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O que Hawking previu em 1971 só agora foi confirmado em 2025 — e o resultado mudou tudo o que a ciência sabia

Escrito por Jefferson Augusto
Publicado em 16/09/2025 às 15:49
LIGO detectando fusão de buracos negros que confirma previsão de Hawking em 2025
Observatório LIGO detecta fusão de buracos negros que confirma previsão de Hawking feita em 1971.
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Descoberta histórica anunciada pela colaboração LIGO-Virgo-KAGRA comprova teoria da área dos buracos negros, reforçando legado de Hawking e revolução científica

Uma das hipóteses mais notórias do físico britânico Stephen Hawking foi finalmente confirmada, mais de meio século após ter sido formulada. A revelação foi anunciada pela colaboração internacional LIGO-Virgo-KAGRA (LVK), ligada à Caltech, e publicada na revista Physical Review Letters em 10 de setembro de 2025. O resultado representa um marco para a física moderna e para a compreensão do cosmos.

Segundo a equipe, a confirmação ocorreu após a detecção de ondas gravitacionais no dia 14 de janeiro de 2025, quando o observatório LIGO registrou a fusão de dois buracos negros localizados a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra. O evento cósmico, batizado de GW250114, forneceu a prova mais sólida já obtida da chamada teoria da área dos buracos negros, formulada por Hawking em 1971.

O que diz a teoria da área dos buracos negros

O Observatório LIGO, da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, registrou por meio das ondas gravitacionais os instantes que antecederam uma intensa colisão entre dois buracos negros. Imagem: Reproduzida por IA

A teoria proposta por Hawking estabelece que a área total da superfície dos buracos negros nunca pode diminuir. Isso significa que, mesmo quando ocorre a colisão entre dois gigantes cósmicos e parte da energia é dissipada em forma de ondas gravitacionais, o resultado final é sempre um aumento da soma das áreas.

No caso registrado pelo LIGO, os cálculos mostraram que, antes da fusão, os buracos negros tinham juntos uma área de cerca de 240 mil km². Após o choque, o novo buraco negro formado passou a ter 400 mil km², quase o dobro. Ou seja, os cientistas literalmente conseguiram “ouvir” o crescimento da área através das ondas gravitacionais detectadas.

Essa observação trouxe a comprovação de que a massa e a rotação se combinam de forma que nunca reduzem a “fronteira” do buraco negro. Para os pesquisadores, trata-se de um dos resultados mais importantes já alcançados pela astrofísica moderna.

O peso da confirmação científica

O nível de confiança do estudo alcançou impressionantes 99,999%, tornando-se a validação mais robusta até hoje da teoria de Hawking. Um teste preliminar havia sido realizado em 2021, mas com dados mais ruidosos e menos precisos. Agora, com a evolução tecnológica dos detectores do LIGO, foi possível medir variações no espaço-tempo menores que um décimo de milésimo do tamanho de um próton, algo inimaginável há apenas alguns anos.

Conforme artigo publicado pela Physical Review Letters e informações divulgadas pela Caltech, a clareza do sinal permitiu testar com rigor leis fundamentais da física. “Podemos ouvir o sinal de forma clara, e isso nos permite explorar os limites da teoria”, afirmou Katerina Chatziioannou, professora de Física da Caltech e integrante da equipe.

O legado de Stephen Hawking e a reação da comunidade científica

A confirmação da hipótese reacendeu o interesse mundial pelo legado de Stephen Hawking, falecido em 2018. O físico Kip Thorne, colaborador de Hawking e um dos fundadores do LIGO, destacou que o britânico esperava em vida a validação de sua teoria. “Se Hawking estivesse vivo, teria se deliciado ao ver a previsão confirmada diante de nossos olhos”, afirmou Thorne.

Além do aspecto emocional, a conquista reforça o papel do cientista na tentativa de unificar a relatividade geral com a mecânica quântica, um dos maiores desafios da física moderna. Essa ponte entre teorias continua sendo alvo de estudos em laboratórios e universidades em todo o mundo.

Avanços tecnológicos e a nova era da astronomia

A colaboração LVK explicou que o feito só foi possível após uma década de melhorias nos equipamentos. Hoje, os detectores do LIGO conseguem medir alterações no tecido do espaço-tempo tão pequenas que equivalem a uma fração mínima do tamanho de um próton. Essa precisão abriu portas para análises antes impensáveis.

Segundo a Caltech, a astronomia de ondas gravitacionais amadureceu de forma extraordinária desde a primeira detecção em 2015. Em dez anos, já foram registrados cerca de 300 eventos de fusão de buracos negros, e atualmente o observatório chega a identificar um novo caso a cada três dias. Esse ritmo acelerado promete revolucionar o modo como compreendemos o universo.

Uma homenagem ao físico britânico e um marco para a ciência

A informação foi divulgada pelo portal UOL com base em comunicados oficiais da colaboração LVK e artigos científicos recentes. Para os especialistas, a comprovação não representa apenas a validação de uma teoria, mas uma homenagem ao físico que inspirou gerações.

Os cientistas destacam que a relação entre a área dos buracos negros e sua entropia, desenvolvida nos anos 1970 por Hawking e Jacob Bekenstein, abriu caminho para o que hoje é considerado o início da busca por uma teoria unificada. O resultado de 2025 é, portanto, uma vitória simbólica e prática: uma peça que conecta passado, presente e futuro da física.

“Não sei o que virá nos próximos dez anos, mas estes primeiros já mudaram radicalmente o que sabemos sobre o cosmos”, declarou Katerina Chatziioannou, da Caltech, em entrevista após a divulgação do estudo.

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Jefferson Augusto

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: jasgolfxp@gmail.com

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