Campo Grande retoma testes com ônibus movido a gás natural e avalia sua viabilidade como solução sustentável para o transporte público da cidade.
Nos últimos anos, a busca por fontes de energia mais limpas no transporte urbano cresceu significativamente.
Por esse motivo, o ônibus movido a gás natural tem se destacado como uma alternativa promissora aos modelos a diesel, especialmente por sua eficiência e menor impacto ambiental.
Nesse contexto, Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, avança mais uma vez em direção à modernização do transporte público.
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O Consórcio Guaicurus, responsável por operar o sistema de ônibus da cidade, anunciou um novo período de testes com esse tipo de veículo.
O objetivo, portanto, é avaliar com mais profundidade se os ônibus a gás natural devem integrar a frota municipal, considerando desempenho, economia e sustentabilidade.
Embora a cidade já tenha testado o modelo em outubro de 2024, aquele experimento durou apenas uma semana.
Agora, no entanto, o novo teste terá duração de 30 dias, o que permitirá acompanhar o desempenho do ônibus em diversas situações reais, como horários de pico, rotas extensas e diferentes condições climáticas.
Além disso, o Consórcio pretende observar o consumo de combustível, o conforto dos passageiros e os níveis de emissão de poluentes em comparação com os veículos convencionais.
Assim, será possível tomar uma decisão mais segura quanto à possível aquisição futura.
Outro ponto importante é a possibilidade de o ônibus a gás natural contribuir para a redução dos custos de manutenção da frota.
Uma vez que esses veículos tendem a ter motores menos agressivos e mais duráveis, comparados aos modelos a diesel tradicionais.
Isso pode representar uma economia significativa para as operadoras ao longo dos anos.
Por que o ônibus movido a gás natural pode ser uma solução viável?
De acordo com Themis de Oliveira, diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, a ampliação do teste é fundamental.
Isso porque, apesar do custo inicial mais elevado — cerca de R$ 400 mil a mais do que um ônibus a diesel —, o modelo pode gerar benefícios significativos a médio e longo prazo.
Além da economia operacional, a cidade já possui infraestrutura para receber esse tipo de ônibus, como o gasoduto ativo e o fornecimento garantido pela MSGás.
Dessa forma, o uso do ônibus movido a gás natural se torna não apenas viável, como também estratégico.
Outras cidades brasileiras, como São Paulo, Curitiba e Recife, já realizaram testes com esse tipo de tecnologia desde os anos 1990.
Por isso, já existem dados que comprovam a eficácia da alternativa, especialmente no que diz respeito à redução de poluentes atmosféricos.
Além do mais, o gás natural, embora seja um combustível fóssil, apresenta queima mais limpa. Ele libera menos dióxido de carbono, menos monóxido de carbono e praticamente não emite enxofre.
Por essa razão, o ônibus movido a gás natural representa uma ponte segura entre os veículos a diesel e os modelos 100% elétricos, que ainda enfrentam altos custos e dificuldades logísticas.
Além disso, o gás natural é considerado um combustível de transição ideal para países em desenvolvimento.
Pois alia tecnologia já disponível a um impacto ambiental muito menor que o diesel, o que ajuda a atender metas ambientais estabelecidas por acordos internacionais.
Benefícios para o meio ambiente e conforto dos passageiros
Além dos benefícios ambientais, os ônibus a gás proporcionam mais conforto aos passageiros.
O modelo testado em Campo Grande, por exemplo, contava com ar-condicionado, câmbio automático e capacidade para 44 passageiros sentados.
Dessa forma, ele alia eficiência energética ao bem-estar durante o trajeto.
Contudo, apesar das vantagens, o investimento inicial ainda representa um entrave para as empresas operadoras.
Conforme apontado pela CPI do Transporte Coletivo em Campo Grande, parte da frota atual já ultrapassou o tempo de uso recomendado.
Mesmo assim, o Consórcio afirmou que, no momento, não possui recursos para investir em novos veículos.
Adicionalmente, a mudança tecnológica exige ajustes estruturais. Oficinas e garagens precisam de adequações específicas, e os profissionais de manutenção e motoristas devem receber treinamento.
Por isso, o processo de implementação deve ser gradual e planejado para garantir que todos os envolvidos estejam preparados para operar e manter os novos veículos de maneira eficiente e segura.
Portanto, a transição exige planejamento detalhado.
Desafios financeiros e a realidade da frota em Campo Grande
Por outro lado, renovar a frota não resolveria, por si só, os problemas enfrentados pelo transporte coletivo.
Themis de Oliveira destacou que, sem a conclusão das obras dos corredores exclusivos, novos ônibus não trariam a melhoria desejada.
Portanto, é preciso alinhar infraestrutura e investimento em veículos.
Apesar disso, a retomada dos testes com o ônibus movido a gás natural representa um avanço.
Campo Grande já possui a estrutura necessária, o que coloca a cidade em posição vantajosa frente a outras capitais brasileiras.
Além disso, o fornecimento de gás natural no Brasil é abundante, o que garante estabilidade e previsibilidade nos custos.
Esse cenário, portanto, torna a adoção dessa tecnologia mais prática e menos arriscada economicamente.
A preocupação com o orçamento também demanda que os gestores busquem parcerias público-privadas e incentivos governamentais que possam viabilizar a aquisição dos veículos sem comprometer as finanças municipais.
Perspectivas e futuro do transporte público sustentável
A experiência de cidades como Curitiba mostra que é possível diversificar a frota com diferentes tecnologias, incluindo ônibus híbridos, elétricos e a gás.
Isso resulta em sistemas mais resilientes, eficientes e ambientalmente corretos.
À medida que cresce a pressão por soluções mais ecológicas, o ônibus movido a gás natural surge como um caminho de transição realista.
Mesmo que ainda não represente a solução definitiva, ele pode preparar o terreno para futuras tecnologias, como o hidrogênio verde ou veículos elétricos com maior autonomia.
Além disso, iniciar a substituição gradual da frota com base em testes controlados permite avaliar com segurança todos os aspectos operacionais e financeiros.
Com isso, a cidade evita decisões precipitadas e investe com responsabilidade.
A conscientização da população e o engajamento da sociedade civil são outros pontos que têm ganhado importância nesse processo.
Uma população informada tende a apoiar mais as mudanças, principalmente quando os benefícios ambientais e sociais são comunicados claramente.
Portanto, Campo Grande tem a chance de se tornar referência nacional na implementação de soluções sustentáveis para a mobilidade urbana.
Com apoio político, incentivos fiscais e parcerias privadas, o projeto pode ganhar escala e inspirar outras cidades brasileiras.
Um passo necessário para cidades mais limpas
Em resumo, o novo teste com o ônibus movido a gás natural não representa apenas uma análise técnica.
Ele simboliza um compromisso da cidade com o futuro da mobilidade, da saúde pública e da sustentabilidade urbana.
Por esse motivo, investir nesse tipo de tecnologia se mostra como uma escolha estratégica e necessária.
À medida que o transporte coletivo se adapta às novas demandas ambientais, ganha a cidade, ganha o meio ambiente e ganha a população.