Criado por Ângelo Duarte, engenheiro nordestino formado no ITA, o PIX tornou o Brasil referência mundial em pagamentos instantâneos, superando até os EUA em velocidade e adoção.
Em 2020, o Brasil assistiu a uma das maiores revoluções financeiras de sua história: o nascimento do PIX, um sistema que transformou completamente a forma como milhões de brasileiros movimentam dinheiro. Em poucos segundos, valores passam de uma conta para outra, 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive feriados. O que poucos sabem é que essa tecnologia, que hoje inspira o mundo e coloca o Brasil na vanguarda dos pagamentos instantâneos, não nasceu em Brasília, nem foi ideia de político ou de banco privado.
Por trás do PIX está a mente de um engenheiro cearense, formado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Ângelo Duarte, um homem que saiu do interior do Ceará para liderar uma das inovações mais bem-sucedidas da história recente do sistema financeiro mundial.
Do sertão ao Banco Central: a trajetória do criador do PIX
Nascido e criado em uma pequena cidade do interior do Ceará, Ângelo Duarte sempre demonstrou talento com números e tecnologia.
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A trajetória que o levaria ao comando de um dos projetos mais ambiciosos do Banco Central começou com sua formação no ITA, em São José dos Campos (SP), uma das instituições de ensino mais exigentes do país — celeiro de engenheiros que costumam comandar o futuro da indústria e da inovação brasileira.
Após trabalhar em diferentes áreas do setor financeiro e tecnológico, Ângelo foi convidado a integrar a equipe do Banco Central do Brasil (BCB).
Lá, tornou-se chefe do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro, cargo estratégico que lhe permitiu propor uma revolução: criar um sistema de pagamentos instantâneos que funcionasse sem intermediários, sem tarifas abusivas e com a mesma velocidade dos sistemas mais avançados do planeta.
O nascimento do PIX: um salto tecnológico e de soberania financeira
Enquanto países como Estados Unidos e Alemanha ainda engatinhavam em soluções de pagamento instantâneo, o Brasil surpreendeu o mundo.
O PIX foi oficialmente lançado em 16 de novembro de 2020, depois de mais de dois anos de desenvolvimento sob a liderança técnica de Ângelo Duarte e sua equipe.
A missão era ousada: criar uma infraestrutura pública, segura e de livre acesso para bancos, fintechs e cooperativas, um sistema universal. Diferente de qualquer outro modelo no Ocidente, o PIX não pertence a uma empresa privada nem a um consórcio de bancos, mas ao Estado brasileiro, operado diretamente pelo Banco Central.
“Queríamos que o PIX fosse mais que uma ferramenta de transferência: ele precisava ser uma plataforma de inclusão financeira, capaz de integrar milhões de pessoas ao sistema bancário”, disse Ângelo em uma de suas palestras, no Fórum da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O resultado foi avassalador: em menos de dois anos, o PIX superou todas as previsões. Hoje, o Brasil realiza mais transações instantâneas que os Estados Unidos e a União Europeia somados. Só em 2024, o número de operações ultrapassou 44 bilhões de transações, movimentando mais de R$ 17 trilhões, segundo dados do Banco Central.
O impacto global: o sistema que fez o dinheiro brasileiro correr mais rápido que o americano
A velocidade e eficiência do PIX tornaram o Brasil referência mundial. Enquanto o sistema de pagamentos americano (FedNow) foi lançado apenas em 2023 e ainda enfrenta limitações, o modelo brasileiro já opera com liquidação instantânea em segundos, integração total entre instituições e um custo próximo de zero para o usuário.
A revista The Economist chamou o PIX de “a revolução silenciosa que digitalizou o dinheiro de um país inteiro”, e o Financial Times o descreveu como “o sistema de pagamentos instantâneos mais bem-sucedido do mundo em adoção popular”.
O feito é ainda mais impressionante considerando o contexto: criado por um nordestino, formado em uma instituição pública, liderando um projeto nacional dentro de um órgão estatal sem lobby bancário, sem capital estrangeiro e sem interesses políticos diretos.
Hoje, mais de 150 países estudam o modelo brasileiro. Índia, México, Colômbia e até os Estados Unidos já analisam relatórios técnicos do Banco Central do Brasil para adaptar o formato às suas realidades.
O impacto no cotidiano e na economia real
Mais do que um avanço tecnológico, o PIX se tornou um instrumento de transformação social. Ele permitiu que pequenos comerciantes, agricultores, autônomos e microempreendedores passassem a receber pagamentos instantaneamente, eliminando barreiras bancárias e taxas que antes inviabilizavam transações de baixo valor.
Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontam que o PIX reduziu em até 70% o uso de dinheiro físico no país e gerou economia de bilhões em tarifas bancárias para a população.
O sistema também impulsionou o comércio eletrônico, o setor de serviços e o consumo digital, além de servir como base para a implementação do Drex, o real digital que será lançado pelo Banco Central nos próximos anos.
Um símbolo da inteligência brasileira
Ângelo Duarte não se tornou uma celebridade, mas seu legado é comparável ao dos grandes inventores da era moderna. Em 2025, o PIX é utilizado por mais de 150 milhões de brasileiros, com um volume de transações que supera todos os cartões de crédito e débito do país juntos.
O que nasceu da mente de um engenheiro nordestino é hoje motivo de orgulho nacional e símbolo da capacidade do Brasil de criar soluções de impacto global.
De um pequeno município cearense ao comando de uma revolução financeira, Ângelo Duarte mostrou que inovação não depende de origem, mas de visão, competência e coragem.
Ele não apenas criou o PIX, ele redefiniu o conceito de dinheiro.