Argentina e China estão em um impasse sobre a construção de uma usina nuclear de 8 bilhões de dólares. Entenda os detalhes e as implicações desse reator nuclear da China.
A Argentina fechou um contrato com a China para investir 8 bilhões de dólares na construção de uma usina nuclear, com um empréstimo chinês cobrindo 85% do valor. No entanto, o reator nuclear da China, que seria instalado na usina Atucha 3, está gerando uma grande discordância entre os dois países, especialmente em relação à transferência de tecnologia.
A usina Atucha 3 está planejada para ter um reator nuclear de terceira geração com uma potência de 1.200 megawatts e uma vida útil inicial de 60 anos. Para efeito de comparação, Angra 2 no Brasil tem 1.350 megawatts e pode atender uma cidade de 2 milhões de habitantes. Mas, apesar da potência, a Argentina quer mais do que apenas um reator funcionando.
Argentina e China em desacordo sobre reator nuclear
Pontos cruciais do contrato incluem a transferência de 50 a 70% da tecnologia de fabricação dos componentes, a utilização de mão de obra civil 100% local e a transferência da tecnologia de produção do combustível. A Argentina já domina o processo para reatores de água pesada e de pequenos reatores de água leve, mas a tecnologia para um reator grande de terceira geração é uma novidade que eles querem dominar.
- China investe US$ 1,5 bilhão em fusão nuclear e lança desafio direto ao poder tecnológico dos EUA, preparando-se para transformar o setor energético e dominar o futuro!
- Energia nuclear pode ser a solução para o consumo crescente dos data centers com IA: Google e Microsoft na corrida
- AMEAÇADOR: Coreia do Sul afirma que a Coreia do Norte está desenvolvendo um submarino movido a energia nuclear
- Usina nuclear reativada para a Microsoft: energia suficiente para abastecer uma cidade inteira de 1 milhão de habitantes no Brasil
A briga pela tecnologia
A discordância principal está na transferência de tecnologia de produção do combustível. A Argentina quer ser autossuficiente e não depender da China para o abastecimento de urânio enriquecido ao longo da vida útil da usina. No Brasil, por exemplo, já dominamos todas as etapas do ciclo de combustível nuclear, desde a mineração até a fabricação do combustível.
A China faz a mineração do urânio, que é depois enriquecido em centrífugas para aumentar a concentração de urânio-235. Este urânio enriquecido é então convertido em pastilhas, que são usadas como combustível nuclear. A Argentina quer ter a capacidade de fazer esse processo completo para não ficar refém da China.
Estratégia e geopolítica
A presidente da Comissão Nacional de Energia Atômica da Argentina, Adriana Serquis, destacou a importância estratégica dessa tecnologia, especialmente observando a dependência europeia do combustível nuclear russo. Se a Argentina conseguir essa transferência de tecnologia, será o primeiro país a produzir combustível para esse tipo de reator chinês, o que representaria um grande avanço.
Mas claro, essa transferência de tecnologia também tem implicações geopolíticas. A China aumentaria sua influência na América do Sul, enquanto os Estados Unidos, preocupados com essa expansão, já alertaram que o reator chinês não segue todos os padrões de segurança internacionais, embora ele tenha sido certificado por uma agência europeia e já esteja operando no Paquistão.
A construção do reator nuclear da China na Argentina é mais do que uma simples transação comercial. Envolve estratégias geopolíticas, transferência de tecnologia e a luta por autossuficiência energética. Esse projeto pode mudar o futuro da energia na Argentina, mas ainda há muitos desafios a serem superados. E aí, qual sua opinião sobre essa disputa tecnológica?