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O mega projeto bilionário da Turquia que vai cortar o país ao meio

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 14/06/2024 às 10:06
Istambul, canal, Turquia
FOTO: CANVA

A Turquia está construindo um novo canal em Istambul para desafogar o congestionado Estreito de Bósforo e capitalizar sua posição estratégica

Istambul, a maior cidade da Turquia, se destaca não só por sua rica história, mas também por sua localização estratégica que conecta a Europa e a Ásia. Com uma população que representa cerca de 20% de todo o país, a cidade abriga o vital Estreito de Bósforo, um corredor crucial para o comércio marítimo global. Contudo, a Turquia agora visa construir um novo canal que promete mudar a dinâmica do comércio internacional, de acordo com o site Construction Time.

Importância geopolítica do estreito de Bósforo, na Turquia

O Estreito de Bósforo é uma das passagens marítimas mais importantes do mundo, ligando o Mar Negro ao Mar Mediterrâneo. Ele permite que navios de países como Rússia, Bulgária, Romênia, Geórgia e Ucrânia acessem o Mediterrâneo e, consequentemente, o Oceano Atlântico. Este estreito é a única saída marítima para esses países durante o inverno, tornando-o essencial para suas economias.

Além disso, o Bósforo é uma rota chave para o transporte de gás natural da Rússia para a Europa, crucial para o aquecimento e geração de energia no continente. A ligação entre os portos de Xangai e Roterdã também depende deste estreito, sublinhando sua importância para o comércio entre a Ásia e a Europa.

Conheça o mega projeto bilionário do novo Canal de Istambul

O novo canal de Istambul

O governo turco, liderado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, anunciou a construção do Canal de Istambul, um projeto avaliado em aproximadamente 15 bilhões de dólares. Este novo canal, com cerca de 40 km de extensão, será localizado a 30 km a oeste do Bósforo. A construção visa desafogar o congestionado estreito, por onde transitam cerca de 40 mil navios anualmente, gerando longas esperas e atrasos nas entregas.

O novo canal de Istambul permitirá a passagem de até 160 navios por dia, reduzindo significativamente o congestionamento e os riscos associados ao transporte de cargas perigosas, como o petróleo. Atualmente, o Bósforo corta o centro comercial de Istambul, expondo a cidade a riscos de acidentes.

Benefícios econômicos e estratégicos do projeto da Turquia

Um dos principais objetivos do novo canal é permitir à Turquia cobrar tarifas de passagem, o que não é possível no Bósforo devido à Convenção de Montreux, assinada em 1936. Esta convenção isenta navios de países do Mar Negro de tarifas para passar pelo Bósforo, privando a Turquia de uma fonte significativa de receita. O novo canal, por não ser coberto por essa convenção, permitirá que o país monetize sua localização estratégica.

A expectativa é que o novo canal de Istambul gere cerca de 8 bilhões de dólares por ano em receitas, recuperando o investimento inicial em menos de dois anos. Além do benefício econômico direto, o canal também promete aliviar a pressão sobre o Bósforo, melhorando a segurança e a eficiência do comércio marítimo.

Controvérsias e desafios

Apesar dos benefícios prometidos, o projeto enfrenta forte oposição interna e externa. Pesquisas indicam que 80% da população turca é contra a construção do novo canal, preocupada com a destruição de áreas residenciais e impactos ambientais significativos. Além disso, a oposição aponta para um possível conflito de interesse, já que terras ao longo do trajeto do canal pertencem ao genro do presidente Erdogan, que também é o ministro da economia.

Externamente, a Rússia expressou preocupação com o projeto, pois poderia reduzir a sua influência no controle do tráfego marítimo na região. No entanto, o governo turco permanece firme, afirmando que os benefícios superam os desafios e que o projeto trará mais segurança e prosperidade para o país.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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