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O plano europeu para proibir motores a combustão em 2035 se complica: Itália e gigantes do setor pedem revisão e alertam para risco de colapso industrial

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 25/10/2025 às 00:22
Itália e montadoras europeias pedem revisão da meta de 2035 e alertam que o fim dos motores a combustão pode causar colapso industrial na Europa
Itália e montadoras europeias pedem revisão da meta de 2035 e alertam que o fim dos motores a combustão pode causar colapso industrial na Europa
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Itália, Alemanha e grandes montadoras pressionam a União Europeia para rever a meta de 2035, que prevê o fim da venda de carros com motores a combustão. O impasse expõe o racha entre líderes e ameaça a transição verde do continente.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, reacendeu o debate sobre o futuro do setor automotivo na Europa ao questionar a proibição de motores a combustão a partir de 2035.

Em discurso no Senado, antes da reunião do Conselho Europeu, ela afirmou que “o futuro do automóvel não pode se basear apenas na eletrificação” e defendeu que a União Europeia mantenha abertas outras possibilidades tecnológicas, como os biocombustíveis sustentáveis.

Segundo a líder italiana, essas alternativas devem continuar sendo permitidas mesmo após a entrada em vigor da meta de emissões zero.

Meloni afirmou que o caminho para a descarbonização precisa ser “realista” e respeitar o princípio da neutralidade tecnológica — ou seja, sem limitar o avanço apenas aos carros elétricos.

Documentos parlamentares ligados à sua fala reforçam essa orientação, enfatizando que metas climáticas devem considerar o equilíbrio entre sustentabilidade e competitividade industrial.

Meloni cobra medidas sobre energia e competitividade

Durante um encontro com Ursula von der Leyen em Bruxelas, Meloni também pediu “intervenções urgentes no setor automotivo” e defendeu uma redução dos preços da eletricidade. Para a primeira-ministra, a alta no custo da energia ameaça a competitividade das fábricas italianas e o próprio ritmo de transição ecológica.

A imprensa italiana destacou que a reunião teve tom de cobrança direta e precede a revisão do regulamento europeu marcada para o fim de 2025.

Essa revisão deve analisar novamente a regra aprovada em 2023, que prevê que, a partir de 2035, todos os novos carros e vans vendidos na União Europeia emitam zero CO₂.

A medida, na prática, encerra a venda de motores de combustão tradicionais, exceto em casos de uso de e-combustíveis ou biocombustíveis sustentáveis — pontos que a Itália quer ampliar.

Europa dividida sobre o caminho da descarbonização

O debate, entretanto, divide os países do bloco. França e Espanha defendem manter 2035 como meta final para a descarbonização do transporte, enquanto Itália e parte da indústria automobilística pedem ajustes e mais flexibilidade. A discussão opõe, de um lado, governos que priorizam metas ambientais rígidas e, de outro, aqueles que pedem transições graduais e tecnológicas variadas.

As principais associações do setor, como a ACEA e a de fornecedores europeus, argumentam que as metas atuais “não são mais viáveis” sem mudanças. Elas pedem que Bruxelas reconheça outras soluções além da eletrificação total. O CEO da BMW, Oliver Zipse, classificou a proibição como “um grande erro”, enquanto Ola Källenius, da Mercedes-Benz, alertou que, sem flexibilidade, a Europa “poderá bater em uma parede”, correndo o risco de colapso de mercado. Ele também defendeu incentivos e energia mais barata para viabilizar o avanço dos elétricos.

Já Oliver Blume, presidente do Grupo Volkswagen, chamou o prazo de 2035 de “irrealista” e propôs uma estratégia híbrida: priorizar a eletromobilidade, mas sem eliminar outras tecnologias capazes de acelerar a redução de emissões.

Alemanha e Espanha: posições distintas

O chanceler alemão, Friedrich Merz, também se manifestou publicamente a favor de rever a proibição de 2035. Ele declarou que “não haverá apagão em 2035 se depender de mim” e reiterou apoio à neutralidade tecnológica.

Apesar disso, o governo federal da Alemanha ainda não chegou a uma posição unificada. Merz reuniu representantes das grandes montadoras, mas o encontro terminou sem consenso. Parte da coalizão, especialmente dentro do SPD, defende apenas exceções pontuais em vez de uma revisão completa.

Na Espanha, o cenário é diferente. O governo de Pedro Sánchez não apresentou novas declarações recentes sobre o tema, mas manteve oficialmente a defesa da meta de 2035, alinhando-se à França na intenção de preservar o cronograma original proposto pela Comissão Europeia.

Assim, a disputa entre metas ambientais e interesses industriais continua no centro da agenda política europeia.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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