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O megacomplexo de petróleo da Nigéria com terminal de águas profundas já recebe navios de 300 mil toneladas — e promete transformar o país no maior hub de exportação da África

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 30/06/2025 às 14:22
O megacomplexo de petróleo da Nigéria com terminal de águas profundas já recebe navios de 300 mil toneladas — e promete transformar o país no maior hub de exportação da África
Foto: O megacomplexo de petróleo da Nigéria com terminal de águas profundas já recebe navios de 300 mil toneladas — e promete transformar o país no maior hub de exportação da África – IA
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Com porto para navios de até 300 mil toneladas, a refinaria Dangote na Nigéria deve transformar o país no maior exportador de combustíveis da África.

Por décadas, a Nigéria exportou petróleo cru e importou combustíveis refinados. Essa dependência gerava custos altíssimos, escassez de produtos e perda de valor agregado. Mas isso está prestes a mudar. Às margens do Golfo da Guiné, um projeto bilionário está prestes a redesenhar o futuro energético e logístico do continente africano: o complexo de petróleo e gás de Dangote, que inclui uma das maiores refinarias do mundo e um terminal portuário de águas profundas projetado para operar com navios de até 300 mil toneladas.

Localizado em Lekki, a 40 km de Lagos, o megacomplexo foi idealizado pelo bilionário Aliko Dangote, o homem mais rico da África, e já movimenta embarcações gigantes de petróleo, fertilizantes e derivados. Quando estiver em plena operação, o local poderá processar 650 mil barris por dia, tornando-se o maior centro de refino e exportação de petróleo da África subsaariana — e um dos maiores do planeta.

Uma virada histórica para o setor energético africano

Durante anos, a Nigéria — maior produtora de petróleo da África — operou com capacidade de refino interna extremamente limitada. Mais de 90% da gasolina, diesel e querosene consumidos no país eram importados, mesmo com imensas reservas de petróleo bruto.

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A refinaria de Dangote busca quebrar esse ciclo de dependência, permitindo que o país se torne autossuficiente em combustíveis e passe a exportar derivados para o restante do continente e do mundo. A planta está localizada dentro da Zona Franca de Lekki, que oferece incentivos fiscais e infraestrutura de última geração para grandes projetos industriais.

O porto de águas profundas: peça-chave da operação

Além da refinaria em si, o que torna o projeto realmente singular é o terminal marítimo de águas profundas construído junto ao complexo. Com quatro berços principais de carga líquida, o porto foi projetado para receber navios do tipo VLCC (Very Large Crude Carrier), com capacidade de até 300 mil toneladas de porte bruto.

O canal de acesso tem mais de 18 metros de profundidade, o que permite a atracação segura de superpetroleiros em alto calado — algo raro na costa africana.

O terminal também conta com:

  • Instalações para transferência de combustíveis refinados, fertilizantes e carga seca
  • Capacidade de operar até 3 navios simultaneamente
  • Sistemas automatizados de carregamento e descarga com alto rendimento logístico

Segundo a Dangote Group, o porto foi projetado para atender tanto à produção da refinaria quanto à movimentação independente de commodities, tornando-se um hub exportador multimodal.

Capacidade de produção e impacto logístico

A refinaria terá uma capacidade impressionante de 650 mil barris por dia (bpd), superando inclusive plantas da Shell, Exxon e Total instaladas no continente. Isso colocará a Nigéria à frente de países como Angola, Argélia e Egito em termos de refino interno.

Além disso, o complexo também abriga:

  • Fábrica de fertilizantes com produção anual de 3 milhões de toneladas
  • Unidades de hidrocraqueamento e dessulfurização para produzir combustíveis limpos
  • Instalações de armazenamento com tanques de até 100 mil metros cúbicos

Essa estrutura permitirá ao país exportar derivados como diesel, gasolina, nafta e querosene de aviação para mercados da África Ocidental, América do Sul e até Europa, eliminando gargalos logísticos históricos.

Tecnologia e escala: o maior projeto industrial da África

Com investimento superior a US$ 20 bilhões, o megacomplexo da Dangote é o maior projeto industrial privado já realizado na história do continente africano. Ao todo, foram:

  • Mais de 1 milhão de toneladas de aço utilizadas
  • 65 mil trabalhadores diretos e indiretos durante a construção
  • Linhas de produção totalmente automatizadas com controle digital e monitoramento remoto
  • Parcerias com empresas como TechnipFMC, KBR, UOP e MAN Energy

A planta será alimentada por uma central de geração de energia própria com 435 MW, garantindo autonomia energética para as operações — o que é crucial em um país com frequentes falhas na rede elétrica pública.

O papel da refinaria de Dangote na geopolítica do petróleo africano

O início das operações da refinaria e do porto de Dangote é um divisor de águas para o mercado energético do continente. A Nigéria, antes dependente de importações, poderá:

  • Reduzir drasticamente o consumo de divisas estrangeiras
  • Aumentar a exportação de produtos com alto valor agregado
  • Abastecer países vizinhos com combustíveis mais baratos e de melhor qualidade
  • Atrair novas cadeias produtivas em torno do polo logístico e industrial de Lekki

Além disso, a capacidade de operação com VLCCs coloca a Nigéria no mesmo nível logístico de grandes hubs globais, como Cingapura, Roterdã e Fujairah — algo inédito na África.

Desafios e potencial transformador

Embora o projeto seja promissor, ainda existem obstáculos consideráveis:

  • A burocracia alfandegária e fiscal do país
  • Riscos de corrupção sistêmica e interferência política
  • Necessidade de treinamento técnico da força de trabalho local
  • Manutenção da segurança em torno de áreas portuárias e oleodutos

Ainda assim, a comunidade internacional acompanha com otimismo. Organismos como Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB) e OPEP já declararam apoio ao projeto como modelo de integração industrial e energética africana.

A Nigéria como novo centro energético da África

Se tudo correr conforme o planejado, o complexo Dangote permitirá à Nigéria:

  • Substituir 100% das importações de gasolina e diesel
  • Exportar excedente para mais de 20 países africanos
  • Tornar-se referência global em exportação de derivados e fertilizantes
  • Atrair empresas químicas, petroquímicas e de manufatura para sua zona industrial

O porto de Lekki, por sua vez, ganhará escala própria, com novos terminais planejados para carga seca, contêineres e até instalações de gás natural liquefeito (GNL) no futuro.

O complexo de Dangote em Lekki é mais do que uma refinaria. É um símbolo de transformação estrutural, mostrando que países africanos podem sair da dependência de exportar apenas recursos brutos e começar a desenvolver cadeias completas de produção, exportação e geração de empregos.

Em um continente que ainda luta contra a pobreza energética, esse megaprojeto é uma resposta ambiciosa — e um exemplo de como visão, capital e tecnologia podem mudar o destino de uma nação inteira.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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