Tecnologia avançada permite multar veículos estacionados em locais proibidos, melhorando a segurança de ciclistas e a eficiência do transporte público
Os ônibus em Sacramento, na Califórnia, se tornaram verdadeiros “espiões” das ruas, utilizando câmeras equipadas com inteligência artificial para multar carros que estacionam em locais impróprios, como ciclovias e pontos de ônibus. Essa inovação visa proteger ciclistas e garantir a eficiência do transporte público, mostrando como a tecnologia pode revolucionar a fiscalização de trânsito.
Como funciona o sistema de fiscalização
Mais de 100 ônibus do Sacramento Regional Transit (SacRT) foram equipados com câmeras frontais que registram imagens e vídeos de veículos estacionados de forma irregular.
A tecnologia, desenvolvida pela empresa Hayden AI, utiliza inteligência artificial para identificar infrações, como parar em ciclovias e pontos de ônibus, e enviar as informações para a equipe de fiscalização do SacRT.
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Antes da aplicação de multas, as imagens são revisadas por fiscais, garantindo que motoristas não sejam penalizados injustamente.
O projeto foi iniciado em dezembro de 2024, focando inicialmente em pontos de ônibus.
Nos primeiros 60 dias, foram emitidas 2.740 advertências.
A partir de 14 de abril, as câmeras passaram a monitorar também ciclovias, emitindo advertências até 12 de junho.
A partir de 13 de junho, as multas reais serão aplicadas, com valores que podem chegar a US$ 100 (aproximadamente R$ 550).
A importância da inovação
A introdução de câmeras nos ônibus tem como principal objetivo proteger ciclistas, que muitas vezes precisam desviar para o meio da rua quando veículos bloqueiam as ciclovias.
Além disso, a medida busca garantir que os ônibus possam circular sem atrasos, melhorando a eficiência do transporte público e a segurança de todos os usuários das vias.
A presença de carros estacionados em locais inadequados pode causar não apenas atrasos, mas também acidentes graves, colocando em risco a vida de ciclistas e pedestres.
Situação da fiscalização no Brasil
No Brasil, embora as multas por estacionamento irregular sejam conhecidas, a tecnologia de câmeras nos ônibus ainda não é uma realidade.
Em São Paulo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) utiliza agentes de trânsito e veículos com câmeras para flagrar infrações, como estacionar em vagas de Zona Azul sem pagamento.
A multa por essas infrações é de R$ 195,23 (infração grave, com cinco pontos na CNH) e pode resultar em guincho.
Além disso, a CET já implementou um sistema de monitoramento de veículos que utilizam ciclovias irregularmente, mas o alcance dessas ações ainda é limitado.
No Rio de Janeiro, a fiscalização é realizada por agentes, mas sem o auxílio de câmeras automatizadas.
Em Sorriso (MT), no entanto, ônibus do transporte coletivo foram equipados com videomonitoramento em abril, com o foco em garantir a segurança dos passageiros, registrando trajetos, áudios, partidas e paradas, mas não para multar carros.
O desafio das multas nas ciclovias
As ciclovias, como as de São Paulo e do Rio de Janeiro, estão se tornando cada vez mais utilizadas, e o problema das infrações de trânsito relacionadas a veículos que trafegam em ciclovias é semelhante.
Em fevereiro de 2024, São Paulo registrou mais de 34 mil infrações por veículos trafegando em ciclovias ou ciclofaixas, segundo o Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf).
A multa para essa infração é grave, com cinco pontos na CNH e também no valor de R$ 195,23.
Com o aumento do uso de bicicletas, especialmente durante a pandemia, a necessidade de proteger os ciclistas se torna ainda mais urgente.
Muitas cidades têm investido em infraestrutura cicloviária, mas a falta de fiscalização adequada pode comprometer esses esforços.
A implementação de sistemas de câmeras nos ônibus poderia ser uma ferramenta eficaz para coibir infrações e promover um trânsito mais seguro.
A viabilidade da tecnologia no Brasil
Implementar um sistema de câmeras em ônibus no Brasil não é uma tarefa simples.
O custo para instalar e manter o sistema em 100 ônibus em Sacramento foi de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 8,2 milhões), sem contar a infraestrutura necessária para a inteligência artificial.
Em São Paulo, onde existem cerca de 12 mil ônibus, o investimento seria astronômico, o que levanta questões sobre a viabilidade dessa tecnologia em larga escala.
Apesar do custo elevado, os benefícios potenciais são significativos, incluindo a redução de acidentes, a melhoria da fluidez do tráfego e a proteção de ciclistas.
É crucial que as autoridades considerem não apenas os investimentos iniciais, mas também o impacto a longo prazo na segurança e na mobilidade urbana.
Futuro da fiscalização de trânsito
A experiência de Sacramento pode servir como um modelo para outras cidades, incluindo as brasileiras, que enfrentam desafios semelhantes na fiscalização e multas de infrações de trânsito.
Com a crescente necessidade de garantir a segurança nas vias e proteger os ciclistas, a adoção de tecnologias inovadoras pode ser um caminho promissor.
Contudo, a implementação exige planejamento e investimento considerável, além de um diálogo com a população sobre a importância das medidas de segurança no trânsito.
Cidades que adotam soluções tecnológicas para a fiscalização de trânsito não apenas ajudam a manter as vias mais seguras, mas também promovem uma cultura de respeito às regras de trânsito.
Com a promoção de um ambiente mais seguro, espera-se que mais pessoas optem por modos de transporte sustentáveis, como bicicletas e ônibus, contribuindo para um futuro mais verde e seguro nas cidades.
FONTE: VRUM