Moeda digital do Banco Central começa em 2026: projeto troca blockchain por sistema de garantias, mira bancos primeiro e adia uso no varejo, dizem responsáveis.
A moeda digital do Banco Central já tem data de estreia: 2026. Mas, ao contrário da expectativa criada desde 2020, o Drex não será inicialmente uma moeda disponível para o público em geral. Segundo o empresário e escritor Thiago Nigro, o projeto passará por uma guinada: a fase inicial será voltada a bastidores do sistema bancário, priorizando a reconciliação de garantias em operações de crédito, e não uma “carteira digital” no celular do cidadão.
Essa decisão marca um reposicionamento importante. Em vez de estrear como “dinheiro programável” no varejo, o Drex funcionará como infraestrutura para bancos e grandes instituições, com o objetivo de reduzir fraudes e inadimplência.
O consumidor final, por ora, não sentirá mudanças diretas.
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O que é a moeda digital do Banco Central
O Drex é a versão brasileira de uma moeda digital de banco central (CBDC).
Esse tipo de moeda existe em dois modelos principais: o direto, em que cada pessoa teria conta na autoridade monetária, e o intermediado, no qual bancos e fintechs continuam atendendo o público, mas os registros são mantidos pelo Banco Central.
O Brasil escolheu o segundo caminho.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já afirmou que o Drex não será voltado ao varejo.
O coordenador do piloto, Fábio Araújo, explicou que a prioridade para 2026 será abandonar blockchain e tokenização e focar em um sistema de registro centralizado de gravames, permitindo que diferentes instituições consultem, em tempo real, se um bem já está comprometido como garantia em outra operação.
Por que a mudança de rumo
Desde 2020, quando ainda era chamado de “real digital”, o projeto acumulou idas e vindas. A ideia inicial previa explorar recursos de blockchain e tokenização para criar “dinheiro programável”.
Agora, porém, o Banco Central entende que o mais urgente é resolver problemas do sistema financeiro tradicional, como a falta de transparência no uso de garantias.
Essa alteração traz benefícios técnicos: bancos poderão verificar de forma instantânea se um imóvel ou veículo já foi dado em garantia em outro contrato.
Isso reduz fraudes, aumenta a segurança jurídica e pode melhorar a eficiência no crédito. O cidadão comum, contudo, não terá acesso direto ao Drex nessa fase.
Comparação internacional
O Brasil não é o único a explorar moedas digitais oficiais. A China lançou o yuan digital em 2020; a Nigéria criou a eNaira em 2021; e as Bahamas implementaram o Sand Dollar.
Em muitos casos, a adoção foi baixa, e especialistas alertaram para preocupações de privacidade e controle estatal.
Nos Estados Unidos, o debate sobre um “dólar digital” gerou resistência política.
Críticos afirmam que uma CBDC pode ameaçar a liberdade individual e dar ao governo poder excessivo sobre o uso do dinheiro. No Brasil, por enquanto, esse risco não se aplica, já que o modelo é de atacado e não de varejo.
O Drex não substitui o Pix
Uma dúvida recorrente é se o Drex substituirá o Pix. A resposta é não. O Pix continuará sendo o meio de pagamento instantâneo para pessoas físicas, enquanto o Drex, em 2026, funcionará como uma camada de infraestrutura para o sistema financeiro.
São propostas complementares, não concorrentes.
O uso no varejo com recursos como dinheiro programável, validade de saldo ou regras específicas de gasto foi adiado e não faz parte da primeira fase do projeto.
A estreia da moeda digital do Banco Central em 2026 será restrita a bastidores bancários, com foco em registros de garantias.
O consumidor comum não terá uma nova carteira digital no celular, mas pode se beneficiar indiretamente de um sistema de crédito mais seguro.
O debate sobre privacidade e liberdade, porém, continua relevante caso o projeto avance para o varejo no futuro.
E você, acha que a moeda digital do Banco Central deveria já começar disponível para o público geral ou o foco em bancos é o caminho certo?
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