porque precisam de dólares para suas próprias operações comerciais.

Esse ciclo mantém a engrenagem global girando, mesmo que o déficit americano cresça.

O papel do dólar como moeda de reserva global

O domínio do dólar nasceu após a Segunda Guerra Mundial, com os acordos de Bretton Woods, e se consolidou nas décadas seguintes.

Atualmente, cerca de 46% das reservas internacionais mundiais estão em dólares, segundo dados do FMI para o primeiro semestre de 2025, embora essa participação tenha caído em relação aos 60% registrados em 2015.

Mesmo em queda, o dólar continua sendo a principal referência nas transações internacionais, especialmente em commodities estratégicas como petróleo, gás e grãos.

Para importar esses produtos, países precisam antes adquirir dólares, o que mantém uma demanda permanente pela moeda americana.

O “privilégio exorbitante” dos Estados Unidos

Esse mecanismo é conhecido como “privilégio exorbitante”, expressão cunhada pelo economista francês Valéry Giscard d’Estaing nos anos 1960.

Ela descreve a capacidade dos EUA de emitir sua própria moeda para pagar por importações e financiar dívidas externas.

Enquanto outros países precisam equilibrar suas contas externas, os Estados Unidos podem comprar mais do que produzem sem risco imediato de insolvência, pois o mundo aceita o dólar como pagamento.

Isso sustenta um padrão de consumo elevado, mas também aumenta a dependência global da estabilidade econômica americana.

Riscos de longo prazo e mudanças no cenário global

Apesar do aparente conforto, o modelo apresenta riscos.

A dívida pública americana ultrapassou US$ 36 trilhões em 2025, elevando preocupações sobre a sustentabilidade desse sistema.

A queda gradual da participação do dólar nas reservas internacionais e a busca por alternativas, como o yuan chinês e o ouro, indicam um movimento lento de diversificação monetária.

Alguns países, incluindo o Brasil, têm defendido acordos comerciais bilaterais que reduzam a dependência do dólar, especialmente dentro de blocos como o BRICS.

A perda progressiva de hegemonia cambial poderia, a longo prazo, limitar a capacidade dos EUA de sustentar déficits tão amplos sem consequências inflacionárias ou fiscais.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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