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Oferta milionária faz a maior petroleira do Brasil abrir mão do campo de petróleo Papa-Terra e reduzir ainda mais sua presença na Bacia de Campos

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 21/07/2021 às 10:03
empregos - petrobras - bacia de campos - petróleo - produção
Plataforma de petróleo P-61 Petrobras no campo Papa-Terra Bacia de Campos / Imagem Petrobras

A gigante do petróleo brasileiro Petrobras anunciou na semana passada a venda da sua participação (62,5%) no campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos

Oferta milionária de US$ 105,6 mi, da petroleira 3R Petroleum, faz a gigante do petróleo brasileira se desfazer do seu ativo na Bacia de Campos. A venda do campo de petróleo se insere no cenário de “desinvestimentos” da Petrobras e é mais um passo preocupante no sentido de deixar o país mais vulnerável sob o ponto de vista energético e economicamente podendo afetar geração de empregos.

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De acordo com o Sindipetro, ainda não é possível dimensionar os efeitos nocivos sobre a perda de empregos ou sobre a produção e seus impactos sobre os royalties, mas o movimento sindical identifica como prejudicial a acentuação de uma lógica financista no setor petroleiro.

Para o pesquisador do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), João Montenegro, ainda é cedo para saber os impactos específicos da venda de ativos como a P-61 e a P-63, plataformas que integram o campo de Papa-Terra, mas acende-se um alerta em relação a uma crescente presença de atores privados, que buscam lucro imediato para seus acionistas, em detrimento do tratamento do setor como estratégico para o país, que pode gerar empregos e desenvolvimento social.

Há uma apreensão em relação a uma queda no número de empregos com a chegada da nova empresa

O pesquisador também destaca que precisará ser avaliado o impacto sobre uma redução da política de conteúdo nacional, uma vez que as empresas privadas do setor não têm qualquer obrigação de priorizar o mercado nacional. Além disso, deverão ser observadas as relações que estas empresas terão com seus trabalhadores e entidades representativas. Há uma apreensão em relação a uma queda no número de empregos e a uma redução na qualidade dos empregos preservados, o que precisará ser confirmado com a atuação da nova empresa gestora das unidades do campo.

De acordo com o economista Carlos Takashi, técnico da subseção do Dieese no Sindipetro-NF, o campo de Papa-Terra possui diferenças em relação a campos vendidos recentemente, que vinham registrando quedas nas suas produções (Pargo, Enchova e Pampo). A primeira é estar localizado em águas profundas, e não em águas rasas como os demais. A segunda é a de tratar-se de um campo mais novo: foi descoberto em 2003 e o primeiro óleo foi extraído em novembro de 2013, enquanto a produção dos polos Pargo, Enchova e Pampo se iniciou nos anos 1980.

“Apesar da produção do campo Papa-Terra também ter caído entre 2014 e 2018, devido a fatores como a queda dos investimentos da Petrobras e a adoção de uma política deliberada e acelerada de privatizações desde 2016, nos últimos dois anos (2019 e 2020) o campo de Papa-Terra tem recuperado sua produção. A Petrobras anunciou a venda e agora assinou um contrato de venda de um campo em que ela própria tem recuperado e há potencial de aumento da produção”, explica o economista.

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas da indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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