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O problema com o reator nuclear da China vendido para a Argentina

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 04/07/2024 ร s 18:26
O problema com o reator nuclear da China vendido para a Argentina
Imagem: Walking Archive/Divulgaรงรฃo
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Argentina e China estรฃo em um impasse sobre a construรงรฃo de uma usina nuclear de 8 bilhรตes de dรณlares. Entenda os detalhes e as implicaรงรตes desse reator nuclear da China.

A Argentina fechou um contrato com a China para investir 8 bilhรตes de dรณlares na construรงรฃo de uma usina nuclear, com um emprรฉstimo chinรชs cobrindo 85% do valor. No entanto, o reator nuclear da China, que seria instalado na usina Atucha 3, estรก gerando uma grande discordรขncia entre os dois paรญses, especialmente em relaรงรฃo ร  transferรชncia de tecnologia.

A usina Atucha 3 estรก planejada para ter um reator nuclear de terceira geraรงรฃo com uma potรชncia de 1.200 megawatts e uma vida รบtil inicial de 60 anos. Para efeito de comparaรงรฃo, Angra 2 no Brasil tem 1.350 megawatts e pode atender uma cidade de 2 milhรตes de habitantes. Mas, apesar da potรชncia, a Argentina quer mais do que apenas um reator funcionando.

Argentina e China em desacordo sobre reator nuclear

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Pontos cruciais do contrato incluem a transferรชncia de 50 a 70% da tecnologia de fabricaรงรฃo dos componentes, a utilizaรงรฃo de mรฃo de obra civil 100% local e a transferรชncia da tecnologia de produรงรฃo do combustรญvel. A Argentina jรก domina o processo para reatores de รกgua pesada e de pequenos reatores de รกgua leve, mas a tecnologia para um reator grande de terceira geraรงรฃo รฉ uma novidade que eles querem dominar.

A briga pela tecnologia

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A discordรขncia principal estรก na transferรชncia de tecnologia de produรงรฃo do combustรญvel. A Argentina quer ser autossuficiente e nรฃo depender da China para o abastecimento de urรขnio enriquecido ao longo da vida รบtil da usina. No Brasil, por exemplo, jรก dominamos todas as etapas do ciclo de combustรญvel nuclear, desde a mineraรงรฃo atรฉ a fabricaรงรฃo do combustรญvel.

A China faz a mineraรงรฃo do urรขnio, que รฉ depois enriquecido em centrรญfugas para aumentar a concentraรงรฃo de urรขnio-235. Este urรขnio enriquecido รฉ entรฃo convertido em pastilhas, que sรฃo usadas como combustรญvel nuclear. A Argentina quer ter a capacidade de fazer esse processo completo para nรฃo ficar refรฉm da China.

Estratรฉgia e geopolรญtica

A presidente da Comissรฃo Nacional de Energia Atรดmica da Argentina, Adriana Serquis, destacou a importรขncia estratรฉgica dessa tecnologia, especialmente observando a dependรชncia europeia do combustรญvel nuclear russo. Se a Argentina conseguir essa transferรชncia de tecnologia, serรก o primeiro paรญs a produzir combustรญvel para esse tipo de reator chinรชs, o que representaria um grande avanรงo.

Mas claro, essa transferรชncia de tecnologia tambรฉm tem implicaรงรตes geopolรญticas. A China aumentaria sua influรชncia na Amรฉrica do Sul, enquanto os Estados Unidos, preocupados com essa expansรฃo, jรก alertaram que o reator chinรชs nรฃo segue todos os padrรตes de seguranรงa internacionais, embora ele tenha sido certificado por uma agรชncia europeia e jรก esteja operando no Paquistรฃo.

A construรงรฃo do reator nuclear da China na Argentina รฉ mais do que uma simples transaรงรฃo comercial. Envolve estratรฉgias geopolรญticas, transferรชncia de tecnologia e a luta por autossuficiรชncia energรฉtica. Esse projeto pode mudar o futuro da energia na Argentina, mas ainda hรก muitos desafios a serem superados. E aรญ, qual sua opiniรฃo sobre essa disputa tecnolรณgica?

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Luis
Luis
06/07/2024 16:14

Baita mentira que dominamos todo o ciclo do combustรญvel. Se fosse assim nรฃo enviariamos pra Franรงa pra ela enriquecer o urรขnio. Podemos atรฉ entender e fazer em baixa escala mas dominar?

Francis alves
Francis alves
06/07/2024 13:52

Faz total sentido em querer dominar e saber como se faz, ter somente o conhecimento teรณrico nรฃo รฉ suficiente, exemplo do Brasil que domina a tecnologia mas continua comprando combustรญvel nuclear

Paulo
Paulo
06/07/2024 13:32

Tudo de bom, qubrar hegemonia, do ocidente sobre o mundo

Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovaรงรฃo, petrรณleo e gรกs. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineraรงรฃo Brasil e Obras Construรงรฃo Civil. Sugestรฃo de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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