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Por que a China está formando 3,5 milhões de engenheiros por ano — o segredo da China para dominar a inteligência artificial e o que isso significa para o mundo

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 16/10/2025 às 12:26
A China forma mais de 3,5 milhões de engenheiros por ano e lidera a revolução da inteligência artificial com um plano educacional de décadas.
A China forma mais de 3,5 milhões de engenheiros por ano e lidera a revolução da inteligência artificial com um plano educacional de décadas.
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A China forma mais de 3,5 milhões de engenheiros por ano e lidera a revolução da inteligência artificial com um plano educacional de décadas.

Pequim tem um plano — e ele está funcionando. Enquanto o mundo via a China como centro da produção industrial global, o país investia silenciosamente em algo muito mais estratégico: educação científica em larga escala. Após quatro décadas de foco em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (as chamadas áreas STEM), o resultado começa a aparecer com clareza: a China está se tornando o maior polo de inovação em inteligência artificial (IA) do mundo.

Atualmente, o país asiático forma mais de 3,5 milhões de engenheiros por ano.

É uma força de trabalho gigantesca, moldada para impulsionar tecnologias emergentes, alimentar ecossistemas digitais e disputar o protagonismo com os gigantes do Vale do Silício.

A virada começa na sala de aula: educação como motor da transformação

O processo de transformação da China em potência tecnológica começou no final dos anos 70.

Após o fim da era Mao, o país precisava se modernizar — e enxergou na ciência uma ferramenta central para isso.

A partir dali, uma série de reformas educacionais colocou os cursos técnicos e científicos no centro da estratégia nacional.

O governo investiu na capacitação de jovens, inclusive enviando milhares deles para universidades do Ocidente com o objetivo de aprender, se especializar e, depois, retornar para aplicar esse conhecimento em solo chinês.

Esses profissionais retornaram com novos padrões acadêmicos, novas visões e um objetivo claro: transformar a base científica da China.

Eles foram apelidados de “hai gui” — ou “tartarugas marinhas” —, referência ao seu retorno ao país de origem com um novo arsenal de conhecimento.

Universidades chinesas ganham projeção global

Esse investimento gerou um salto na qualidade das instituições chinesas. Nos anos 2000, universidades como Tsinghua e Pequim começaram a figurar entre as mais produtivas do mundo.

Suas publicações científicas passaram a ser referência internacional — e isso não aconteceu por acaso.

A China dobrou o investimento em educação em apenas uma década.

Hoje, mais de 4% do seu PIB vai para o setor. Ao priorizar cursos de engenharia, computação, ciência de dados e áreas ligadas à IA, o país criou uma verdadeira fábrica de especialistas.

Esse modelo não se limitou ao ensino superior. Em várias regiões, crianças já têm contato com lógica computacional e robótica ainda no ensino fundamental.

O país está formando engenheiros desde a infância.

Engenheiros da China ganham espaço em empresas de ponta

O impacto disso tudo já pode ser visto nas maiores empresas de tecnologia do mundo.

Nos últimos anos, engenheiros formados na China têm assumido posições de liderança em projetos de inteligência artificial nos Estados Unidos, Europa e no próprio continente asiático.

Quatro desses engenheiros — Shengjia Zhao, Hongyu Ren, Jiahui Yu e Shuchao Bi — ganharam destaque recentemente ao trocar a Meta pela OpenAI, integrando equipes responsáveis pelo desenvolvimento de sistemas como o GPT-4 e o GPT-4o, os mais avançados modelos de linguagem já criados.

Todos eles iniciaram sua formação em universidades chinesas de elite e completaram o doutorado em instituições renomadas nos Estados Unidos, como Stanford e Berkeley.

Fuga de cérebros ou estratégia global?

O talento chinês tem sido tão requisitado que muitos especialistas consideram esse fenômeno uma nova “corrida pelo conhecimento”.

Segundo um estudo do Instituto Paulson, cerca de 38% dos profissionais de IA que atuam hoje nos EUA se formaram originalmente na China.

Essa presença crescente gerou reações. O governo dos EUA, por exemplo, adotou políticas mais rigorosas para estudantes chineses, argumentando preocupações com segurança nacional.

Porém, especialistas alertam que restringir esse intercâmbio pode comprometer o próprio avanço tecnológico americano.

Enquanto isso, a China segue focada em seu plano: formar mais engenheiros, aumentar sua autonomia científica e liderar o desenvolvimento da inteligência artificial global.

Não é sorte: é planejamento de décadas da China

A ascensão da China no campo da IA não é fruto do acaso.

Ela resulta de estratégia, visão de longo prazo e educação estruturada em torno da ciência e tecnologia.

Formar milhões de engenheiros por ano não é apenas uma estatística.

É uma escolha de país que entendeu que, no século XXI, conhecimento técnico será a moeda mais valiosa do planeta.

E quem detém essa moeda, dita as regras do jogo.

Engenheiros como pilar do poder tecnológico

Ao transformar educação científica em política de Estado, a China criou um motor que alimenta seus avanços tecnológicos.

Os engenheiros que hoje saem das universidades do país são protagonistas de uma nova era — uma era em que algoritmos, inteligência artificial e automação moldam a economia e as relações de poder globais.

Com escala, consistência e visão, a China está usando seus engenheiros como pontes para o futuro. E o mundo inteiro começa a perceber isso.

Fonte: Xataka

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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