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O valor do real ou do dólar não é lastreado em ouro desde os anos 70, mas sim na confiança de que o governo será capaz de honrar suas dívidas

Publicado em 11/10/2025 às 22:18
Entenda o que realmente define o valor do real desde o fim do padrão-ouro e como confiança, inflação e Banco Central sustentam a moeda.
Entenda o que realmente define o valor do real desde o fim do padrão-ouro e como confiança, inflação e Banco Central sustentam a moeda.
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O valor do real não depende de cofres cheios de ouro, mas da confiança de que o Estado cumpre suas obrigações, controla a inflação e sustenta a atividade econômica, lógica que também vale para o dólar e demais moedas fiduciárias.


O valor do real assim como o do dólar não é lastreado em ouro desde os anos 70. Desde o fim do padrão-ouro, o dinheiro passou a ser “fiduciário”: vale porque a sociedade confia que o governo e o banco central honrarão suas dívidas e manterão a estabilidade de preços e do sistema financeiro.

Essa virada histórica começou com o “choque de Nixon” em 1971, que encerrou a conversibilidade do dólar em ouro e desfez o sistema de Bretton Woods. De lá para cá, o preço das moedas flutua conforme expectativas e fundamentos, não por promessas de conversão em metal precioso. Entender essa mudança ajuda a explicar por que a moeda oscila, como se forma a taxa de câmbio e o que, de fato, sustenta o poder de compra no dia a dia.

Do padrão-ouro ao dinheiro fiduciário

Durante décadas, a principal âncora monetária global foi a conversão do dólar em ouro a uma taxa fixa.

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Isso limitava a emissão de moeda e dava previsibilidade cambial, mas também amarrava políticas econômicas em momentos de crise e exigia enormes reservas.

A ruptura de 1971 transformou o sistema: as moedas passaram a valer pela confiança na política econômica, na capacidade de pagamento do Estado e no desenho das instituições.

Não existe mais “lastro físico”. O que há é credibilidade, construída por regras fiscais e monetárias, transparência e estabilidade política.

O que sustenta o valor hoje

O valor do real é resultado de fundamentos e expectativas. Entre os pilares, destacam-se:
Política monetária crível: metas de inflação claras e um banco central disposto a cumpri-las. Inflação baixa preserva o poder de compra e reforça a confiança na moeda.
Política fiscal responsável: dívida pública sustentável reduz o risco de calote e de emissão inflacionária para financiar gastos.

Também pesam a força da atividade econômica, as contas externas (balança comercial, fluxo de capitais) e o ambiente institucional.

Quando esses vetores apontam na direção certa, a moeda se fortalece; quando se deterioram, ela perde valor.

Como se forma a taxa de câmbio do real

Desde 1999, o Brasil adota câmbio flutuante: o preço do dólar em reais é determinado no mercado, com intervenções pontuais do Banco Central para suavizar choques.

Oferta e demanda são decisivas: entram dólares via exportações, investimento estrangeiro e captações; saem com importações, remessas e pagamentos de dívida.

Outro componente-chave é o diferencial de juros. Juros domésticos mais altos tendem a atrair capital de curto prazo, apoiando a moeda; quando caem ou a incerteza sobe, o movimento pode ser inverso. Expectativas sobre crescimento, inflação e política completam o quadro.

O caso do real: confiança, reservas e instituições

O real é moeda fiduciária. Seu valor repousa na credibilidade da política econômica e na capacidade do Estado brasileiro de honrar compromissos.

As reservas internacionais compostas por moedas fortes, títulos e uma parcela de ouro funcionam como “colchão” contra choques, fortalecendo a confiança externa.

O aprendizado dos anos 90 deixou marcas institucionais: metas de inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante.

Quando esses pilares se enfraquecem, o prêmio de risco sobe e o câmbio reage. Quando se reforçam, a percepção melhora e o real tende a se valorizar.

Ouro não some do mapa, mas deixou de ser âncora

O fim do padrão-ouro não eliminou o papel do ouro na economia. O metal segue como reserva de valor em carteiras privadas e oficiais, especialmente em tempos de incerteza.

O ponto é que ele não “garante” o real nem o dólar: hoje, o que garante é a capacidade de pagamento do emissor e a confiança nas regras do jogo.

Na prática, moedas fortes combinam instituições sólidas, disciplina fiscal, bancos centrais críveis e economias dinâmicas.

Sem isso, nem cofres cheios de metal salvam o poder de compra.

Mitos e verdades sobre “lastro” e impressão de dinheiro

É mito que o governo possa “imprimir” riqueza sem custo. Emissão sem lastro de confiança resulta em inflação, perda de poder de compra e, no limite, crise cambial.

Também é mito que apenas o ouro garanta estabilidade: o que estabiliza é boa política econômica, não a promessa de conversão.

Por outro lado, é verdade que o dinheiro moderno depende de credibilidade. Quando a confiança cai, a moeda cai junto.

E é verdade que instituições previsíveis e transparência reduzem incerteza e sustentam o valor da moeda.

O que observar daqui para frente

Para entender o futuro do valor do real, olhe para três frentes:
Inflação e juros: inflação ancorada e comunicação clara do Banco Central sustentam a moeda; desancoragem fragiliza o câmbio.


Fiscal e crescimento: trajetória da dívida, qualidade do gasto e reformas pró-produtividade impactam risco-país e fluxo de capitais.


Cenário global: apetite por risco, preços de commodities e ciclo de juros nas maiores economias mexem com moedas emergentes.

Se o real vale pela confiança, o que mais pesa para você: disciplina fiscal, inflação baixa ou crescimento? Na sua rotina, você sente mais o câmbio no supermercado, no aluguel ou nas passagens aéreas? Conte nos comentários como essas oscilações têm afetado seu orçamento e seus investimentos queremos ouvir quem vive isso na prática.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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