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O prédio onde passam 80% das transferências bancárias do mundo — e que pode ser trancado com um único botão

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 21/06/2025 às 16:22
Atualizado em 22/06/2025 às 08:53
O prédio onde passam 80% das transferências bancárias do mundo — e que pode ser trancado com um único botão
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Quase todas as transferências bancárias internacionais do planeta passam por um único prédio de alta segurança na Bélgica. Saiba como funciona o coração financeiro invisível do mundo — e o que acontece se ele parar.

Em um mundo cada vez mais digital, onde transferências entre países ocorrem em segundos e bilhões trocam de mãos a cada minuto, existe um endereço quase anônimo que movimenta — literalmente — o planeta. Um prédio discreto, localizado em La Hulpe, na Bélgica, guarda a sede operacional de um dos sistemas mais estratégicos e poderosos do mundo: a SWIFT. Essa estrutura, cercada por tecnologia, protocolos militares e redundância extrema, é responsável por intermediar mais de 80% das transferências bancárias internacionais. Cartões de crédito, câmbio entre moedas, pagamentos entre empresas, importações e exportações — tudo passa por esse coração financeiro silencioso.

O que é a SWIFT — e por que ela controla tanto?

A sigla SWIFT significa Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication. Criada em 1973, ela funciona como um sistema de mensagens bancárias padronizadas. Em vez de transferir dinheiro diretamente, a SWIFT envia instruções codificadas entre instituições financeiras, permitindo que bilhões de dólares sejam movimentados com segurança entre países.

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Mais de 11 mil instituições financeiras em mais de 200 países estão conectadas à rede. E embora existam sistemas locais, como o PIX no Brasil, ou o SEPA na Europa, nenhum deles tem o alcance e a influência da SWIFT em operações internacionais.

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Por dentro do prédio que movimenta trilhões por dia

O prédio da sede operacional da SWIFT em La Hulpe pode não impressionar por fora — mas por dentro, ele está mais próximo de um centro de comando militar do que de um escritório bancário.

Ali estão instalados:

  • Servidores próprios, com segurança física reforçada
  • Portas blindadas com acesso biométrico múltiplo
  • Centros de monitoramento em tempo real de tráfego e riscos
  • Sistemas de isolamento físico e lógico para prevenir espionagem ou sabotagem
  • Equipamentos com proteção contra pulso eletromagnético (EMP)

O local também abriga o chamado Global Operations Centre, que supervisiona todos os data centers da rede e tem autoridade para isolar o sistema em caso de emergência global — por isso o título: “pode ser trancado com um único botão”. O protocolo de shutdown total existe, embora seja raramente comentado publicamente.

Um botão que paralisa trilhões?

Sim, embora metafórico, esse “botão” é real. A SWIFT opera com protocolos de desligamento de segurança, que podem suspender o funcionamento de partes da rede global em caso de:

  • Ataques cibernéticos em larga escala
  • Sabotagem interna
  • Tentativas de uso fraudulento massivo
  • Instabilidade geopolítica grave

Esses protocolos são protegidos por múltiplos níveis de autenticação, exigindo a participação simultânea de diferentes núcleos operacionais da SWIFT — localizados não apenas na Bélgica, mas também nos EUA e na Suíça. A rede possui redundância geográfica tripla, justamente para evitar que uma falha isolada paralise o planeta.

Quem controla a SWIFT?

Embora tenha sede na Europa, a SWIFT não pertence a um país específico. Ela é uma cooperativa internacional, gerida por seus membros — bancos e instituições financeiras do mundo inteiro.

Porém, como a maioria dos grandes bancos globais tem sede nos EUA e na Europa, o sistema é frequentemente influenciado pelas decisões políticas do Ocidente. Isso ficou evidente quando países como Irã, Coreia do Norte e, mais recentemente, a Rússia, foram removidos da SWIFT como forma de sanção internacional.

A consequência? Empresas nesses países ficaram praticamente impossibilitadas de realizar operações internacionais em dólar ou euro.

O risco invisível de um colapso

Apesar de toda a blindagem, a SWIFT já foi alvo de tentativas de ataques cibernéticos. Em 2016, hackers conseguiram fraudar mensagens SWIFT e roubar US$ 81 milhões do banco central de Bangladesh, transferindo o valor para contas nas Filipinas. A falha não foi da rede em si, mas do acesso às credenciais de um dos bancos membros.

Esse caso acendeu o alerta: e se uma falha maior ocorresse? Ou pior — e se uma guerra digital travasse o sistema de dentro?

A SWIFT trabalha com backup em tempo real e replicação de dados, mas uma interrupção global mesmo de algumas horas pode causar prejuízos de trilhões — afetando mercados de câmbio, bolsas de valores, sistemas de crédito e pagamentos de governos inteiros.

A maioria das pessoas nunca ouviu falar da SWIFT. E é assim que o sistema foi projetado para funcionar: transparente, rápido e invisível. Mas sua importância é tão vital quanto redes de água, energia ou transporte aéreo.

Sem ela, o comércio global para. Cartões deixam de funcionar. Bancos não conseguem transferir valores entre países. Governos têm dificuldade para pagar suas dívidas externas.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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