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O ponto mais alto do Brasil fica ‘escondido’ no meio da floresta com 2.995 metros de altitude, é mais difícil de alcançar que o Everest e quase ninguém ousa visitar

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 26/05/2025 às 14:29
O ponto mais alto do Brasil fica 'escondido' no meio da floresta com 2.995 metros de altitude, é mais difícil de alcançar que o Everest e quase ninguém ousa visitar
Foto: Canva + IA + Adobe PS
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O Pico da Neblina é o ponto mais alto do Brasil, com 2.995 metros, mas seu acesso é tão desafiador que supera até o Everest em dificuldade logística. Entenda por que poucos conseguem chegar até lá.

Pouca gente sabe, mas o ponto mais alto do Brasil não está na Serra da Mantiqueira, tampouco visível a partir de rodovias turísticas ou picos famosos como o Itatiaia. O Pico da Neblina, com impressionantes 2.995 metros de altitude, está encravado no coração da Floresta Amazônica, cercado por densa vegetação, rios caudalosos e território indígena. Localizado no extremo norte do estado do Amazonas, dentro do Parque Nacional do Pico da Neblina, o acesso a essa montanha exige preparo físico, autorização especial e dias de caminhada por uma das regiões mais isoladas do país.

Para muitos, escalar o Everest é uma meta extrema, mas logisticamente viável, com estrutura consolidada e dezenas de expedições comerciais por ano. Já o Pico da Neblina apresenta desafios únicos que tornam sua visita uma verdadeira expedição amazônica — mais difícil do que alcançar o topo do mundo, segundo especialistas em montanhismo e aventura.

Hoje você vai conhecer a história, a geografia, os desafios, as exigências legais e o futuro do turismo de aventura no local mais alto do território nacional.

Onde fica o Pico da Neblina?

O Pico da Neblina está localizado na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, dentro do município de São Gabriel da Cachoeira (AM), a cerca de 220 km a oeste da sede municipal. A montanha está situada no Parque Nacional do Pico da Neblina, criado em 1979 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e faz parte da Serra do Imeri, na cadeia das Guianas.

O local está inserido em terras indígenas Yanomami, uma das regiões de maior preservação ambiental do mundo e de acesso controlado por normas federais e acordos entre o ICMBio e a Funai.

A altitude oficial do Pico da Neblina

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Durante décadas, acreditou-se que o Pico da Neblina tinha 3.014 metros de altitude, mas em 2004, o IBGE, utilizando tecnologia GPS e imagens de satélite, atualizou o dado: sua altitude real é de 2.995,30 metros. Mesmo assim, ele continua sendo o ponto mais alto do Brasil, superando o vizinho Pico 31 de Março, com 2.974 metros.

Por que é mais difícil de chegar que o Everest?

Em termos técnicos, o Everest é mais alto e exige preparo físico extremo, mas seu acesso é facilitado por infraestrutura consolidada, voos comerciais até Katmandu, trilhas bem demarcadas e presença constante de guias locais, sherpas, e abrigos temporários. Já o Pico da Neblina, mesmo sendo quase 6 km mais baixo, exige:

  • Autorização prévia do ICMBio e da Funai;
  • Expedições organizadas com guias credenciados e tradutores Yanomami;
  • Transporte fluvial até o início da trilha;
  • Caminhadas de até 10 dias por selva densa, com travessias de rios e aclives acentuados;
  • Rigoroso controle sanitário e ambiental.

Ou seja: o obstáculo não é a altitude, mas o acesso logístico e a preservação cultural e ambiental da região, que impõe limitações importantes para o turismo convencional.

Acesso restrito: o que é preciso para visitar o Pico da Neblina?

Desde 2003, o acesso ao Pico da Neblina esteve completamente fechado, como forma de preservar os povos indígenas Yanomami e o ecossistema da floresta. Só em 2019 foi assinado um acordo entre ICMBio, Funai e associações indígenas para a reabertura gradual da visitação turística — sob regras rígidas e foco em turismo sustentável.

https://www.gov.br/saude-recebe-mais-529-mil-doses-de-vacinas-covid-19-da-pfizer/pt-br/assuntos/missao-yanomami#:~:text=O%20povo%20Yanomami%20tem%20a,equivalente%20ao%20território%20de%20Portugal.

Regras atuais (dados oficiais de 2024):

  • Só é permitido visitar o pico com agências credenciadas pelo ICMBio e com guia Yanomami obrigatório.
  • É necessário preenchimento de formulários, pagamento de taxas ambientais e autorização formal.
  • Os grupos são limitados a cerca de dez visitantes por vez, com cronograma pré-definido.
  • roteiro leva cerca de 15 dias, sendo 10 de caminhada intensa, com acampamento selvagem e alimentação de sobrevivência.
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Roteiro típico de expedição ao Pico da Neblina

  • Chegada a São Gabriel da Cachoeira (AM) – Via aérea a partir de Manaus.
  • Transporte fluvial até a base Yanomami, no rio Cauaburi.
  • Trilha pela selva amazônica, passando por:
    • Base do Imeri
    • Rio Tucano
    • Cachoeiras
    • Acampamentos indígenas
  • Chegada à base do Pico da Neblina
  • Ascensão final ao cume, com 2 dias de aclimatação e subida
  • Retorno completo, pelo mesmo caminho

A cultura Yanomami e a importância da preservação

O território onde está o Pico da Neblina pertence ao Povo Yanomami, um dos últimos povos de contato recente do Brasil, com cultura, idioma e espiritualidade fortemente ligadas à terra.

A reabertura do pico para turismo só foi possível com envolvimento direto das lideranças indígenas, que participam da gestão, fiscalização, guiamento e até da operação logística das expedições. Toda visitação inclui respeito a rituais, costumes locais e protocolos culturais, sendo proibido:

  • Tirar fotos sem autorização;
  • Fazer registros comerciais sem permissão;
  • Descartar lixo ou alterar o ambiente natural.

Geografia e biodiversidade do Pico da Neblina

A região do Pico da Neblina abriga uma das mais ricas biodiversidades do mundo, com espécies vegetais e animais exclusivas da Serra do Imeri. A altitude cria um microclima de floresta nublada, com:

  • Temperaturas entre 5 °C e 15 °C no cume;
  • Alta umidade e nevoeiros constantes;
  • Espécies endêmicas de orquídeas, bromélias e sapos coloridos;
  • Presença de onças-pintadas, macacos barrigudos e aves raríssimas.

É um verdadeiro santuário biológico — o que explica o rigor das normas de visitação.

O Pico da Neblina no montanhismo brasileiro

Apesar das dificuldades, o Pico da Neblina é um símbolo de superação para montanhistas brasileiros. Diferente de picos andinos ou do Himalaia, sua conquista exige menos sobre altitude e mais sobre:

  • Resiliência física e mental;
  • Resistência à umidade e calor amazônico;
  • Adaptação a um ambiente remoto, sem sinal, sem suporte externo.

Montanhistas experientes relatam que atingir o topo do Brasil é mais desafiador do que muitos picos acima de 6 mil metros por conta da selva, da lama e do isolamento.

O turismo de aventura e os impactos econômicos

Com a retomada controlada da visitação, novas oportunidades surgem para as comunidades Yanomami, como:

  • Geração de renda com guiamento e hospedagem rústica;
  • Preservação do conhecimento ancestral;
  • Fortalecimento da proteção territorial contra invasores ilegais.

Além disso, o ecoturismo responsável pode atrair olhares internacionais para a Amazônia protegida — uma alternativa real ao extrativismo predatório e ao garimpo ilegal.

O Pico da Neblina não é apenas o ponto mais alto do Brasil: ele é um símbolo da complexidade do território nacional, onde natureza extrema, cultura ancestral e política pública se entrelaçam em um desafio logístico sem igual. Escalá-lo não é apenas uma conquista geográfica, mas um mergulho na alma amazônica — que exige preparo, respeito e conexão.

Para aventureiros que buscam mais que uma foto no cume, o Pico da Neblina representa uma das experiências mais intensas e transformadoras do planeta. Um turismo que transforma, preserva e resgata a relação entre o ser humano e a Terra.

Fontes oficiais consultadas

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RAFAELA SANTANA
RAFAELA SANTANA
01/06/2025 15:25

Mensagem top. Ao mesmo tempo que fala sobre os guias e sobre as oportunidades dadas com a abertura do turismo, também enfatiza os riscos e perigos, pode ir até determinado ponto e ficar ou tem que ir até o final sem direito de desistir? Vai que o guia que leva é o mesmo que trás, por hora só título de curiosidade mesmo rsrs.

Marinho A.
Marinho A.
31/05/2025 17:10

E os montes onde caem neve no Brasil não mora ninguém. Densidade democrática muito baixa, Urupema em SC tem 2.500 pessoas. E não vale a pena conhecer. É chato, não tem nada.

Ivan Rafaeli De Aguiar
Ivan Rafaeli De Aguiar
30/05/2025 09:24

Á MATÉRIA não menciona se é ou não utilizada pelas nossas forças armadas;Talvez se então esperar gue outros países entrem aqui é pessam licença aos índios para instalar RADARES DE DEFESAS E CLIMAS ETC…
Como afundaram o porta aviões SÃO PAULO de vez de instalar um mini quatel móvel ou fixo ou hospital ou base aérea de elicoptero marinha é e assim que nossa AMAZÔNIA (FICA AS MOSCAS).desabafo de um (PE) uma vez PE sempre PE.

Marinho.A
Marinho.A
Em resposta a  Ivan Rafaeli De Aguiar
31/05/2025 17:20

Conheço lá, município de São Gabriel da Cachoeira, AM. A fronteira e o município tem bases do Exército e não são aqueles meninos branco e magrelos de cidade não. São soldados indígenas espertos, fortes e treinados, conhecem a floresta com palma da mão. O puco da Neblina está numa reserva, não é pra qualquer mochileiro-enzo se aventurar. As fronteiras do AM com Venezuelana tem bases militares, base maior em Manaus companhia de selva (CIGS), a fronteira com Colômbia tem base milita Brasília, na tríplice fronteira (Brasil-Colombia-Peru) tem base Exército,Marinha e Aeronáutica, município de Tabatinga, AM. Há caças supersônicos da FAB o tempo todo sobre os seus da Amazônia inclusive abatendo monomotor de tráfico de outros países.

Nonato 480
Nonato 480
Em resposta a  Ivan Rafaeli De Aguiar
03/06/2025 11:18

Como sería levado para lá um porta aviões da envergadura do São Paulo? De helicóptero?

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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