Collor bloqueou poupança em 1990, milhões perderam acesso ao dinheiro e só o Plano Real pôs fim a 15 anos de hiperinflação acima de 1.000% ao ano.
No dia 16 de março de 1990, o Brasil acordou com um anúncio que mudaria para sempre a relação da população com o dinheiro. O presidente recém-empossado Fernando Collor de Mello determinava o bloqueio imediato das cadernetas de poupança e depósitos bancários acima de 50 mil cruzados novos — equivalente a pouco mais de US$ 1.200 da época. De uma hora para outra, milhões de brasileiros viram suas economias desaparecerem, transformadas em papéis bloqueados pelo governo.
Era o ponto mais traumático de uma trajetória de 15 anos de hiperinflação, marcada por índices superiores a 1.000% ao ano, sucessivas trocas de moeda e a corrosão completa do poder de compra.
O Brasil mergulhado na hiperinflação
Desde meados dos anos 1980, o Brasil enfrentava uma das mais longas hiperinflações já registradas no mundo moderno. Entre 1980 e 1994, a inflação média mensal superava 16%.
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Isso significa que em poucos dias o salário de um trabalhador já não tinha o mesmo valor no supermercado. Produtos básicos mudavam de preço várias vezes ao dia, e o hábito de correr para gastar logo após o pagamento se tornara rotina.
Foram cinco moedas diferentes nesse período: cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real e, finalmente, o real. Cada mudança buscava domar o dragão inflacionário, mas sem atacar as causas estruturais — desequilíbrio fiscal, descontrole das contas públicas e indexação generalizada da economia.
O Plano Collor e o confisco da poupança
Em 1990, Collor assumiu prometendo “acabar com os marajás” e estabilizar a economia. Sua principal aposta foi o Plano Collor I, uma combinação de congelamento de preços, corte de gastos e, principalmente, o bloqueio da poupança. A justificativa era retirar de circulação o excesso de moeda, freando a espiral inflacionária.
O impacto foi devastador: mais de US$ 100 bilhões em valores da época ficaram retidos. Famílias que guardavam dinheiro para comprar casas, abrir negócios ou garantir a aposentadoria viram tudo virar nada. Empresas que dependiam do fluxo de caixa diário quebraram da noite para o dia. O crédito evaporou, e a confiança no sistema financeiro sofreu um abalo histórico.
Trauma social e colapso da confiança
O bloqueio da poupança deixou marcas profundas. Muitos brasileiros jamais voltaram a aplicar em cadernetas ou confiar plenamente nos bancos.
Pequenos comerciantes e médios empresários entraram em falência. O trauma gerou processos judiciais que se arrastaram por décadas, com indenizações parciais pagas pelo governo apenas anos depois.
Do ponto de vista social, o plano foi devastador para a classe média, que viu seu patrimônio ser congelado. Para os mais pobres, o colapso econômico significou desemprego, queda no consumo e aumento da desigualdade.
A hiperinflação resiste
Mesmo com o choque do Plano Collor, a hiperinflação não foi domada. Em 1993, o índice anual ainda superava 2.000%.
O montante parecia indestrutível, alimentado por décadas de déficits públicos e desorganização monetária. Collor acabaria sofrendo impeachment em 1992, deixando como legado um país em recessão, traumatizado e ainda prisioneiro da inflação.
O nascimento do Real e a virada histórica
Foi apenas em 1994, sob o governo Itamar Franco e a liderança do então ministro Fernando Henrique Cardoso, que o Brasil encontrou uma saída definitiva. O Plano Real introduziu a Unidade Real de Valor (URV), que serviu como moeda virtual de transição, indexada ao dólar, quebrando a lógica da inflação inercial.
Em julho de 1994, nascia o real, a quinta moeda em oito anos, mas a primeira a resistir ao tempo. A inflação, que havia sido superior a 1.000% ao ano por mais de uma década, caiu para cerca de 20% no primeiro ano e abaixo de 10% nos anos seguintes. O país entrava, enfim, em uma nova era de estabilidade monetária.
O legado do confisco e da hiperinflação
Mais de três décadas depois, o confisco da poupança continua sendo lembrado como um dos maiores traumas econômicos da história do Brasil. O episódio simboliza os riscos de soluções radicais em contextos de crise e deixou uma cicatriz permanente na relação entre brasileiros e instituições financeiras.
Já a hiperinflação, por sua duração inédita, entrou para os livros como um fenômeno que destruiu fortunas, corroeu a renda do trabalhador e reduziu o Brasil a um laboratório de planos que foram destruidos.
O Plano Real, por contraste, tornou-se símbolo de redenção: mais que uma moeda, representou a reconquista da previsibilidade, da confiança e da capacidade de planejar o futuro.
O bloqueio da poupança em 1990 foi o ápice de um ciclo de desespero que marcou o Brasil por 15 anos. Famílias inteiras perderam tudo da noite para o dia, e a hiperinflação corroeu o tecido social e econômico do país.
Mas desse trauma nasceu a consciência da necessidade de disciplina fiscal, planejamento e reformas estruturais. O Plano Real não apenas derrubou a inflação, mas também devolveu ao brasileiro um bem que parecia perdido: a esperança de que o dinheiro voltasse a ter valor.
Uma resposta!!!!!?.
Quando o Brasileiro prejudicado por este plano Collor que prejudicou as finanças de tantos poupadores em cadernetas de poupança vão poder resgatar as perdas financeiras em questão? . Eis a pergunta e quem sabe uma a altura?