Neste país, passear com cachorro na rua pode dar cadeia. Conheça as rígidas leis sobre animais de estimação, os motivos por trás da proibição e como a cultura local afeta os pets.
Você já imaginou ser preso por levar seu cachorro para passear? Embora pareça absurdo, essa é a realidade em um país que adotou uma legislação polêmica e rígida sobre animais de estimação. O Irã, uma nação do Oriente Médio com regras estritas baseadas em interpretações religiosas e culturais, proíbe passear com cachorro em locais públicos, sob risco de detenção e punição legal.
Segundo reportagem da BBC News, os donos de cães que forem flagrados caminhando com seus animais nas ruas podem enfrentar penas severas, incluindo prisão. O governo justifica as medidas com argumentos religiosos, de segurança pública e até de saúde. A legislação já causou polêmica internacional e levanta debates sobre direitos dos animais, liberdade individual e tradições culturais.
Prisão por passear com cachorro: realidade no Irã
A decisão das autoridades iranianas de criminalizar o ato de passear com cães em público se baseia na visão de que os cães representam um costume ocidental incompatível com os valores islâmicos tradicionais.
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Em Teerã, capital iraniana, já ocorreram prisões e detenções temporárias de pessoas que estavam apenas andando com seus pets no parque ou na calçada. Em alguns casos, os próprios cães foram apreendidos e levados a locais indeterminados, sem previsão de devolução.
As penas variam, mas podem incluir:
- Detenção do tutor do animal;
- Multas elevadas;
- Confisco do cão;
- Registros criminais.
Esse tipo de repressão contrasta fortemente com a realidade da maioria dos países ocidentais, onde passear com cachorro é parte essencial do cuidado com os pets e considerado saudável tanto para o animal quanto para o tutor.
Por que o Irã proíbe passeios com cães?
Religião e tradição como base da legislação
O motivo mais citado pelas autoridades iranianas é a interpretação religiosa do Islã que considera o cachorro um animal impuro. Embora essa visão não seja unânime entre estudiosos muçulmanos, ela é frequentemente usada como base para políticas públicas no Irã, uma república islâmica teocrática.
Além disso, há uma preocupação ideológica com a “ocidentalização” dos costumes. Ter cães como animais de estimação e tratá-los como membros da família é visto por parte do governo como um costume importado de culturas não-islâmicas, que ameaça os valores tradicionais.
Argumentos de saúde pública e segurança
Outro motivo alegado por autoridades é o risco de doenças zoonóticas transmitidas por animais de estimação, como raiva e infecções. No entanto, organizações internacionais de saúde animal afirmam que esses riscos são controláveis com vacinação, higiene e acesso à medicina veterinária, sem necessidade de proibições tão radicais.
Além disso, o governo alega que passear com cães pode causar medo ou incômodo em outras pessoas, principalmente em locais públicos movimentados, o que também serviria de justificativa para a repressão.
Leis sobre animais de estimação: onde mais são rígidas?
Embora o Irã seja um dos países mais severos, ele não é o único com leis polêmicas sobre animais de estimação. Abaixo, alguns exemplos de regras curiosas ou controversas pelo mundo:
Singapura
A posse de determinadas raças de cães é estritamente controlada. É necessário registro, treinamento e seguro obrigatório para manter algumas raças consideradas agressivas.
Arábia Saudita
Durante anos, houve tentativas de proibir cães em locais públicos com base em argumentos religiosos semelhantes aos do Irã.
Coreia do Norte
Segundo relatos, o governo já confiscou cães de estimação de famílias em áreas urbanas alegando razões de “igualdade social” e escassez de alimentos.
Alemanha
Apesar de ser um país pet-friendly, a Alemanha exige que donos de cães passem por treinamentos e exames obrigatórios para garantir que saibam lidar com os animais de forma responsável.
Esses exemplos mostram que as regras para pets variam muito de país para país, refletindo a cultura, religião, tradição e políticas de saúde pública locais.
A proibição e a vida dos donos de cães no Irã
Diante da proibição de passear com cães na rua, os donos iranianos precisam encontrar formas alternativas de garantir o bem-estar dos animais. Muitos optam por exercícios dentro de casa, improvisam pátios internos ou até constroem pequenos espaços fechados onde os cães possam se movimentar.
Ainda assim, a situação é angustiante para os amantes de animais no país. O medo de prisões arbitrárias, de perder seu animal ou enfrentar perseguição faz com que muitos deixem de ter cães como pets, ou mantenham-nos em total reclusão.
A resistência dos iranianos: ativismo silencioso
Apesar da repressão, há no Irã uma crescente população urbana que adota cães e desafia, de forma discreta, as proibições oficiais. Há inclusive:
- Veterinários e clínicas clandestinas;
- Redes de apoio online para donos de pets;
- Campanhas discretas em defesa dos direitos dos animais.
Alguns donos recorrem a serviços de transporte privado, para levar seus cães a clínicas ou áreas privadas, evitando exposição nas ruas. A resistência silenciosa mostra que, mesmo sob pressão, há uma mudança cultural em curso entre a população iraniana mais jovem e conectada.
Direitos dos animais ou repressão cultural?
Especialistas internacionais em direitos dos animais apontam que a criminalização do simples ato de passear com cães é uma violação do bem-estar animal e da liberdade individual. A Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) e grupos como a Humane Society consideram que:
- Animais precisam de atividades físicas regulares;
- A restrição de movimento compromete sua saúde mental e física;
- A repressão não resolve possíveis conflitos culturais, apenas os agrava.
Por outro lado, autoridades iranianas argumentam que suas leis refletem a soberania cultural e religiosa do país e que o Ocidente não deve impor sua visão de mundo sobre nações com valores distintos.
Impactos no turismo e na imagem internacional
A repercussão dessas leis afeta diretamente a imagem internacional do Irã, especialmente entre turistas e ONGs. Muitos viajantes estrangeiros evitam o país por receios quanto ao tratamento de animais, à repressão e ao desrespeito aos direitos humanos e civis.
Além disso, essas políticas alimentam uma percepção negativa nos meios de comunicação global, contribuindo para o isolamento cultural e político do país.