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O motor do carro que quebrou a barreira do som, com dois turbojatos de caça e 110.000 cavalos, que queimava 18 litros de querosene por segundo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 19/06/2025 às 14:07
O motor do carro que quebrou a barreira do som: a história do ThrustSSC e seus motores de caça
O motor do carro que quebrou a barreira do som: a história do ThrustSSC e seus motores de caça
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O segredo do ThrustSSC era o motor do carro que quebrou a barreira do som: dois turbojatos de caça que o tornaram o primeiro e único veículo terrestre a superar a velocidade do som em 1997.

Liderado por Richard Noble e pilotado pelo piloto de caça da Força Aérea Real (RAF) Andy Green, o ThrustSSC não era um carro comum. No seu coração, batia o motor do carro que quebrou a barreira do som, na verdade uma dupla de turbojatos do caça F-4 Phantom II. Essa força colossal, vinda diretamente das turbinas de um caça militar, combinada a uma engenharia revolucionária, foi a fórmula que transformou o impossível em história.

Por 50 anos, desde que o piloto Chuck Yeager rompeu a barreira do som no céu em 1947, a marca parecia uma muralha intransponível em terra. Era um desafio que envolvia não apenas potência, mas o domínio de uma física desconhecida e perigosa. Foi nesse cenário que nasceu o projeto britânico ThrustSSC, uma máquina projetada com um único objetivo: ser a primeira a ultrapassar a velocidade do som.

A força do motor do carro que quebrou a barreira do som: os 110.000 cavalos que empurraram o ThrustSSC

A força motriz por trás do recorde eram dois dos mais icônicos motores a jato britânicos. O motor do carro que quebrou a barreira do som era da mesma especificação usada para impulsionar a versão britânica do caça McDonnell Douglas F-4 Phantom II, o Rolls-Royce Spey.

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Combinados, os dois motores geravam um empuxo de aproximadamente 50.000 libras-força. Em velocidade máxima, essa força se traduzia em uma potência calculada de 110.000 cavalos. A estes níveis de potência, o consumo de combustível era astronômico: o carro queimava cerca de 18 litros de querosene de aviação por segundo.

Uma engenharia única: o chassi de aço, a direção traseira e as rodas de alumínio sólido

O motor do carro que quebrou a barreira do som, com dois turbojatos de caça e 110.000 cavalos, que queimava 18 litros de querosene por segundo

Para suportar a força dos motores e a velocidade extrema, o ThrustSSC foi construído como um jato terrestre.

Estrutura e segurança: o esqueleto do ThrustSSC era um chassi de treliça em aço T45, projetado para máxima robustez. A cabine do piloto ficava ‘ensanduichada’ de forma segura entre os dois motores, a posição mais protegida caso o pior acontecesse.

Rodas de alumínio: pneus de borracha teriam se desintegrado com a rotação. Por isso, as rodas eram discos sólidos forjados em liga de alumínio, cada um pesando mais de 160 kg. A 1.228 km/h, elas giravam a 8.400 rpm.

Direção traseira: o design com dois motores não deixava espaço para um sistema de direção na frente. A solução foi criar um sistema de direção nas rodas traseiras, uma ideia tão radical que precisou ser testada em um carro de rua modificado antes de ser aplicada.

Suspensão ativa: para evitar que o nariz do carro levantasse em alta velocidade, um evento que seria catastrófico, o ThrustSSC usava um sistema de suspensão ativa controlado por computador, que ajustava a altura do carro 1000 vezes por segundo.

15 de outubro de 1997: o dia em que o ThrustSSC atingiu 1.228 km/h no Deserto de Black Rock

Após uma intensa campanha de testes em Nevada, EUA, e uma rivalidade com a equipe americana do Spirit of America, liderada por Craig Breedlove, a equipe britânica estava pronta para o recorde. Em 15 de outubro de 1997, exatamente 50 anos e um dia após o primeiro voo supersônico de Chuck Yeager, Andy Green realizou a façanha.

Para que o recorde fosse oficial, as regras eram rígidas: o ThrustSSC precisava fazer duas passagens em direções opostas, em uma milha medida, e tudo em menos de uma hora. O resultado foi um novo recorde mundial de velocidade em terra, homologado oficialmente: 1.227,985 km/h (ou 763,035 mph), o equivalente a Mach 1,02. Pela primeira vez, um veículo terrestre havia quebrado a barreira do som.

Do caça F-4 Phantom II para a história: a origem do motor do carro que quebrou a barreira do som

O motor do carro que quebrou a barreira do som não foi escolhido ao acaso. Eram motores militares robustos e comprovados. A equipe britânica adquiriu várias unidades do Rolls-Royce Spey, incluindo o modelo padrão Mk. 202 e o mais raro e potente Spey Mk. 205.

A estratégia da equipe de engenharia foi brilhante. O modelo 205 usava pás de turbina feitas de “monocristal”, um material mais resistente. A equipe percebeu que poderia ‘trocar’ a durabilidade extra, projetada para milhares de horas de voo, por um pico de performance. Eles operaram os motores em temperaturas mais altas do que seria seguro em uma aeronave, extraindo cerca de 25% a mais de empuxo durante os poucos minutos necessários para a quebra do recorde.

O legado supersônico: o recorde que permanece intacto e inspirou o projeto Bloodhound

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O recorde do ThrustSSC permanece intacto há mais de 25 anos, um testemunho da magnitude da conquista. O carro hoje está em exposição no Museu dos Transportes de Coventry, no Reino Unido, ao lado de seu antecessor, o Thrust2, e do projeto que ele inspirou, o Bloodhound LSR.

O projeto Bloodhound, também liderado por Richard Noble e com Andy Green como piloto, nasceu com a ambição ainda maior de atingir 1.000 mph (cerca de 1.609 km/h). No entanto, suas enormes dificuldades financeiras, que paralisaram o projeto, só reforçam o tamanho do feito do ThrustSSC, que elevou a quebra de recordes a um patamar técnico e financeiro quase intransponível. O som do motor do carro que quebrou a barreira do som ecoa até hoje, não apenas nos livros de recordes, mas como um marco da engenharia e da determinação humana.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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