Descoberta histórica anunciada pela colaboração LIGO-Virgo-KAGRA comprova teoria da área dos buracos negros, reforçando legado de Hawking e revolução científica
Uma das hipóteses mais notórias do físico britânico Stephen Hawking foi finalmente confirmada, mais de meio século após ter sido formulada. A revelação foi anunciada pela colaboração internacional LIGO-Virgo-KAGRA (LVK), ligada à Caltech, e publicada na revista Physical Review Letters em 10 de setembro de 2025. O resultado representa um marco para a física moderna e para a compreensão do cosmos.
Segundo a equipe, a confirmação ocorreu após a detecção de ondas gravitacionais no dia 14 de janeiro de 2025, quando o observatório LIGO registrou a fusão de dois buracos negros localizados a 1,3 bilhão de anos-luz da Terra. O evento cósmico, batizado de GW250114, forneceu a prova mais sólida já obtida da chamada teoria da área dos buracos negros, formulada por Hawking em 1971.
O que diz a teoria da área dos buracos negros
A teoria proposta por Hawking estabelece que a área total da superfície dos buracos negros nunca pode diminuir. Isso significa que, mesmo quando ocorre a colisão entre dois gigantes cósmicos e parte da energia é dissipada em forma de ondas gravitacionais, o resultado final é sempre um aumento da soma das áreas.
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No caso registrado pelo LIGO, os cálculos mostraram que, antes da fusão, os buracos negros tinham juntos uma área de cerca de 240 mil km². Após o choque, o novo buraco negro formado passou a ter 400 mil km², quase o dobro. Ou seja, os cientistas literalmente conseguiram “ouvir” o crescimento da área através das ondas gravitacionais detectadas.
Essa observação trouxe a comprovação de que a massa e a rotação se combinam de forma que nunca reduzem a “fronteira” do buraco negro. Para os pesquisadores, trata-se de um dos resultados mais importantes já alcançados pela astrofísica moderna.
O peso da confirmação científica
O nível de confiança do estudo alcançou impressionantes 99,999%, tornando-se a validação mais robusta até hoje da teoria de Hawking. Um teste preliminar havia sido realizado em 2021, mas com dados mais ruidosos e menos precisos. Agora, com a evolução tecnológica dos detectores do LIGO, foi possível medir variações no espaço-tempo menores que um décimo de milésimo do tamanho de um próton, algo inimaginável há apenas alguns anos.
Conforme artigo publicado pela Physical Review Letters e informações divulgadas pela Caltech, a clareza do sinal permitiu testar com rigor leis fundamentais da física. “Podemos ouvir o sinal de forma clara, e isso nos permite explorar os limites da teoria”, afirmou Katerina Chatziioannou, professora de Física da Caltech e integrante da equipe.
O legado de Stephen Hawking e a reação da comunidade científica
A confirmação da hipótese reacendeu o interesse mundial pelo legado de Stephen Hawking, falecido em 2018. O físico Kip Thorne, colaborador de Hawking e um dos fundadores do LIGO, destacou que o britânico esperava em vida a validação de sua teoria. “Se Hawking estivesse vivo, teria se deliciado ao ver a previsão confirmada diante de nossos olhos”, afirmou Thorne.
Além do aspecto emocional, a conquista reforça o papel do cientista na tentativa de unificar a relatividade geral com a mecânica quântica, um dos maiores desafios da física moderna. Essa ponte entre teorias continua sendo alvo de estudos em laboratórios e universidades em todo o mundo.
Avanços tecnológicos e a nova era da astronomia
A colaboração LVK explicou que o feito só foi possível após uma década de melhorias nos equipamentos. Hoje, os detectores do LIGO conseguem medir alterações no tecido do espaço-tempo tão pequenas que equivalem a uma fração mínima do tamanho de um próton. Essa precisão abriu portas para análises antes impensáveis.
Segundo a Caltech, a astronomia de ondas gravitacionais amadureceu de forma extraordinária desde a primeira detecção em 2015. Em dez anos, já foram registrados cerca de 300 eventos de fusão de buracos negros, e atualmente o observatório chega a identificar um novo caso a cada três dias. Esse ritmo acelerado promete revolucionar o modo como compreendemos o universo.
Uma homenagem ao físico britânico e um marco para a ciência
A informação foi divulgada pelo portal UOL com base em comunicados oficiais da colaboração LVK e artigos científicos recentes. Para os especialistas, a comprovação não representa apenas a validação de uma teoria, mas uma homenagem ao físico que inspirou gerações.
Os cientistas destacam que a relação entre a área dos buracos negros e sua entropia, desenvolvida nos anos 1970 por Hawking e Jacob Bekenstein, abriu caminho para o que hoje é considerado o início da busca por uma teoria unificada. O resultado de 2025 é, portanto, uma vitória simbólica e prática: uma peça que conecta passado, presente e futuro da física.
“Não sei o que virá nos próximos dez anos, mas estes primeiros já mudaram radicalmente o que sabemos sobre o cosmos”, declarou Katerina Chatziioannou, da Caltech, em entrevista após a divulgação do estudo.