Com 219 metros e 39 andares, a torre Alto das Nações será o prédio mais alto de São Paulo em 2025, superando o Platina 220 e oferecendo mirante 360º, rooftop panorâmico e estrutura para 10 mil pessoas
O horizonte de São Paulo vai mudar radicalmente nos próximos anos. Em construção no complexo multiuso Paseo Alto das Nações, na Zona Sul da cidade, um edifício corporativo promete se tornar o novo símbolo da verticalização paulistana ao alcançar impressionantes 219 metros de altura e 39 pavimentos.
Quando inaugurada, prevista para o final de 2025, a torre Alto das Nações superará todos os demais arranha-céus da capital e ocupará o posto de prédio mais alto da metrópole.
Uma nova era para o skyline paulistano
A torre em construção ficará localizada na Avenida Nações Unidas e será parte de um amplo empreendimento desenvolvido pela WTorre.
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Sua altura superará os 172 metros do Platina 220, inaugurado em 2022 no Tatuapé e atual detentor do título de mais alto da cidade.
Além do edifício corporativo, o complexo abrigará um centro comercial com mais de 40 lojas, incluindo um hipermercado Carrefour, uma torre mista, uma torre residencial e um parque com 32 mil metros quadrados.
De acordo com a Carrefour Property, uma das empresas envolvidas na construção, a primeira fase do projeto foi concluída em dezembro de 2022 com a entrega do centro comercial Paseo Alto das Nações.
A segunda etapa, finalizada em 2023, incluiu a torre mista com sete andares corporativos e 18 residenciais — totalizando 161 unidades em 113 metros de altura — além de uma praça pública e a integração do complexo com a estação Granja Julieta da Linha 9-Esmeralda da CPTM.
Construção em ritmo acelerado e desafios diários
A torre corporativa, que será o edifício mais alto de São Paulo, ainda está em construção e deve ser concluída no fim de 2025.
Já a torre residencial, com 38 pavimentos, 216 unidades e 133,96 metros de altura, será inaugurada até o fim de 2026, concluindo o projeto completo.
Walter Genovez, diretor de engenharia, destacou ao Estadão a magnitude da obra e os desafios enfrentados diariamente. “Cada dia nós somos a torre mais alta de São Paulo. Começamos esse empreendimento, o mais icônico da cidade, em fevereiro de 2021, e seguimos avançando com uma obra de grande magnitude. Estamos finalizando a superestrutura de concreto, instalando fachadas de vidro e elevadores simultaneamente”, afirmou.
Genovez também enfatizou a importância da segurança no canteiro. “A altura é um desafio que enfrentamos todos os dias: vento, chuva, logística. Temos que equilibrar segurança, qualidade e prazo. Se for preciso parar, paramos. A segurança vem em primeiro lugar”, disse.
O cronograma de construção prevê um ritmo agressivo, com a execução de duas lajes e meia por mês, cada uma com mais de 2.500 m².
Do primeiro Carrefour ao projeto urbano do futuro
O projeto Alto das Nações tem um simbolismo especial: ele está sendo erguido no mesmo terreno onde funcionou a primeira loja do Carrefour no Brasil.
Segundo Guilherme Nargara, diretor de projeto, essa conexão histórica se soma à proposta de transformar a região em um novo polo urbano. “Aqui estamos exatamente no local da loja número um. Fizemos uma nova loja, a torre mista e a praça que conecta com a Rua Alexandre Dumas. Agora chegamos à terceira fase: a torre corporativa, que será a maior torre de escritórios do Brasil e de São Paulo”, explicou.
O edifício deverá abrigar cerca de 10 mil pessoas e contará com 33 elevadores divididos em quatro zonas, além de escadas rolantes.
O projeto inclui uma praça privada de uso público com 32 mil m², teatro e diversas opções de comércio e serviços, com o objetivo de manter o fluxo de pessoas ativo durante todo o dia e evitar que a região se torne deserta à noite.
Mirante panorâmico e experiências no topo
Um dos diferenciais da torre Alto das Nações será o seu rooftop, que funcionará como um mirante aberto ao público. O espaço oferecerá uma vista panorâmica de 360º de São Paulo, incluindo a Avenida Paulista, a Marginal Pinheiros e até a represa de Guarapiranga.
Além disso, haverá uma atração especial: uma caixa de vidro projetada para fora do prédio, permitindo que visitantes tenham a sensação de “flutuar” sobre a cidade, semelhante a experiências oferecidas em edifícios icônicos de Chicago.
A corrida dos arranha-céus paulistanos
A construção da torre Alto das Nações representa um novo capítulo na história da verticalização de São Paulo. Em 2022, o Platina 220 assumiu a liderança ao alcançar 172 metros, superando o Mirante do Vale (170 m) e o Figueira Altos do Tatuapé (168 m).
A chegada de novos gigantes reflete a tendência de substituição de casas e sobrados por edifícios de grande porte, especialmente em bairros tradicionalmente horizontais.
No entanto, esse processo não ocorre sem controvérsias. O urbanista Lucas Chiconi, morador do Tatuapé, afirmou ao g1 que a verticalização intensa pode apagar a memória e a identidade dos bairros.
Em 2019, ele integrou um grupo que tentou impedir a demolição de casas da década de 1950 pertencentes à vila operária João Migliari, a apenas um quilômetro do Platina 220.
Vinte das 60 casas foram demolidas para a construção de um novo empreendimento, e o restante acabou destruído antes mesmo de serem avaliadas pelos órgãos de patrimônio histórico.
Altura sempre foi motivo de debate
A busca por altura não é um fenômeno recente em São Paulo. Desde os anos 1920, a cidade discute os limites da verticalização. Em 1924, o edifício Sampaio Moreira, com apenas 12 andares, causou espanto ao romper o padrão de seis pavimentos da época e foi chamado de “feiura” por muitos paulistanos.
O título de prédio mais alto durou pouco. Em 1929, o edifício Martinelli foi inaugurado ao lado do Sampaio Moreira, iniciando uma disputa por metros de altura que se estenderia por décadas e atravessaria fronteiras, com rivalidades inclusive com construções argentinas.
Um novo ícone para a maior cidade do país
Com a conclusão da torre Alto das Nações, São Paulo ganhará não apenas um novo marco arquitetônico, mas também um símbolo de sua constante transformação urbana.
O edifício não será apenas o mais alto da cidade: ele representará a combinação de modernidade, funcionalidade e inovação, com espaços de convivência, mirante aberto ao público e integração com transporte público e comércio.
Mais do que alterar o skyline paulistano, a torre será parte de uma proposta mais ampla de reconfiguração urbana, na qual trabalho, lazer, serviços e mobilidade se encontram em um mesmo espaço. Em 2025, quando a estrutura for finalmente inaugurada, a cidade verá nascer não apenas um prédio recordista, mas um novo capítulo em sua história vertical.