Novo estudo revela que o café pode ativar um “interruptor biológico secreto” ligado ao envelhecimento e à longevidade, mas os especialistas alertam: tudo depende da dose certa
Beber café é um hábito diário para bilhões de pessoas no mundo. Só nos Estados Unidos, quase 70% da população consome ao menos uma bebida com cafeína todos os dias. Mas, além de ser um estimulante para começar a manhã ou enfrentar o trabalho, novas pesquisas mostram que o café pode estar escondendo um efeito muito mais profundo nas nossas células.
Um estudo publicado na revista científica Microbial Cell revelou que a cafeína pode ativar um sistema biológico chamado AMPK (proteína quinase ativada por AMP), conhecido como o “guardião do metabolismo”. Esse sistema é responsável por manter o equilíbrio energético das células, ajudando-as a responder ao estresse, reparar o DNA e regular o crescimento celular — todos fatores essenciais para retardar o envelhecimento.
Segundo os cientistas da Queen Mary University of London (QMUL), a cafeína não age diretamente sobre os receptores que controlam o crescimento, como se pensava antes. Em vez disso, ela aciona esse “interruptor secreto” que já existe tanto em humanos quanto em organismos simples, como as leveduras usadas no experimento.
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O que isso significa para a longevidade
De acordo com o pesquisador Charalampos Rallis, a descoberta abre caminho para entender melhor como a alimentação, o estilo de vida e até medicamentos futuros podem estimular o AMPK de forma controlada. O sistema funciona como um mecanismo de defesa para células com pouca energia, prolongando sua capacidade de se manterem ativas e funcionando corretamente.
“Isso pode ser uma das chaves para retardar o envelhecimento celular”, afirmou o Dr. John-Patrick Alao, líder do estudo, em nota à imprensa. “Nossos resultados mostram possibilidades empolgantes de explorar como a dieta e substâncias como a cafeína podem influenciar diretamente a saúde das células.”
Na prática, tomar café pode ir além de melhorar o humor ou dar disposição: pode estar ajudando o corpo a envelhecer mais devagar.
Benefícios já conhecidos da cafeína
Esse efeito não é o único já associado ao café. Pesquisas anteriores apontam que a cafeína pode reduzir sintomas de depressão em doses baixas, já que estimula a produção de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer e à motivação. Além disso, há estudos que indicam menor risco de doenças como Alzheimer e Parkinson entre consumidores regulares de café.
No entanto, é importante destacar que nem toda cafeína é igual. Enquanto uma xícara de café tem em média 95 mg, algumas bebidas energéticas podem conter até quatro vezes mais dessa substância. O CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) alerta que o consumo exagerado, principalmente em jovens, pode levar a problemas cardíacos, como palpitações e aumento da pressão arterial.
Café: aliado ou inimigo?
O novo estudo reforça a ideia de que a cafeína pode ser uma ferramenta poderosa contra o envelhecimento, mas como tudo na biologia, o segredo está no equilíbrio. Consumida com moderação, ela pode ser uma aliada do metabolismo e da longevidade. Em excesso, no entanto, pode se transformar em risco para a saúde.
Enquanto a ciência continua investigando como aproveitar melhor esse “interruptor biológico secreto”, uma coisa é certa: aquele café do meio da tarde pode estar fazendo muito mais pelo seu corpo do que apenas espantar o sono.
E você, já imaginava que o café poderia influenciar diretamente suas células e até o processo de envelhecimento?